Publicado em 11/08/2015, às 17h12 - Atualizado em 19/08/2015, às 11h32 por Adriana Cury, Diretora Geral | Mãe de Alice
Professores diferentes, ambiente novo, colegas de classe que seu filho nunca viu e a insegurança de viver uma nova experiência podem estar presentes quando é necessário fazer uma mudança de escola durante o ano letivo. Para completar, também é preciso se adaptar ao ritmo do novo colégio e acompanhar o conteúdo que está sendo estudado em sala de aula. Enfim, sabemos que é uma “barra” ser o aluno novo quando a turma já está formada, mas é possível, sim, ajudar seu filho nesse momento.
Os motivos que podem levar uma família a trocar de escola no meio do ano são diversos. Há casos em que a criança não se adaptou bem ao colégio ou aos colegas e professores anteriores, mudança de bairro, cidade, estado ou até de país, nos casos dos colégios que têm programas bilíngues, enfim! A dúvida que fica é: como podemos ajudar nossos filhos a levar essa mudança com mais tranquilidade?
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Segundo Regina Ratto, mãe de Henrique e Renata, coordenadora do ensino fundamental II do Colégio Mater Dei, uma parte dos pais procura outra escola na esperança de que o filho tenha notas melhores e seja aprovado no final do ano, o que ela considera que não seja a melhor saída. “Às vezes, as transferências no meio do ano são um pedido dos próprios alunos, que se mostram abertos e preparados para o novo.”
Mas, quando a vontade de mudar não parte da própria criança, nem sempre a adaptação é simples. A mudança no meio do ano pode gerar medo de não acompanhar, de não ser querido ou de não gostar dos professores. A psicóloga especialista em intervenção familiar Márcia Regina Orsi, mãe de Yohan e Joshua, explica que, para crianças tímidas, ter toda a atenção da classe e a ideia de fazer novos amigos pode ser angustiante. “Quando a mudança tem um motivo específico, como dificuldades de adaptação ou de aprendizagem, pode gerar novas cobranças internas pra criança”, diz.
Para Eliana de Barros Santos, educadora e psicóloga, diretora do Colégio Global e mãe de Mariana, Rebeca e Laerte, é comum que a reação da criança seja de estranhamento em um primeiro momento, mas, com a disponibilidade da escola, professores e colegas para recebê-la, ela se sentirá acolhida. Por isso, é preciso que a escola se prepare para acolher os novos integrantes. Além disso, o ideal é que a instituição prepare a turma para o novo colega. “A forma com que o desafio da transferência é colocado para o aluno faz toda a diferença”, afirma a diretora.
Problemas de adaptação à escola anterior foi o que levou Fulvia Contieri a procurar uma nova instituição para Adriano, que, com 8 anos e no segundo ano do ensino fundamental, foi transferido para o Colégio Global. “A escola não estabelecia um diálogo comigo e com meu marido e o Adriano começou a ser afetado por isso”, lembra Fulvia. No começo, ele demonstrou um pouco de timidez, mas logo fez amizade e se identificou com a escola. Os pais, que tinham receio do resultado, acertaram na decisão: “Minha mãe deveria ter me colocado aqui desde o começo”, diz Adriano.
União faz a força
É importante que as escolas orientem toda a família no período de transição. Essa parceria possibilita o alinhamento do diálogo entre elas, com isso a criança se sente segura tanto no ambiente escolar quanto no familiar. Todos saem ganhando.
A adaptação pode ser dificultada se a harmonia entre a escola e a família estiver prejudicada. “As crianças percebem quando não há confiança entre ambas as partes e isso pode prejudicar a adaptação”, diz Sônia Magalhães, diretora-geral do Colégio São Luís, de São Paulo. É necessário criar um vínculo entre o aluno e o colégio, a confiança deve estar em primeiro lugar.
No caso de Valéria Quingostas Pedroso, foi o fato de Gustavo estar desmotivado que a fez optar pela transferência para o Mater Dei. Ele tem um problema cardíaco que afetou a parte motora e a mãe sentia que o colégio anterior colocava uma pressão a mais sobre ele. “Tenho dois outros filhos que estudavam no Mater Dei e eu sentia que lá havia uma atenção com os alunos que eu gostaria que houvesse com meu filho. Ele se encontrou de uma forma que não tem preço”, disse Valéria.
Como é feita a adaptação?
Vale pesquisar os programas das instituições para a transferência escolar. Daniella Avanzi Leonardi, mãe de Helena e Sofia e diretora-geral da Escola Play Pen, conta que primeiro o colégio tenta entender de onde o aluno vem e por que ele está saindo de lá. Há um departamento de suporte para todos os alunos que estejam com dificuldades, mas o cuidado é intenso para quem ingressa no meio do ano. “Um dos nossos diferenciais é a proximidade que temos com os pais para podermos acioná-los se a criança precisar de atenção especial.”
Na opinião do diretor pedagógico do colégio Mary Ward, César Marconi, pai de Julia e Camila, é necessária a conversa tanto com a família quanto com os próprios alunos antes da entrada, além de uma avaliação para ter as referências ideais antes de dar início ao processo de adaptação de cada aluno.
A escolha da escola que nossos filhos vão estudar não é tarefa fácil, são mil e uma variáveis que quase nos enlouquecem. Mas mudar faz parte, não tem problema. Uma vez que a família e a criança optaram pela mudança, abracem-na! Mostre ao seu filho que você está seguro com a nova opção, assim você passa segurança para ele. Então calma: tudo vai dar certo!
Existe idade certa?
Segundo Everton Augustin, pai de Pedro e Artur, diretor do Colégio Humboldt, independentemente da idade, crianças costumam reagir de formas diferentes.
Por isso, é importante que todas sejam bem acompanhadas e tenham o apoio do serviço de psicologia escolar, se necessário. E, claro, a ajuda dos pais.
Você pode ajudar!
Se para os adultos já é difícil encarar situações como um novo emprego, imagine o que situações novas representam para as crianças. Mas podemos ajudar para a adaptação escolar ocorrer da melhor forma possível!
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