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Copas das saudades

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Publicado em 17/04/2014, às 10h35 - Atualizado em 20/05/2021, às 05h48 por Redação Pais&Filhos


A minha primeira Copa do Mundo vivi ao pé do rádio, em 1958, ao lado de meus dois irmãos e de meu pai, que, mesmo sendo um fumante moderado, não tirava o cigarro da boca durante os 540 minutos dos seis jogos que levaram a Seleção Brasileira ao seu primeiro título, na Suécia, de maneira invicta, cinco vitórias e um empate.

Eu tinha 8 anos e me lembro vivamente das vozes que pareciam vir do além, em ondas que se aproximavam e fugiam dos ouvidos. “Plaaaacar na Suéciaaaa; Braaasil ciiinco, Suéciaaa doooois”, anunciava o narrador, que chmávamos, então, de speaker, para decretar que a Copa do Mundo é nossa e que com brasileiro não há quem possa.

Minha primeira Copa como pai foi 20 anos depois, em 1978, na Argentina, acompanhada pela TV, quando eu já tinha três filhos, mas só o mais velho, André, com quase 5 anos, entendia um pouco a importância do momento.

Eu trabalhava na revista Placar e andré, não me pergunte por quê, havia se tomado de amores pelo Londrina, cuja camisa era parecida com a da seleção argentina, razão pela qual, acredite, ele torceu pelos hermanos e, assim, a exemplo do pai, também se deu bem em sua primeira copa, pois a Argentina foi campeã.

Pouco antes o mesmo André dizia que era torcedor do “Acrédito Paranamense”, o que me fez acreditar que ele, paulistano, preferia ter nascido no Paraná.

E veio a minha primeira Copa fora de casa, quatro anos depois, na Espanha, uma Copa inesquecível, porque, como diria o compadre Washington Olivetto, a primeira não se esquece. Foi a mais doída de todas, não só pela famosa derrota do esquedrão Telê Santana, Zico, Sócrates e Falcão, como, ainda, pela minha primeira separação por mais de dois, três dias, de meus três pimpolhos de então, André, Daniel e Camila.

Até que eles ficassem grandes, chorei escondido em todas as despedidas naquela e nas Copas posteriores, em 1986, no México, e em 1990, na Itália. Só para os Estados Unidos fui mais tranquilo, porque a Camila, a caçula, completara 16 anos.
Não durou muito, porém, porque em 1998, na frança, havia o Felipe, e de novo doeu muito a dor da saudade de uma criança, a mais dolorosa de todas as dores. Pense, então, como foi com a suadade, primeiro da neta e, depois, das netas.

Na Alemanha, em 2006. Eu via a Luiza, então com 1 ano e meio, pela tela do computador e não conseguia conter a emoção, torcendo para a Copa acabar e voltar para amassá-la. Pior mesmo só na Copa seguinte, na África do Sul, quatro anos atrás, porque daí existia também a Julia, com 2 anos e meio. Chorava-se tanto ao telefone ou ao computador que resolvemos parar de nos ver daquele jeito…

Na verdade, viajei tão contrariado que, por óbvia causa emocional, tive uma queda de resistência e levei para Joanesburgo um incômodo zunido no ouvido esquerdo, fruto de um ataque sórdido, e ensurdecedor, de herpes-zóster.

Agora, enfim, a Copa será no Brasil. Quer dizer, digo isso apenas porque a sensação de distância será menor e porque a abertura será em São Paulo, onde moro, no estádio do Corinthians.

Porque seráo 40 dias entre Teresópolis, onde a Seleção Brasileira se preparará a parir de fins de maio e, depois, vários destinos pelo país e, tomara, até chegar ao Rio, no Maracanã, para a grande final.

Se o time do Felipão perder antes, as saudades serão abreviadas, mas, por maiores que sejam, e serão, não torcerei por isso, ao contrário. Não nego, apenas que, se acontecer, ao menos terei uma compensação.

Pois seja ou não seja a Copa do Mundo nossa, é a com a falta das netas que não há quem possa.


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