Colunas / Se eu pudesse eu gritava

Papai papaiê papaiii

Imagem Papai papaiê papaiii

Publicado em 26/09/2013, às 21h00 por Tatiana Schunck


Nosso filho é um menino astuto, um pândego de boa categoria. Quando o pai teve que trabalhar fora da cidade por uns dias, o menino resolveu desarmar o esquema já conquistado. Nós sempre achamos, mesmo sabendo constantemente que não, que alguma rotina conquistada é uma glória para os pais e para seus sonos e compromissos importantíssimos. O filho parece que percebeu que o pai se ausentaria, então deu as caras da inconstância. Algo que lhe é comum e normal. Já para nós, algo que nos coloca novamente em estado de zumbis meio pra lá de tontos.

Toda noite ele dorme mais ou menos no mesmo horário: oito e meia nove horas… Acorda mais ou menos no mesmo horário: meia noite uma hora… Volta a dormir e acorda novamente no mesmo horário matinal: sete e meia, oito horas… Lindo não é? Mas, na semana que acontece a ausência do pai, ele não quis dormir no primeiro horário da noite, falou e cantou e brincou, rebolou, encarou. Desceu do meu colo, depois do banho quentinho, pijama cheiroso e foi para o chão em busca do… Pai. E onde estava o pai? No Rio de Janeiro! Ah, que beleza! Lá vai a mãe atrás do moleque que anda pela casa apontando em todas as direções que conhece com as palavras mágicas: pai, papaiê, papaiii… Inicialmente, acho lindo, rio junto e admiro. Passadas umas duas horas, já não aguentava mais ouvir o pai pra lá e pai pra cá. Coloco-o em meu colo gostoso de novo e digo a ele: filho, seu pai não está em casa, ele não volta hoje, só depois de amanhã, vamos dormir? Dessa vez ele me encara no fundo dos olhos com aquele olhar que não se explica, não daria. Um olhar de gente, meio filhote, meio alma, meio potência, sabe? Olhando-me assim, em descaramento, me diz com os olhos: mãe, não vou dormir não, só quando o papai voltar.

Eu ligo para o pai e peço para ele falar com o filho, avisá-lo que não volta hoje e que pode dormir… O filho escuta a voz do pai, desligamos o telefone, ele volta ao chão, anda correndo pelos cômodos da nossa casa e continua a sua música: pai, papaiê, papaiii – como quem aquece o coração para se cansar até dormir. Ou então, como quem nina a si próprio com a música de falar. Tão bonito. E só para não deixar de contar a história até o fim, dez e meia da noite, mais ou menos, ele finalmente dorme. Eu mal consigo me desdobrar a coluna que está curvada de carregar peso, levanto-me, ando me levando à cama e deito para descansar. Mas confesso que apesar de gostar de também estar só, fico com uma parte de mim que não desliga, pois não tem com quem dividir a tarefa de escutar, escutar se o filho acordar. Escutar se ele descansa, escutar como ele está. Alguém aí me escuta?


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