Publicado em 15/10/2018, às 15h26 - Atualizado às 15h38 por Redação Pais&Filhos
*por Rhaisa Gaz Trombini, filha de Edileyne e Geraldo
O sonho de Lyana Cabral era ser mãe. Quando descobriu que estava grávida, foi uma alegria, mas algo estava preocupando a professora: um caroço em seu seio. Aquele sintoma erra corriqueiro, sempre que ela ia menstruar, o nódulo aparecia, mas logo depois sumia. Porém, outros sintomas começaram a aparecer. “O bico ficou invertido, a mama ficou muito vermelha, com aspecto de casca de laranja.” relatou em entrevista à Purepeople.
Ao se consultar com uma mastologista, Lyana estava com suspeita de câncer hormonal, mas os exames não mostravam um resultado conclusivo por conta da produção de leite. Por recomendação da médica, iniciou a quimioterapialogo no primeiro trimestre de gestação. A confirmação veio só com 5 meses de gravidez. “Foi aquele choque inicial: grávida pode ter câncer. Tinha 29 anos, sempre cuidei da minha saúde, nunca tive uma alimentação errada… Câncer gestacional, o que é isso?” Mas ela ficou aliviada com o diagnóstico, pois pelo menos sabia que podia tratar. “A partir do momento que ela falou que era câncer, eu já fui trabalhando na minha cabeça que eu ia ficar careca, que aquilo não poderia me afetar”.
A professora estava com receio de como ia se encarar quando ficasse careca, então correu para fazer seu ensaio fotográfico grávida quando ainda estava com seus cachos morenos. “Eu não sabia se eu ia gostar de mim, me sentir bem careca.” Ela preferiu deixar o cabelo cair aos poucos, mas chegou uma hora que as falhas estavam muito grandes, então decidiu raspar tudo de uma vez. Logo em seguida, ela tratou de colocar uma maquiageme tirar fotos para levantar a autoestima. “Quis me sentir bem e bonita, foi muito natural” disse à Purepeople.
Lyane sentia que estava faltando informações sobre câncer gestacional nas redes. Além de artigos ciêntíficos, não existiam páginas ou grupos que falassem sobre o assunto. Então ela mesma decidiu tomar a iniciativa e criou a página no Facebook “Câncer Gestacional tem cura”, que conta também com um perfil no Instagram. Com mais de 2,5 mil curtidas, a professora criou uma rede de informação com várias mães que passaram e passam por isso. A adesão gerou um grupo de WhatApp’s onde elas compartilham seus sentimentos e dicas.
Nenhuma das mães relatou sintomasfortes durante o tratamento contra o câncer. “[…] eu não tive nenhuma reação à quimioterapia, poderia ter tido enjoo, diarreia, afta… Não fosse a perda de cabelo, ninguém falaria” disse à Purepeople. Isso pode ser decorrente da ausência de corticoides durante o tratamento, para não desenvolver o pulmão do bebê muito depressa, além da radioterapiaadiada até o nascimento da filha. Mas Lyane e as outras mães preferem acreditar em um bem maior. “[…] A gente fala que o bebê estava protegendoa gente de tudo”.
A professora teve que realizar uma mastectomia quando sua filha já havia nascido, então o que mais doeu não foi perder o seio, mas sim não poder cuidar da filha por um tempo. “Foi um mês sem fazer nada, depois comecei a fazer fisioterapia, comecei a ganhar movimento de braço e pude pegar a bebê sentadinha para acalmar meu coração” declarou à Purepeople. O fato de Lyane não poder amamentar deixou-a nervosa. Ela conhecia a história de duas mães que fizeram mastectomia durante a gestação conseguiram amamentar depois, mas esse não poderia ser o caso dela. “A explicação que a minha médica me deu foi a que, pelo fato de meu câncer ser hormonal, se eu amamentasse, o hormônio para a produção do leiteiria aumentar o câncer”.
Lyane estava com medo de perder ovínculo com a filha por conta disso, mas contou à Purepeople que encontrou alternativas para compensar isso. “Cheguei a pensar que ela não ia me reconhecer, mas fui vendo outras formas de ela perceber que eu era mãe dela, valorizando o toque, usei o slingo tempo todo, para ela ficar pertinho de mim, sentir as batidas do meu coração.” Hoje, Maria, filha de Lyane, está com 1 ano e a mãe continua o tratamento contra a doença, mas já está bem melhor.
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