Publicado em 15/06/2022, às 14h59 - Atualizado em 16/06/2022, às 08h37 por Carolina Ildefonso, mãe de Victor
Em meio a quarta onda, as crianças estão sendo alvo da covid-19. Levantamento feito pela plataforma Info Tracker, com dados extraídos da base do Governo Federal (SIVEP Gripe), mostra aumento de 25% (de 262 para 327 casos) de internações de crianças de um a cinco anos de idade, entre os meses de abril e maio. Entre os bebês de zero a 11 meses, o número de hospitalizações chama ainda mais a atenção, foi de 199 em abril para 285 em maio.
O coordenador da plataforma Info Tracker, Wallace Casaca, filho de Neuza e José, alerta: “A primeira semana do mês de junho já atingiu 112 internações, ou seja, se continuar no mesmo ritmo de crescimento, a expectativa é que esse mês supere o total de maio na faixa infantil”. Diante deste cenário, os médicos voltam a reforçar a importância das medidas sanitárias de proteção, como o uso de máscara, higienização constante das mãos e evitar aglomerações.
Sabemos que nesta época do ano é comum o aumento de doenças respiratórias e em razão da sazonalidade, e a covid-19 é uma delas. “É importante enfatizar que, embora o inverno leve a um aumento natural de casos de síndrome gripal, os dados apontam que o número de casos de covid é proporcionalmente maior do que todas as demais condições juntas”, explica Casaca.
Coriza, febre, dor no corpo, indisposição… Como saber diferenciar cada um deles? O médico infectologista Marcelo Otsuka, pai de Marcelo, Murilo, Henrique e Mariana esclarece que os sintomas se confundem e a testagem é uma forma de conter a disseminação. “Outra medida importante para controlar as doenças é cumprir o isolamento. No caso das crianças em idade escolar, ao aparecer qualquer sinal o aluno deve ficar casa”, reforça Otsuka.
Desde o início da pandemia nossa tranquilidade só aumentou conforme o avanço da vacinação. Entretanto, para as crianças até cinco anos ainda não há nenhuma imunização contra a covid-19 autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa.
Logo, sem vacina, as consequências podem ser imprevisíveis. Os casos de “covid longa” tem sido comuns e perpetuam sequelas dentre as quais muitas ainda não são plenamente compreendidas pela comunidade científica, entre elas dores de cabeça ou dificuldade de concentração.”
Com os recém-nascidos, o impacto pode ser ainda maior. “Proporcionalmente, o número de internações e casos severos de covid é maior até um ano de idade, o que requer cuidados redobrados da parte dos pais e responsáveis. Somente em abril, 12 crianças, de um a cinco anos, morreram no Brasil por covid-19.”, conta Wallace Casaca.
Quem busca atendimento médico nesse período pode se deparar com longas filhas e horas e horas de espera. Um levantamento da plataforma Info Tracker mostra que quatro hospitais infantis públicos da Grande São Paulo – Cândido Fontoura, Menino Jesus, Darcy Vargas e Hospital Municipal da Criança e do Adolescente – tiveram alta de internações, de 23% entre nos primeiros 13 dias do mês de junho.
O problema se repete em outros estados. O Hospital Pequeno Príncipe, maior hospital pediátrico do país, que fica na cidade de Curitiba, no Paraná, informa que a taxa de confirmação de casos de covid-19 em crianças saltou de 12,1% em maio para 19,7% até o dia 13 de junho. A diretoria ainda explica a média de crianças que precisaram de internação, por dia, também subiu de 1 em maio para 1,3 em junho.
No estado do Rio de Janeiro, a tendência também é de alta. Conforme o último boletim divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde, referentes a semana de 29 de maio a cinco de junho, os atendimentos a casos de síndrome gripal nas Unidades de Pronto Atendimento do estado (UPAs) aumentaram 14% em relação à semana anterior. Na semana de 22 a 28 de maio, a média diária de atendimentos foi de 428, sendo 263 pediátricos. Já entre os dias 29 de maio a 05 de junho, a média foi de 489 atendimentos, sendo 256 de pediatria.
Com base nesses números, o secretário de Estado de Saúde, Alexandre Chieppe, faz um alerta: “Estamos observando um aumento nos indicadores da Covid-19 no estado. Por isso, convocamos a população para que retorne aos postos para completar o esquema vacinal. Quem ainda não tomou a primeira dose ou as doses de reforço deve fazer isso o quanto antes. As vacinas são seguras e a forma mais eficaz que temos para evitar casos graves e óbitos pela Covid-19”.
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