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Dividir o mundo em azul ou rosa limita a possibilidade de as crianças serem autênticas

Donatella no abrigo camuflado / arquivo pessoal
Donatella no abrigo camuflado / arquivo pessoal

Publicado em 26/06/2018, às 09h00 - Atualizado em 29/06/2018, às 09h04 por Rafaela Donini


Quando a gente coloca uma roupa, não está apenas cobrindo o corpo, mas também comunicando alguma coisa. É daí que nascem os estilos. Há quem adote um visual rocker ou urbano e quem prefira um guarda-roupa clássico, por exemplo. São escolhas bem pessoais, que também transmitem um pouco (ou bastante) da personalidade de cada um e podem se transformar ao longo da vida – assim como nós mesmos nos transformamos.

Não é por acaso que a moda sempre cumpriu um papel social através dos códigos de vestimenta e também esteve presente em momentos disruptivos – como no movimento hippie, só para citar um exemplo. Quando escolhemos vestir uma determinada peça de roupa em detrimento de outra, estamos dizendo algo. E, hoje, essas escolhas começam lá na infância, quando as crianças começam a eleger cores e peças preferidas. Claro que o papel dos pais é importante nessa fase, e, muitas vezes, a criança acaba reproduzindo padrões de comportamento ou fazendo escolhas pautada pelo que ouve – ou pelo que é aceitável ou não. Aí chegamos à questão de gênero na moda, assunto que muito se tem discutido.

Será que a criança, por livre e espontânea vontade, faz escolhas pensando se determinada roupa é “de menino” ou “de menina”? Será que elas nascem com a programação de que rosa é a cor das meninas e azul, dos meninos? Me parece que não – mas esse discurso de classificar as coisas por gênero (roupas, comportamentos e atitudes) ainda persiste.

Há pouco tempo, estava participando de uma produção de fotos para um catálogo de roupas infantis e me surpreendi com um fato que ocorreu durante a sessão. Vestimos um menino de 3 anos de idade com um conjunto esportivo predominante preto com pequenos detalhes em rosa. Ele começou a puxar a roupa, como se estivesse desconfortável. Perguntamos a ele se estava incomodando, ao que a mãe respondeu: “Ele não quer usar porque rosa é cor de menina”. Ficamos atônitos. Uma criança que ainda é um bebê faz essa distinção voluntariamente ou ela ouve esse discurso em casa? Minha filha, Donatella, tem menos de três anos e já usou peças consideradas “de menino”. Sim, ouvimos comentários polêmicos por conta disso.

A questão que de fato importa, aqui, não é a classificação da cor pelo gênero (ainda que isso também seja relevante), mas a reprodução de padrões de comportamento que estigmatizam as pessoas. Meninas usam rosa, dançam ballet e brincam de boneca. E são delicadas e sensíveis. Meninos usam azul, jogam bola e brincam de carrinho. E são aventureiros e destemidos. Enquanto sabemos que toda criança pode ser aventureira, sensível, gostar de dançar e de colecionar carrinhos. De se sujar no barro e tocar piano.

O discurso de gênero não é inerente à criança, que por natureza é curiosa e quer explorar e conhecer tudo à sua volta. Ele apenas reproduz comportamentos machistas e conservadores, diminuindo a possibilidade de meninas e meninos serem autênticos e desenvolverem todo o seu potencial, respeitando uns aos outros, independentemente do gênero.

(Foto: Donatella no abrigo camuflado / arquivo pessoal)
(Foto: Donatella no abrigo camuflado / arquivo pessoal)

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