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A importância do convívio com as diferenças desde a infância

Não basta apenas falar sobre inclusão e diversidade com o seu filho, é preciso promover isso no dia a dia - Shutterstock
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Publicado em 26/07/2021, às 10h01 - Atualizado às 10h15 por Henri Zylberstajn


A população em geral tem poucas oportunidades de conviver com a diversidade durante a infância. Normalmente, brancos e negros, ricos e pobres, não se relacionam tanto uns com os outros quanto o fazem entre si. Questões ligadas à orientação sexual costumam aparecer apenas mais adiante. Pessoas religiosas, independente do credo, usualmente não convivem com crenças muito diferentes das suas. A inclusão de Pessoas com deficiência infelizmente ainda não é uma realidade pra valer em nossa sociedade. E por aí vai.

Não basta apenas falar sobre inclusão e diversidade com o seu filho, é preciso promover isso no dia a dia (Foto: Shutterstock)

Eu, por exemplo, fui criado numa família que sempre me ensinou a respeitar as diferenças, mas que não me proporcionou explorá-la mais a fundo durante minha infância e adolescência. Mesmo quando me tornei um adulto, mais consciente e independente, tampouco me envolvi de fato com pessoas ou ideias muito diferentes das minhas. Fui entender a potência e a necessidade de fazê-lo aos 38 anos, após receber a notícia do diagnóstico da síndrome de Down do Pedro, meu 3º filho. A partir de então, tenho tentado “correr atrás do prejuízo”.

O convívio com o que é diverso traz pluralidade à formação dos indivíduos. Amplia horizontes. Em contrapartida, uma vida distante da diversidade faz com que certos padrões sejam estabelecidos, sem que todas as possibilidades tenham sido apresentadas e consideradas. Referenciais únicos de beleza, de pensamentos, de orientação religiosa e sexual, de condição física, intelectual, social e financeira são, muitas vezes de forma involuntária, pré-determinados numa fase ainda muito inicial das nossas vidas. Ou seja, uma etapa ainda incipiente do nosso desenvolvimento, da formação da nossa consciência e do nosso senso de cidadania e justiça.

Isto implica que, ao nos depararmos em algum momento com o que é diferente destes pré-conceitos estabelecidos, não aceitemos com naturalidade aquilo que é natural: a diversidade humana. E dependendo de como estas questões forem tratadas no contexto social-escolar-familiar, o diverso pode dar lugar à discriminação.

Crianças não nascem com preconceito. Chega uma certa idade (4, 5 ou 6 anos) em que elas começam a perceber as diferenças apresentadas no meio em que vivem: a colega da escola que é negra, a irmã do amigo que tem comportamentos estereotipados, a amiguinha que tem olhos amendoados, a moça que pede dinheiro no farol, o vizinho que usa cadeira de rodas para se locomover, etc. Em situações assim, elas voltam pra casa – seu porto-seguro – e questionam: “Papai, mamãe, por que isto acontece? Por que ele(a) é assim? Por que ele(a) é diferente?”.

Eu acredito muito que dependendo de como estas perguntas são respondidas, elas podem dar origem à aceitação ou à discriminação. Dentre as várias respostas possíveis, uma das que mais gosto é dizer que “não é que ele(a) é diferente de mim. Nós somos diferentes uns dos outros. Nós somos diferentes entre si”.

O que me encanta nesta abordagem, além do fato de que pequenas alterações gramaticais fazem todo o sentido mudar, é que ela carrega consigo o importante conceito de que o mundo é diverso, cada um é de um jeito e que não existe uma única versão, ponto de vista ou opção possível – e está tudo bem!

O livro de minha autoria “Joca e Dado – Uma Amizade Diferente” lançado pelo Leiturinha em março de 2021, aborda a importância do convívio com as diferenças desde a infância de forma lúdica, construtiva e propositiva. Transcrevo um pequeno trecho no qual a professora Maria Vitória responde ao Joca uma pergunta relacionada às diferenças que ele notou em Dado, seu amigo com síndrome de Down:

“Joquinha, cada pessoa é de um jeito. Cada um tem uma maneira de ser, de agir e de aprender. Por exemplo: os olhos do Dado são puxados e os seus não. Os meus são castanhos e os da Tia Dea são azuis. O cabelo da sua mamãe é preto e o da professora Carol é branco. O Théo usa cadeira de rodas e o Fred não precisa. A Helena é branca e você é negro. A professora Caco fala bem inglês e eu não sei falar. E tudo bem que seja assim! Todos somos diferentes, não é mesmo?”.

Percebam que não precisamos de grandes malabarismos para tocar num tema que pode parecer delicado para as crianças. É simples e necessário, já que aquelas que não conviverem com as diferenças podem se tornar adultos repletos de preconceitos. Assim como eu era – e provavelmente ainda sou para muitos assuntos que desconheço.

A inclusão nos ensina a enxergar o mundo através de outras perspectivas, a nos colocarmos no lugar do outro, a respeitarmos as individualidades alheias. Afinal, todos temos as nossas, umas mais aparentes do que as outras. E nos fazer revisitar conceitos tão básicos da natureza humana, muitas vezes esquecidos neste mundo em que vivemos, faz da diversidade uma poderosa ferramenta de engrandecimento pessoal.

Experimentem em casa ou perguntem na escola dos filhos o que tem sido feito a este respeito – e depois me contem. Afinal, tudo o que mais queremos é dar a melhor formação a nossos pequenos, não é mesmo?


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