Publicado em 30/07/2013, às 09h23 - Atualizado em 22/06/2015, às 17h48 por Redação Pais&Filhos
A cidade de Peshawar fica no Paquistão e é o centro administrativo do Território Federal das Áreas Tribais do país. Entre essas tribos, está a Pashtun, que é o celeiro da militância antiocidental e onde, também, estão as vítimas da pólio por causa da resistência à vacinação.
A guerra contra a pólio custa US$ 1 bilhão por ano e ainda deve durar pelo menos cinco anos. Quando começou, há 25 anos, 350 mil pessoas contraíam a paralisia por ano, em sua maioria crianças. Hoje, menos de 250 contraem a doença. Os três países que possuem vítimas são Afeganistão, Paquistão e Nigéria, que nunca chegaram a ter a difusão em nenhum momento.
Amostras de sangue, retrocesso da campanha
Em meados do ano passado, soube-se que em 2011 a CIA pagou um médico local para colher amostrar de sangue de crianças de um imóvel em Abbottabad para provar que eram parentes de Bin Laden. Shakil Afridi dava vacinas contra a Hepatite, mas apesar disso, a população se voltou contra as gotinhas contra a pólio.
Depois da descoberta, vacinadores locais foram mortos a tiros e comandantes do Taleban proibiram a vacina em seus territórios. Abdul Waheed Khan tinha uma clínica de vacinação do Rotary na escola Academia Naunehal e também foi perseguido e morto pelas gangues e o Taleban. Mesmo com o perigo e a perseguição que continuam, muitos voluntários se inscrevem no combate à doença, como as mulheres da família Bibi,em Karachi, que já perderam duas parentes assassinadas.
Soluções
Este ano, ocorreram apenas 21 casos de poliomielite no Paquistão, o que deixa muitos otimistas. Mas, o caso de Peshawar preocupa especialistas da Organização Mundial de Saúde. “Você pode conseguir uma cobertura de 90% da vacina e voltar em alguns meses e estar com 50%. As pessoas mudam rápido demais”, disse Elias Durry ao jornal americano The New York Times.
A Índia, maior rival do Paquistão em tudo, eliminou a pólio há dois anos, o que fere o orgulho dos profissionais deste. De acordo com o jornal, o sucesso da campanha contra a paralisia vem de atos individuais de coragem. O Rotary Internacional e seus executivos rotarianos usam seu dinheiro e suas conexões políticas para manter a pressão. Eles indenizaram as famílias dos vacinadores mortos, por exemplo.
A polícia tem combatido a violência com ações, como o fechamento de rotatórias para que as equipes abordem carro por carro.
Por fim, médicos conseguiram vacinar crianças este ano dando dinheiro como recompensa. Um médico contou ao The New York Times que começou com a ação ao ver uma menina de 11 anos com o irmão de 2 e disse “te dou 10 rúpias para você comprar doces e você me deixa vacinar seu irmão”. Deu certo e ele conseguiu imunizar 400 crianças que chegavam sem parar.
Informações do The New York Times em colaboração com a Folha de S. Paulo – notícia publicada na terça-feira, 30 de julho de 2013
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