Meu filho não para quieto

Esta semana, eu estava conversando com as mães do meu projeto, o Conversas Maternas, sobre como nossos filhos têm dificuldade em focar a atenção na mesma coisa por muito tempo. Essa afirmação foi quase unânime entre as famílias do grupo. Quem tem um filho que não para quieto sofre com isso, porque uma criança que busca algo novo para fazer o tempo todo cansa os pais. Haja criatividade e disposição! Ainda mais para quem se tornou mãe aos 39 anos.

Os pequenos anseiam por novidade o tempo todo e, para que nós tenhamos um tempinho de paz, apelamos para os aparelhos eletrônicos, que têm mais capacidade de mantê-los quietos do que nós mesmos. Verdade seja dita! As luzes, sons e cores são muito mais interessantes para eles do que qualquer outra coisa. Mas não são saudáveis, nós já sabemos disso. Se você reza para que a sua criança fique quieta brincando enquanto você come, faz xixi ou lava a louça, deixar o celular na mão da criança é a pior solução. A constante absorção de imagens e mensagens na tela afeta o cérebro da criança, diminuindo ainda mais a atenção e o foco.

Nós sabemos que o cérebro de uma criança pequena não está completamente desenvolvido e que o tempo de atenção dos pequenos é bem menor do que o de um adolescente ou um adulto. A minha cabeça fica a mil quando eu tenho muitas coisas para resolver no dia, e isso dificulta realizar tarefas que exigem mais atenção, como escrever os textos para a coluna, por exemplo. Se isso acontece comigo, imagine como deve ser para uma criança que se distrai com qualquer estímulo do ambiente?

Na infância, as estimativas de tempo de atenção em cada atividade variam de dois a cinco minutos por ano de vida. Seguindo essa média, crianças de 2 anos tendem a se concentrar de 4 a 10 minutos em uma atividade, crianças de 7 anos por cerca de 14 a 35 minutos, e crianças de 10 anos durante 20 a 50 minutos. Nós, pais, vamos cansar de repetir “Faz direito!”, “Presta atenção, menino!”, ”Uma coisa de cada vez!” porque é o cérebro que coordena praticamente todas as atividades do organismo.

Sem contar que estamos vivendo na era da rapidez, do aqui e agora. Tudo disponível para ver no lugar e na hora que você quiser. Nossos filhos não precisam esperar o horário do programa favorito começar para ver o que acontece no episódio seguinte. Eu mesma só escuto áudio do WhatsApp e podcast na velocidade 1.75! Acontece que o desenvolvimento do cérebro não tem botão de velocidade, e ele é o responsável pelas funções que envolvem raciocínio, memória, linguagem e a tão sonhada “atenção”.

Quando penso que a área que cuida de tudo isso, o córtex pré-frontal, só estará totalmente desenvolvida quando meu filho estiver saindo da faculdade, por volta dos 25 anos de idade, fico apavorada! Afinal, uma boa qualidade atencional é pré-requisito para os mais diversos aprendizados, favorecendo o desenvolvimento social, da linguagem e o cognitivo.

Por isso, da próxima vez que seu filho ou filha não parar quieto, em vez de sacar o celular ou o tablet, invista em jogos de memória, de adivinhação, jogos de tabuleiro, leitura… Esses são alguns exemplos de atividades que estimulam a atenção e a concentração. Quem sabe daqui a algum tempo, você não vai se espantar com os 4 minutos inteiros só para você?