Colunas / Minha vida nada Down

Terrorismo nutricional

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Publicado em 24/01/2016, às 09h53 por Ivelise Giarolla


(Foto: Shutterstock)

Outro dia, num breve desabafo em minha pagina pessoal do Facebook, comentei sobre o quanto fico irritada com o terrorismo nutricional que pais vêm submetendo seus filhos no dia de hoje. Uma avalanche de mensagens privadas começou a pipocar imediatamente em minha caixa, com apoio e com comentários de situações diversas vivenciadas versus a cobrança da sociedade.

Meu desabafo foi o seguinte:

“Essa coisa de não poder comer açúcar me deixa meio saturada. Explico: Todas as vezes que coloco açúcar em algo, pois vai açúcar, penso em dedos me apontando ‘você está matando seus filhos’, ‘você está inflamando o intestino’ etc. Nao tem como viver assim!

Não comemos doce em casa, não compro doces, sou super correta com alimentação, mas não vejo nenhum pecado em dar um doce para as meninas de vez em quando. Aqui em casa rola um sorvete no clube (sim, de chocolate), de vez em quando kinder ovo (amam os brinquedos), comem as guloseimas em festas aniversário, comem os doces das lembrancinhas (se são muitos,  guardo e dou de vez quando).
Não consigo proibir o doce que quase nunca comem. 

Acho que comer saudável dá para ser sem neuroses, sem traumas e sem condenações alheias.
Te digo mais: muitas mães que condenam não dão aos filhos e comem de tudo. De que adianta esse exemplo? Isso é ser politicamente correto? Meu filho não come doce, não come glúten, não come carne, mas eu como pizza escondido e não faço uma atividade física. Eu me alimento certo desde sempre e minhas filhas comem o que eu como. Não tem proibição para elas que não valha para mim. Chega de olhares feios: minhas filhas tomam sorvete sim! E de chocolate se quiserem! #desabafo #cansei ”

Já comentei em outros textos e quem convive comigo sabe o quanto sou cuidadosa com alimentação minha e de todos em casa. Todavia, assim que Lorena nasceu, fui apresentada a um mundo de uma síndrome que acarreta deficiência de absorção de nutrientes, anemia, alteração de colesterol, etc, o que me tornou ainda mais cautelosa com os alimentos que entram em casa.

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Foto: arquivo pessoal

Médicos especialistas em síndrome de Down orientam peculiaridades de alimentos a serem evitados e outros ofertados, mas quando vi todo um regime proposto, percebi que não seria somente para Lorena e sim para todos em casa. Nada impossível de se realizar. Mas, subitamente, esse regime começou a se expandir e cada hora vejo uma proibição.

Hoje em dia nada pode: laticínios, trigo, grãos, suco de fruta (tem que ser fruta in natura), carne vermelha e por aí vai. Textos e mais textos, publicações (desde blogueiros, familiares, fitness, vizinhos a especialistas) podemos encontrar e cada um com sua razão e, a meu ver, nada mais que o chamado terrorismo nutricional.

Onde quero chegar? Alimentação saudável não se resume somente a minha filha deficiente e também não quer dizer que temos que ser radicais e levar uma vida inteira com receitas tiradas de sites funcionais, lights, sem glúten, sem lactose etc, se não houver algo que restrinja algum alimento.

Cansei de ver mães tirando leite dos filhos, mas sem uma oferta adequada dos nutrientes que o leite tem. Da mesma forma o glúten (lembrando que não se resume somente em tirar o trigo e sim substituir de forma adequada). O que mais vemos são crianças submetidas a regimes ultra restritivos sem algum suporte profissional de um nutricionista ou nutrólogo, somente porque todos falam que cortar tal alimento “é bom”.

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Nas minhas andanças de mãe, médica, mulher curiosa, conheci uma nutricionista, Sophie Deram, doutora em endocrinologia pela USP (Universidade de São Paulo), que prega justamente o que eu estou dizendo: dietas restritivas não funcionam. Atualmente, Sophie estuda a genética de pacientes com transtorno alimentar no laboratório de neurociência do Instituto de Psiquiatria da USP.

Incomodada com o excesso de dietas restritivas e de conselhos nutricionais errados que circulam pelas redes sociais e blogs, Sophie decidiu lançar um livro e um site para ajudar as pessoas a fazer as pazes com a comida. Ela diz o seguinte:  “Dietas restritivas contribuem para a epidemia de obesidade? Sim.

Elas são uma das responsáveis pela epidemia global que estamos vivendo. Vários estudos demonstram, desde 1985, que excesso de restrições faz mal e engorda. Ainda assim todo mundo continua promovendo dietas. Profissionais, celebridades, blogueiros, vizinhas…Precisamos falar alto para a sociedade que esse caminho só vai complicar o estado de quem luta contra a balança.

Uma pesquisa rigorosa feita com gêmeos, divulgada em 2012, revelou que aqueles submetidos a dietas engordavam mais no longo prazo. Quanto mais dieta restritiva uma pessoa faz, mais gorda ela fica.” Portanto, meus queridos leitores, olhem para seus filhos como crianças. Comida saudável SEMPRE. Neurose, JAMAIS. E o mais importante: EXEMPLOS!!!! De nada adianta cortar o brigadeiro da festa e comer escondido do pequeno depois.


Palavras-chave
Alimentação

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