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Mariana Kotscho

Imagem Mariana Kotscho

Publicado em 03/05/2012, às 07h00 por Redação Pais&Filhos


O papo de mãe começou nas redações da Rede Globo, onde Mariana trocava experiências sobre fraldas e mamadas com as colegas jornalistas. Depois do terceiro filho, resolveu abandonar a rotina de repórter, mas não a profissão, e criou o programa de TV Papo de Mãe, uma conversa parecida com aquela entre amigas, com a diferença que o Brasil todo pode assistir e participar. Na conversa com a Pais & Filhos conhecemos o filho caçula, a cadelinha Pipoca, a professora de inglês, tocou o telefone e a campainha. Vida de mãe é isso aí!

Por Mariana Setubal, filha de Cidinha e Paulo

Como começou o programa?
Sou jornalista e sempre trabalhei em televisão. Quando meu terceiro filho nasceu, vi que não ia conseguir conciliar a maternidade com a carreira de repórter. Porque não tem horário, tem que dar plantão, a rotina é uma loucura. Não dá pra querer ser ótima em tudo. Você tem que fazer opções. Eu fiz tratamento para engravidar da primeira filha, fiz tratamento para engravidar da segunda, e quando ela estava com cinco meses, fiquei grávida do terceiro. Foi um susto. Aí resolvi pedir demissão, eu não estava feliz daquele jeito. Mas decidi não deixar tudo pra sempre.

Como você fez para não abandonar a carreira?
Podia mudar um pouco o rumo. Eu sempre brincava com essa coisa de papo de mãe. Porque quando eu tive filho, enquanto estava na redação da Globo, várias mulheres tiveram filhos ao mesmo tempo. Então a redação virou um papo de mãe eterno. Juntavam duas, três mães e começava o papo do cocô, xixi, chupeta. É legal porque tem muita troca de experiência. Logo que saí tinha a ideia do programa na cabeça e comecei a conversar com alguns amigos, principalmente com a Roberta Manreza, que apresenta comigo, que é minha amiga  e jornalista também.

Como o programa virou verdade?
Reunimos uma equipe, fizemos um programa e conversamos com algumas emissoras. A TV Brasil estava montando a grade e veio falar comigo. Mostrei o piloto, foi aprovado, e entramos no ar em setembro de 2009. É no boca a boca que divulgamos o programa. Não tem verba para publicidade, então as redes sociais ajudaram muito. Normalmente eu mesma converso com as pessoas no Facebook, acabou ficando uma coisa bem personalizada. É muito gostoso. Tem gente que fala que a internet afasta as pessoas, mas no meu caso aproxima totalmente.

Mas por outro lado tem a história do Dr. Google, de todo mundo querer se auto-diagnosticar.
Por isso que tenho que ser super responsável no que vou responder. No programa a gente leva sempre especialistas. A gente gosta de ter troca de experiência, mas também quer a opinião de alguém que seja responsável sobre o assunto.

Sempre tem crianças circulando durante o programa. Vocês escolheram esse formato?
Pensei nisso por causa das festinhas de criança. Sempre gostei de analisar o comportamento das pessoas e papo de mãe é isso, você conversa sem olhar, porque você fala e a criança está pulando, está correndo. Isso é papo de mãe: é ser interrompido pelos filhos o tempo todo. Essa é a proposta do programa. Tem duas monitoras que ficam ali pra brincar com as crianças, mas ainda assim elas ficam no ambiente com a gente. Tem várias mães que dão entrevista amamentando, tem criança que muda o cenário inteiro, bebês que vêm e dormem no colo. Isso dá para o programa um ar natural e sempre diferente, porque as crianças são o inusitado, aquilo que não é combinado.

O que você aprendeu com o programa?
Que o “ditar regras” não existe. A troca de experiência é muito legal, mas nunca como regra.

Você trabalha de casa. Tem babá para ajudar com as crianças?
Não, nunca tive babá. Tenho a moça que trabalha em casa, que ajuda. Às vezes estou trabalhando e as crianças ficam em volta, aí tenho que pedir pra levar um pouco no parquinho. É difícil eles entenderem que você está trabalhando. Antes eu organizava a vida dos meus filhos em função do meu trabalho, e agora eu organizo meu trabalho em função da vida deles. Muitos dias o meu turno de trabalho é da meia noite às quatro, que é quando todos estão dormindo.

Para você, qual é a maior preocupação das mães?
Um assunto que surge em todos os programas é o sentimento de culpa. A gente sempre brinca que tem que lançar a campanha contra o sentimento de culpa das mães. É impressionante, porque acho que é uma coisa muito exclusiva da mulher, ou das mães mesmo. A mãe sempre se sente culpada, ou porque o filho ficou doente, ou porque o filho nasceu com algum problema, ou porque ela trabalha muito e não fica com o filho. É impressionante mesmo, essa coisa de se cobrar muito, de querer ser a super mãe, ou querer proteger muito o filho. Tem coisas que fogem ao nosso alcance, somos seres humanos. Eu melhorei e aprendi muito, aprendi a relaxar. Lembro de deitar na cama e pensar “hoje dei mais atenção pra um do que para o outro”, e aí não conseguia dormir pensando naquilo. Mas é assim mesmo, tem dia que você vai dar mais atenção pra um do que pro outro, e no dia seguinte faz diferente.

Você acha que foi melhorando com o segundo, terceiro filho?
Acho que a gente aprende a cada dia. A cada ano da criança acontece tanta mudança, tanta coisa. As preocupações mudam. Acho que sou mais experiente para lavar uma mamadeira ou trocar uma fralda, mas em relação à educação é um desafio diário. Um é diferente do outro, então o que funcionou com um não vai necessariamente funcionar com o outro.

Que tipo de mãe você é?
Ah, isso tem que perguntar para os meus filhos. Eles vão responder que eu sou maluca. Eu trabalho em casa, faço muita coisa ao mesmo tempo, e são três crianças, e cada um tem um horário…
Acho que eu sou uma mãe carinhosa, atenciosa. Procuro dar bastante atenção e fazer as coisas com eles. Também acho que tenho o privilégio de ter aprendido muito como repórter, com as pessoas legais que entrevistei. Entrevistei mais de uma vez o Rubem Alves, por exemplo, que é educador. Ele me falou que as mães sempre perguntam qual é a regra pra educar os filhos, e ele responde: "conviva com eles". Eu procuro fazer isso. É gostoso sentar com eles, jogar um jogo, conversar, ter esses momentos. O que importa é a qualidade do tempo, não adianta ter tempo disponível e não curtir.

Você, como mãe, é parecida com sua mãe?
Sabe que eu nunca parei pra pensar sobre isso? Quando nasci, minha mãe tinha 20 anos. Eu tive filho mais velha, com 29 anos. Minha mãe sempre foi muito presente, até porque meu pai viajava muito, e sempre fazia tudo ao mesmo tempo. Quando o encanamento da cozinha quebrava era ela que ia lá consertar, e até hoje é assim. Eu consigo delegar. Mas na educação dos filhos, acho que procuro fazer uma coisa parecida, que é isso, estar próximo, conversar. Sempre fomos uma família bem unida. Acho que as crianças sentem isso, dos avós serem meio uma extensão da mãe.

A relação com sua mãe, depois que você teve filho, mudou?
Acho que mudou. Minha mãe sempre me ajudou muito com meus filhos.  No começo ela achava que eu não ia dar conta. Aí eu queria mostrar que sabia o que estava fazendo, que tudo o que ela falava era chato e ultrapassado. Acho que isso é natural. E é legal também você se colocar como a mãe da criança. Avó é avó. São papéis diferentes.

E seu marido é do tipo que trocava fralda?
Sim, sempre foi super atuante, de ficar totalmente sozinho com as crianças, quando eu fazia plantão na Globo. Uma coisa engraçada que sempre aparece nos programas é essa questão: “Seu marido ajuda?” E a gente quer parar com essa história, porque marido não tem que ajudar. No fundo os dois tem as mesmas funções e obrigações. Quando a mulher faz, faz porque é obrigada, e quando o marido faz é porque ele está ajudando a mulher… Esse conceito de agradecimento é complicado, do mesmo jeito que eu agradeço a ele eu espero que ele me agradeça também, por tudo o que eu faço.

Vocês nunca tiveram uma reclamação no programa do tipo “por que só Papo de Mãe”? E os pais?
No começo muita gente perguntava por que não Papo de Família. E a gente respondia que o nome é Papo de Mãe porque é o nome que pega. Outra coisa que a gente percebe é que os homens gostam, sim, de falar sobre os filhos, mas eles costumam falar quando estão perto das outras mulheres. Quando eles estão sozinhos dificilmente você vai ouvir algo como: "e o cocô do seu filho, está mole ou está duro?" Nosso programa é Papo de Mãe, mas é pra família toda. E os homens sempre são ouvidos. Tem o quadro “A vez do pai”, e no último bloco a gente chama os pais que foram junto com as mulheres. A gente já fez um programa que foi só Papo de Pai. Foi muito curioso. Eles começaram a falar e não paravam mais. Virou um papo sobre o qual nós perdemos totalmente o controle. Descobrimos que quando eles começam são capazes de falar muito mais que as mulheres. Talvez porque nunca os deixem falar.

Você pensa em escrever um livro?
Eu penso. Acho que o programa tem muito conteúdo que precisa chegar até as pessoas. Os psicólogos e pedagogos que vão lá, falam muito de como os pais estão protegendo os filhos das frustrações, e de como isso pode ser danoso pro futuro, por exemplo. Quero levantar essas discussões, que são de uma época. Embora tenham muitos livros já escritos, tem coisas que precisam ser atualizadas.

O que você acha que é ser uma boa mãe?
Eu acho que estou sempre tentando ser uma boa mãe. A gente nunca sabe se vai conseguir. A gente só vai ter essa resposta quando eles estiverem crescidos e criados. Mas acredito que é tentar fazer com que o filho seja feliz pelas próprias pernas. Ser uma boa mãe é estar sempre por perto, dar atenção, ouvir a criança.

Qual você acha que seria o maior presente do dia das mães?
Na verdade, falo que o meu presente do dia das mães eu já ganhei: os meus três filhos. Brinco que eu paguei dois e levei três, que o meu terceiro veio de brinde. O maior presente já recebi, é o sorriso de um filho, é o filho saudável. Outra coisa que estou aprendendo muito com esse programa: o filho da gente é o filho que vem. Não é aquele filho que você esperou, projetou, é o filho que veio. É amar a criança do jeito que ela é.
Então, o melhor presente acho que é o sorriso, o abraço deles. E a casa cheia de desenhos de criança.

Perguntas Pais e Filhos

A infância dos filhos passa muito rápido; como aproveitar?
Passa rápido mesmo, isso me assusta um pouco. Primeiro acho que tem que aproveitar com eles. Não deixar que a infância passe de um lado e os pais de outro. Eu fico estendendo muito a infância dos meus filhos. Talvez por isso eu tenha tido três, pra ter bastante infância aqui em casa. Tem que ter natureza, ir para o sítio,
pra fazenda, andar descalço, espinho no pé. Tem que ter essas experiências.

Família é tudo. Concorda?
Concordo, mas tem vários tipos de família. Não acho que existe a família certa, ideal. Tendo amor, respeito, compreensão, a família é tudo, sim, mas pode ser uma família formada por duas mães, ou dois pais, ou aquela que tem ex-marido, ex-mulher.

O programa vai ao ar todo domingo, às 19h, pela TV Brasil. A cada edição as apresentadoras Mariana Kotscho e Roberta Manreza levam mães e especialistas para debater um tema. www.papodemae.com.br


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