Publicado em 03/05/2012, às 07h00 por Redação Pais&Filhos
A Laura, filha dos comerciantes Carla Jorge e João Pedro Carvalho, tem 7 anos e troca o “f” pelo “v”, o “p” e o “d” pelo “t”. Já a psicóloga Joice Pinheiro, sempre reparava que o filho Kauã lia muito mal, de “soquinho”. Normal, toda sala de aula tem uma criança que não gosta de estudar. Mas nem sempre isso é só preguiça.
No Brasil, há aproximadamente três milhões de crianças disléxicas. No mundo, 5% da população têm o distúrbio. Números que não podem ser ignorados e que pedem atenção nas classificações genéricas que costumamos fazer. A dislexia é um transtorno de aprendizagem neurobiológico hereditário, e não psicológico como se acreditava antigamente. Ela é causada por um mau funcionamento das áreas específicas do cérebro envolvidas na decodificação da linguagem escrita, e pode ter vários graus.
Estudos recentes têm apontado que as pessoas nascem com o problema, e há testes sendo desenvolvidos para detectar o distúrbio bem cedo. A faixa etária em que se costuma percebê-lo dos 6 aos 8 anos, quando ocorre o processo de alfabetização. Por isso, a escola tem grande papel no diagnóstico, e os educadores devem ser orientados a ficarem atentos e observar sinais de dificuldade de aprendizado. O próximo passo é procurar o pediatra da criança, que deve indicar uma equipe multidisciplinar composta de fonoaudiólogo, psicopedagogo e neuropsicólogo.
Dislexia não tem cura. Mas calma! Com a ajuda desses médicos, da escola e de algumas ferramentas, a reabilitação é possível e o seu filho será capaz de desenvolver bem as suas habilidades. Os principais recursos devem mesmo ser fornecidos pela escola. A instituição precisa tomar providências, como posicionar a criança em um lugar na classe longe de distrações e perto da lousa, para que ela consiga focar a atenção na matéria; verificar se ela entendeu e anotou a aula, e lembrá-la de realizar as tarefas. Em caso de provas, os especialistas aconselham que a avaliação seja revista individualmente com o aluno ou feita em outro local, como a sala da coordenação. Assim, eles conseguem acompanhar o ritmo da sala. É consenso que os disléxicos são inteligentes (boa parte até superdotados), eles apenas precisam de ajuda para canalizar o conhecimento.
A continuidade do tratamento deve ser feita em casa. Na hora da lição, sente ao lado do seu filho e a leia junto com ele. Nunca dê as respostas, apenas sugira caminhos. Estabeleça horários de estudo e escolha um cômodo sem TV, computador ou brinquedos. No Colégio Albert Sabin, um aluno disléxico percebeu que gravando sua própria voz com o conteúdo e ouvindo depois, ele entendia perfeitamente a matéria. Por isso, a grande dica é que você, com a ajuda do colégio e dos médicos, incentive a criança a procurar essas estratégias e atalhos, porque muitas vezes, tudo o que ela precisa é de um empurrãozinho.
Famosos disléxicos
Albert Einstein (cientista)
Alexander Graham Bell (inventor)
Agatha Christie (escritora)
Charles Darwin (cientista)
Leonardo Da Vinci (artista e inventor)
Napoleão Bonaparte (imperador da França)
Pablo Picasso (artista plástico)
Thomas A. Edison (inventor da lâmpada)
Walt Disney (fundador dos estúdios Disney)
Consultoria: Dionéia Menin, mãe de Júlia, é coordenadora pedagógica do Colégio Albert Sabin. Tel.: (11)3712-0713, albertsabin.com.br; Marco Antônio Arruda, pai de Renato, é neurologista da infância e adolescência do Instituto Glia. TEL.: (19) 3911-9234, institutoglia.com.br.
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