Família

A participação do pai

Imagem A participação do pai

Publicado em 20/02/2013, às 21h00 - Atualizado em 30/01/2020, às 19h31 por Redação Pais&Filhos


21/02/2013

Nosso colaborador Cleiton Campos, pai de João, conversou com o pediatra Marcus Renato de Carvalho, pai de Clara e Sophie, sobre o vínculo entre o pai e a criança. Veja a entrevista na íntegra:

 1 – O que o pai pode fazer já durante a gravidez para dar início ao processo de formação dos laços com seu filho?

Acompanhar a gestação, participar das consultas de pré-natal, das decisões, e uma dica fundamental: ver e ouvir o seu bebê intra útero em uma consulta de ultrassonografia.

  2 – O pós-parto costuma ser um período também difícil para o pai encontrar o seu lugar. Nesse período o papel do homem se resume a dar suporte a esta entidade “mãe-bebê”?

Realmente é um período que o pai fica mais no banco de reserva do que dentro de campo J.  O homem pode até sofre “depressão pós-parto”, porque se sente excluído e perdeu o seio materno, a mulher…

Contudo, ele pode se sentir útil, apoiando a mulher, cuidando do bebê, incentivando a amamentação, realizando tarefas domésticas…

A depressão pós-parto masculina é pouco conhecida até entre os profissionais da área, mas isso não significa que seja rara. Do início da primeira gestação da mulher até o bebê completar um ano, um a cada dez homens tem a doença.

 O dado é de uma revisão de 43 estudos, com 28 mil participantes, que acaba de ser publicada no "Jama", periódico da Associação Médica Americana. Outros estudos apontam que, entre as mulheres, a taxa de depressão é de 15% a 20%.

 A metanálise revela também que o período entre o terceiro e o sexto mês de vida do bebê é o mais crítico para os homens. Nessa fase, 25% deles sofrem de depressão.

Por outro lado, os três primeiros meses após o nascimento são os menos problemáticos, quando apenas 7,7% dos pais desenvolvem depressão.

 "Nesses meses, a vida é muito corrida. O homem só começa a se dar conta do que está acontecendo depois do terceiro, quarto mês", acredita a psicóloga Fátima Bortoletti, que atende casais durante o pré-natal e o pós-parto no setor de obstetrícia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

 Na opinião dela, a taxa pode ser ainda mais alta – nos EUA, por exemplo, chega a 14%.

Vários fatores que coincidem nesse período podem funcionar como gatilho da depressão masculina, segundo o psiquiatra Joel Rennó Júnior, coordenador do Pró-Mulher do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.

 "Muitos homens sentem-se inseguros em relação aos cuidados com o bebê e à disponibilidade de tempo necessária para ter uma participação ativa na criação do filho. Alguns não conseguem entender as mudanças da mulher em relação à sexualidade e à forma como vê seu corpo na gravidez", afirma.

 A situação econômica, frente às novas necessidades familiares, também os preocupa. Por fim, sentimentos de rejeição e exclusão são comuns entre os pais novatos.

Como resultado, uma parcela dos homens compete com o bebê pela atenção da mulher, outra ignora o filho e há os que tentam afastar a mãe dos cuidados com a criança ou que buscam relações extraconjugais.

 Correlação

 A pesquisa reforça ainda a existência de correlação entre depressão masculina e feminina. "A mulher precisa da proteção do pai do bebê. Se ele passa a maior parte do tempo fora, a desproteção vem acompanhada do sentimento de abandono, que desencadeia a depressão feminina", diz Bortoletti.

Como o trio familiar funciona de modo integrado, o desequilíbrio afeta todos.

"A depressão masculina prejudica automaticamente a mãe, e o bebê é uma esponja emocional. Se seu parceiro está deprimido, ela fica insegura, irritada e passa isso para a criança, que pode ter problemas de aleitamento e dar mais trabalho", completa.     Publicado no www.aleitamento.com em: 28/3/2011

 3 – Qual importância do homem durante o aleitamento?

 Vários estudos comprovam que o pai quando orientado sobre a importância da amamentação, apoia mais a mulher e ela amamenta melhor e de forma mais prolongada.

4 – Tenho a impressão de que o assunto “formação de vínculo paterno” é uma preocupação muitas vezes da própria mãe e que o pai lida com essa questão de maneira mais instintiva. Procede? Ou o pai também está cada vez mais preocupado com o assunto?

Creio que algumas mães se preocupam se seus companheiros irão “adotar” seus próprios filhos… É importante lembrar que este vínculo pai-filho começa na gestação, se fortalece com a participação do pai no parto e se concretiza na maternidade, com os primeiros cuidados, com o colo paterno “sem leite” J também necessário para o recém-nascido.

Cada vez mais vejo pais interessados, participativos de grupos de preparação para o parto e primeiros cuidados, muito necessários hoje em dia.

Pesquisas científicas comprovam que recém pais estão banhados com mais prolactina (mais amor, menos libido) e menos testosterona (menos apetite sexual e menos atitudes agressivas).

Ser pai torna os homens mais femininos

 Estudo revela que a paternidade reduz significativamente os níveis de testosterona

Ser pai desperta o lado mais feminino dos homens. Um estudo da «National Academy of Cience» revela que a paternidade reduz significativamente os níveis de testosterona, o principal hormônio masculino.

Dizem os investigadores que com o nascimento de um filho os homens tornam-se menos agressivos e mais sensíveis.

Tudo isto seria mais verdade se o livro dos homens fosse escrito apenas com o código genético. Falta a cultura, a educação e a sociedade.

 Leia mais aqui no www.aleitamento.com: HOMENS com + PROLACTINA e OCITOCINA no NASCIMENTO de filho (a)

5 – De que modo as mães costumam atrapalhar a formação do vínculo paterno (digo, sem ter a intenção)?

 As mulheres no período puerperal se comportam como verdadeiras “leoas” na proteção de sua cria, impedindo a atuação dos homens… Muitas vezes esta atuação é inconsciente: “ele não sabe pegar o bebê no colo”; “ele não troca a fralda direito”; “ele é desajeitado”… Nunca os homens irão atuar da mesma forma que as mulheres, é mesmo outro jeito, mas não deve ser desqualificado… Há também um preconceito de gênero, um machismo ainda na sociedade…

6 – E o que elas podem fazer para ajudar na formação desse vínculo?

Convocando o homem para dar colo, levar ao pediatra, às vacinas… E mesmo que a fralda fique “torta”, elogiá-lo, encorajá-lo…

7 – O que é essa figura do “novo pai” que tenho lido a respeito? Dá pra dizer que o homem de hoje não se contenta mais apenas com o papel de mero provedor material?

Os homens estão se descobrindo como novos pais, presentes, cuidadores, exercendo a “paternagem” – um modo próprio, físico-corporal de lidar com o bebê…

Desde 2003 realizo uma “Campanha de Valorização do Cuidado Paterno” para mostrar para a sociedade o valor da presença e participação do homem na criação dos filhos. O contato do pai com o filho é benéfico para a criança, para a mulher e para o próprio homem – ser pai faz bem à saúde.

8 – Qual seria o tempo ideal da licença paternidade? Quais os efeitos na relação pai-bebê causados por um tempo tão curto de licença?

Poderíamos avançar para 15 dias imediatamente e em curto prazo passar para 30 dias. Há vários projetos de lei no Congresso Nacional.

Cinco dias é um tempo muito curto para cumprir tarefas burocráticas e tomar providências domiciliares, trabalhistas… que roubam o tempo do contato com o recém-nascido.

 Seguridade aprova ampliação de licença-paternidade para 30 dias
   A Comissão de Seguridade Social e Família aprovou, nesta quarta-feira (10 de dezembro de 2009), o PL 4.028/08, da deputada Rita Camata (PMDB/ES), que amplia para 30 dias o período de licença-paternidade para trabalhadores de empresas participantes do Programa Empresa Cidadã (Lei 11.770/08).

 A licença-paternidade representou enorme avanço na Constituição, que nos termos do artigo 7º, inciso XIX, c/c artigo 10, parágrafo 1º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias determinou que o prazo da licença fosse de cinco dias.   Pela proposta, os pais terão direito ao benefício quando suas mulheres trabalharem em empresas que não façam parte do programa.

O texto determina que a licença prolongada do homem comece imediatamente após o término da licença-maternidade e deverá ser requerida no primeiro mês após o parto.

Para o relator, deputado Eduardo Barbosa (PSDB/MG), "nada é mais razoável que garantir a devida compensação aos pais pertencentes a empresas participantes do Empresa Cidadã para que contribuam mais diretamente na criação dos filhos".

 Supersimples
O texto aprovado também estende a possibilidade de adesão ao programa a empresas tributadas com base no lucro presumido e àquelas optantes pelo Simples Nacional (Lei Complementar 123/06).

Nesse caso, permite-se a dedução do salário do empregado durante o período excedente de licença-maternidade ou paternidade apenas do Imposto de Renda e da Cofins.

Eduardo Barbosa lembra que o texto original da Lei 11.770/08 previa a inclusão dessas empresas, mas essa parte foi vetada pelo Executivo.

O deputado ressalta que as micro e pequenas empresas correspondem a cerca de 90% do total de empresas do País. Com sua inclusão no Empresa Cidadã, portanto, "número significativamente maior de trabalhadores será beneficiado", destaca.

 Tramitação: A proposta segue para análise conclusiva das comissões de Trabalho; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.       Publicado no www.aleitamento.com em: 1/3/2011

9 – O papel do pai tem a ver com “empurrar o filho pro mundo”. É possível afirmar que, para reforçar os laços com o filho, é necessário romper um pouco dos laços da própria mãe, cuja tendência é sempre manter a cria “o mais próximo possível do útero”?

Há uma citação Maia (pré Colombianos) que retrata estes dois movimentos – o materno que é de deixa-lo no colo e o paterno que é de “mostrar o mundo”, afastá-lo do colo materno…

“No bebê está o futuro do mundo.
A mãe precisa abraçá-lo forte para que ele saiba que o mundo é dele.
     O pai precisa levá-lo até o monte mais alto, para que ele veja como é o seu mundo."

 Ditado Maia.

Dica final: no nosso site www.aleitamento.com há um “setor” só para os homens, com toques, artigos, exemplos, depoimentos, direitos…


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