Publicado em 29/04/2020, às 08h22 por Cecilia Troiano
45 dias. Esse é o tempo em que estou em casa, desde que iniciei minha jornada do isolamento social, assim como muitas famílias. Dias estes que alterno entre ansiedade, gratidão, cansaço, alívio, preguiça, energia e medo. Nossas vidas de equilibristas sofreram uma grande mudança. A fronteira casa-trabalho se foi. Vivemos a dualidade de forma integrada. Estamos em home-office ou em “office home“. Não sabemos mais onde começa uma coisa e onde termina a outra. Frequentes são as vezes em que estamos numa vídeo conferência e filhos aparecem sem cerimônia na tela, visível a todos. Se pai e mães estão “disponíveis”, é natural que queiram aproveitar essa oportunidade e estar pertinho.
Nossas casas, trabalhos e rotinas mudaram. Não há mais zonas de exclusividade. Aqui em casa já parei reunião remota para atender a entrega do supermercado. Já intercalei a panela de pressão com feijão e a escrita de um texto. Faxinei toda a casa enquanto falava no viva voz com a equipe do escritório. No meu Instagram, vejo tantas famílias se virando em mil para dar conta do equilibrismo. Outro dia um presidente de empresa chegou 20 minutos atrasado para nossa reunião virtual, onde já outras 5 pessoas o esperavam. Ao chegar, nos pediu desculpas explicando que ele e a esposa estão se dividindo no cuidado do filho de 15 meses e suas atividades profissionais. Claro, foi perdoado imediatamente e seguimos para nossa reunião.
Ah, e ainda estamos sendo inundados de lives sobre todos os temas, de shows, palestras, meditação, vendas, aulas fitness, culinária, tudo disponível, acessível e quase sempre gratuito. Ganhamos mais essa distração que, por um lado ocupa nossas mentes e traz ideias renovadas, por outro dá ate angústia pela quantidade que nos afoga. Tem-se a impressão de que há muita coisa para ver mas nem sempre temos tempo. Enquanto isso as lives vão rolando… Para quem achou que ficar em casa seria monótono, ledo engano. O que não falta é o que fazer.
Também nesses dias desenvolvemos novos hábitos, talentos potenciais que estavam escondidos. Eu, por exemplo, virei “BFF” da Rita Lobo. Fazendo suas receitas me sinto íntima dela e do Panelinha. Meu marido que adora doce de abóbora aprendeu a fazer seu próprio doce e os ostenta em potes enfeitados, orgulhoso. Vê-lo intercalar mexidas na panela com paradas para trabalhar no computador era engraçado. Cozinha e escritório, antes distantes agora são vizinhos. Meu filho, que não mora mais conosco mas que está fazendo uma temporada em casa neste período, aprendeu a fazer um café maravilhoso e nos presenteia à tarde com uma xícara quentinha acompanhada de chocolatinhos. Minha mãe, que também está conosco nesta fase, testa várias receitas de pão enquanto alterna com seus atendimentos como psicanalista.
Minha cunhada aprimorou seus conhecimentos digitais, como forma de sobrevivência neste período. Enfim, como há muito disse Darwin, não são só os mais inteligentes e nem apenas os mais fortes sobrevivem, mas sim os adaptados. Adaptação é a palavra da quarentena. Basta acompanhar grupos WhatsApp como bons exemplos de adaptação, trocando dicas de tudo: brincadeiras para se fazer com as crianças em casa, exposições que estão abertas, entrega de flores e listas variadas de entregas em domicílio. Criou-se uma vasta rede de solidariedade como não me lembro de ter visto antes. Afinal, não é um grupo isolado dos atingidos que precisa de ajuda. Todos nós estamos no mesmo barco. A tempestade está atingindo a todos, a COVID-19 não escolhe classe, sexo, idade. É como mais uma live em nossa vida, o vírus insiste em se manter no ar.
Netflix, HBO Go, Globosat Play, Amazon Prime, CNN, CBN, Spotify… se antes já estavam em nossas vidas, agora se transformaram em essenciais. Aliás, o número de assinantes crescente é a prova disso. Estreias de séries, reprises de jogos ou desenhos infantis se alternam em nossas telas, roubando mais um pedaço de nosso já escasso tempo. Lembrem-se, achávamos que ficar em casa seria tranquilo…
A vida em live mode tem seus “on’s e off’s”, seus altos e baixos. Se por um lado estamos sofrendo e angustiados, também temos a chance de nos conhecermos mais, nos desafiarmos mais, e nos unirmos ainda mais como famílias. Que tenhamos sabedoria para usar esse tempo, ainda sem prazo de validade, para crescermos e sairmos melhores, melhores equilibristas, melhores pessoas.
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