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Mãe é aquela que não sabe nada

Divulgação/Filme Como Nossos Pais
Divulgação/Filme Como Nossos Pais

Publicado em 27/09/2017, às 12h21 - Atualizado às 12h28 por Cecilia Troiano


Essa é uma das muitas falas que recheiam o excelente filme, “Como nossos pais”, da diretora Laís Bodansky. Nele, a diretora traz um retrato bastante contemporâneo dos dramas familiares, dentro da realidade brasileira de classe média. Sem ser spoiler, essa frase é dita pela atriz Clarice Abujamra, que no filme faz o papel de mãe da atriz Maria Ribeiro.

Maria é a personagem Rosa, que vive um casamento turbulento, é mãe de duas meninas e uma típica equilibrista. Aliás, no filme apenas não usam o termo equilibrista mas tudo na vida de Rosa revela uma mãe às voltas com seus múltiplos papéis e todo seu malabarismo para dar conta de tudo, tendo a seu lado um marido mais preocupado com salvar o planeta do que com dividir responsabilidades com a esposa.

Voltando à frase da abertura, fiquei pensando sobre ela um bom tempo depois de ver o filme.  Adoraria ter criado essa fala, pois acredito em cada letra da mesma. É assim que muitas de nós nos sentimos, principalmente quando nossos filhos se aproximam da adolescência, como é o caso de Rosa no filme. Como já foi meu caso há alguns anos e como é o de muitas de nós em algum momento da maternidade. A sensação é essa: diante de nossos filhos adolescentes, parece que nada do que falamos faz sentido para eles.  Tudo é “nada a ver”. Não acertamos em nada diante dos olhos deles nessa fase da juventude.

O pior é que também nos vemos assim. Por mais que nos esforcemos, parece que há sempre algo que não compreendemos, que não temos certeza se é assim que deveríamos fazer. Assim como nossos filhos ficam inseguros na adolescência, o mesmo acontece conosco.

Não à toa, em pesquisa que alimentou meu primeiro livro, Vida de equilibrista: dores e delicias da mãe que trabalha (ed. Cultrix, 2007), identifiquei duas fases na vida de nossos filhos quando as mães declaram ter mais dificuldade em conciliar carreira e família. A primeira dessas fases, a mais óbvia, quando eles têm de 0 a 2 anos. Tudo é novidade, temos receio de como ficará o bebê quando estivermos no trabalho, o medo de saber se ele está sendo bem cuidado e a dúvida se daremos conta de tudo. E a segunda fase considerada a mais difícil pelas mães equilibristas é exatamente quando os filhos chegam à adolescência.

Poderíamos imaginar que a mãe nessa fase já é uma veterana, mas não é bem assim. Novos desafios surgem e a veterana mãe mais parece uma estreante. Os temores aqui são outros. A mãe preocupa-se com a maior independência do adolescente e suas também crescentes responsabilidades, principalmente em relação à escola. O adolescente já anda e muito com as próprias pernas e o controle da mãe, mesmo que ela queira, é mais complexo.

Enquanto está no trabalho, muitas vezes fica preocupada e com a cabeça conectada no adolescente. Não raro pensa como era mais fácil quando ela controlava tudo, sabia a hora que os filhos comiam, tomavam banho e dormiam, mesmo que ela estivesse ausente pelo trabalho. Com filhos adolescentes, mesmo em nosso mundo com redes sociais e whatsapp, não sabemos tudo eles fazem com seu tempo. Monitorar à distância é possível mas o adolescente não mais quer se controlado. Sua vida social mais intensa e o florescer da sexualidade pedem esse espaço de liberdade do qual eles não abrem mão.

Pois é, voltamos para a frase com a qual abri esse texto e que ficou martelando minha cabeça após assitir ao filme. Mãe é aquela que não sabe nada…e parece que na adolescência isso ganha um sentido ainda maior.  Após ter sobrevivido à vida de equilibrista com dois filhos adolescentes, que hoje já se tornaram adultos, apenas digo que não saber nada é o primeiro passo para descobrirmos o nosso jeito de ser mãe. Aliás, a maior lição em relação a isso ouvi de minha filha, quando ela tinha uns 14 anos: “Tudo bem, mãe, é a primeira vez que você é mãe de uma adolescente”. Com essa fala madura e sábia, Beatriz me dava permissão para errar e principalmente para descobrir o meu jeito de ser mãe. Obrigada, filha, pela lição. Espero que agora eu saiba um pouquinho mais do que há 10 anos.

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