Publicado em 05/04/2018, às 15h05 por Nathália Martins, Filha de Sueli e Josias
Christina Fuhrman sabia que algo estava errado com sua filha de 1 ano e 10 meses, a Pearl. A criança estava pálida, cansada e com diarreia. “Ela fazia cocô dez, onze, doze vezes por dia”, diz. Christina já havia levado a filha ao pediatra e feito exames, que indicaram que não havia nada de anormal. Mas quando Pearl pediu para ser carregada – por não suportar o próprio peso do corpo, a mãe a levou diretamente ao pronto-socorro. Então, a bebê foi diagnosticada com uma bactéria denominada Clostridium difficile, uma infecção gastrointestinal potencialmente fatal, que subverte o equilíbrio do microbioma.
“Algumas pessoas dizem que o microbioma é como um segundo cérebro – um órgão sensorial que reúne informações a partir do corpo e alimenta informações para o sistema imunológico”, diz Thomas McDade, antropólogo biológico e professor da Universidade Northwestern. Fatores, incluindo como seu bebê nasceu (normal ou cesárea), sua primeira estratégia de alimentação (seios ou mamadeira), onde você mora e os níveis de dieta e estresse do seu filho afetam o modo como o microbioma é inicialmente introduzido e, por sua vez, quão bem o sistema imunológico dele funciona.
É possível se infectar com a bactéria C. diff em qualquer lugar. Se seu filho “pegar” essa bactéria, os germes bons do intestino da criança passarão a “competir” com a C. diff. E o pior: muitos antibióticos – receitados para matar a C. diff – são capazes de eliminar muitas dessas boas bactérias, fazendo com a Clostridium conquiste cada vez mais território no estômago do seu filho. Quando isso acontece, a infecção pode ser difícil de ser eliminada permanentemente, porque mesmo após o tratamento, o microbioma de uma criança permanece suscetível à reinfecção.
Crianças na situação de Pearl passam um ano ou mais indo e voltando do hospital, tomando, alternando e interropendo antibióticos diferentes a fim de tentar a cura. Mas a história de Pearl teve uma reviravolta: os médicos da Mayo Clinic, em Rochester, Minesota, decidiram abrir mão do medicamento e tentar um transplante fecal, um tratamento disponível em apenas alguns centros médicos e em casos raros.
Foi dado a Pearl mais uma rodada de antibióticos e então coletaram uma amostra de fezes de seu pai, misturaram com água salina estéril para criar uma solução rica em bactérias e colocaram o líquido diretamente no trato digestivo de Pearl. Em questão de minutos, seu intestino foi recolonizado com bactérias saudáveis. Nosso pediatra Claudio Len, pai de Fernando, Beatriz e Silvia, explica que “não é um tratamento do dia a dia, são pacientes com infecções graves. É bem complexo para eliminar a Clostridium, vai de métodos desde outros antibióticos específicos até alguns mais modernos, como o do transplante fecal”.
O poder do cocô
Transplantar fezes de uma pessoa saudável para o trato digestivo de uma pessoa doente pode parecer absurdo, mas funciona. “Minha pesquisa descobriu que cerca de 90 de 100 pacientes pediátricos melhoraram e alguns ficaram doentes por mais de um ano antes desse tratamento”, diz Mark Bartlett, um gastroenterologista pediátrico da Mayo Clinic e um dos médicos de Pearl. Aqui no Brasil, o Dr. Claudio afirma que “São em casos excepcionais, que não respondem bem aos antibióticos. Ainda não é um tratamento padronizado completamente”.
Sucessos como o de Pearl levaram médicos e cientistas a perguntar: que outras doenças e problemas de saúde uma reformulação do microbioma poderia resolver? Semanas após o transplante fecal de Pearl, seus pais enviaram à equipe médica um vídeo de agradecimento. Nele, o rosto da garota de 2 anos está corado de vida e as olheiras de sua mãe se foram, substituídas por um sorriso radiante. “Pensar que algumas crianças batalham contra C. diff por meses e isso a curou?!”, diz Fuhrman. “Eu não poderia ser mais grata”.
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