Amor maior

Acompanho sempre a campanha “Culpa, Não!” e sempre que posso dou meu depoimento.
Para começar este vou ter que voltar um pouquinho no tempo…

Quando conheci meu esposo, ele já tinha três filhos, que moravam com ele. Meu esposo lutava pela guarda legal das crianças, pois a guarda de fato já era dele. Afeiçoamo-nos e desde a época do namoro já formamos uma família. Após o casamento, as crianças passaram a me chamar de mãe e nossa relação foi cada vez aumentando.

Como meu esposo é militar, mudamos de estado e após passar por Minas Gerais, agora moramos no Amazonas.

Engravidei e minha primeira gravidez não foi bem sucedida, perdi meu bebê com 12 semanas, mas três meses depois estava grávida novamente e então nasceu meu manauara lindo, chamado Matheus.

Sempre tive o sonho de ser mãe, mas confesso que não fazia ideia que a tarefa da maternidade seria tão desgastante, embora eu já tivesse um pouco de experiência com meus filhos do coração.

Optei por amamentá-lo em livre demanda e me fiz escrava do meu amor maior… E essa tarefa durou dois anos e meio, pois enquanto tive leite, amamentei-o. E confesso que não me arrependo de nada, pois tenho um filho extremamente saudável e feliz.

O Matheus é uma criança extremamente ativa e muito dependente de mim. Aliás, ainda não descobri se eu dependo dele ou ele de mim, para muitas coisas….Tenho consciência que preciso cortar o cordão umbilical que muitas vezes ainda encontra-se conectado.

Hoje ele tem três anos e muitos dias me sinto tão exausta que muitas vezes pensei estar doente. Até freqüentei médicos e uma bateria de exames eu já fiz para ter certeza que estava tudo certo com a minha saúde. Porém, minha saúde está ótima e o que sinto é apenas cansaço mesmo…

Cansaço de fazer as mesmas coisas dia após dia… Pois como não estou trabalhando, vivo exclusivamente para a família. Cansa cozinhar todos os dias e preocupar-se com o que vai fazer no almoço, no jantar, no lanche… Cansa dar banho (e aqui em Manaus isso ocorre pelo menos umas 3 vezes por dia – devido ao calor)…  Cansa limpar a casa, lavar a roupa, colocar pra dormir… Enfim, a vida de quem trabalha cuidando da família é tão ou mais estressante de quem trabalha fora.

Ainda sonho em dormir uma noite inteira, ou poder acordar sozinha, sem despertador ou o filho chamando. Aliás, acho que isso é meu sonho de consumo no momento.

Meu pequeno não tem o hábito de dormir à tarde, mas se ele dorme, eu durmo também. Largo a casa de mão e descanso, pois o cansaço acumulado faz a gente se sentir culpada, muitas vezes, por não conseguir dar conta de tudo…

Amanhã o Matheus começa a estudar, é a sua primeira experiência na escola e estou muito feliz, pois ele adora conviver com crianças e será um ambiente muito sadio para meu filho.

Sou pedagoga e no próximo ano pretendo voltar a exercer a minha profissão e voltar a cuidar um pouco de mim também, já que depois do nascimento do Matheus acabei me colocando de lado, pois não tenho somente ele para cuidar. Tenho também dois adolescentes que necessitam do meu apoio e do meu carinho (a filha menor do primeiro casamento do meu esposo pediu para morar com a mãe). Tenho em casa idades bem diferentes e com necessidades opostas, porém todos eles precisam de atenção e amor para crescerem com mentes saudáveis e felizes, podendo no futuro serem bons pais e bons homens.

Embora o sentimento de cansaço muitas vezes tome conta do meu corpo, o sentimento de amor e realização com a maternidade me fortalece e me faz muito feliz…

Tenho o amor de três filhos e a admiração e o reconhecimento de meu marido.

Ah, lendo vocês podem se perguntar: Ela nunca quis sair correndo? E eu digo, muitas vezes quis correr, ou ter alguns minutos de silêncio… Mas essa sensação passa e o que faz passar é a minha receita pra ser feliz: respirar fundo, deixar o cansaço de lado e buscar o sorriso dos filhos… Não há nada mais revigorante do que um abraço, um beijo… Ou seja, amor e carinho!!