Família

Lugar de homem é na cozinha

Imagem Lugar de homem é na cozinha

Publicado em 04/04/2014, às 17h36 - Atualizado em 26/04/2021, às 07h58 por Redação Pais&Filhos


Desde os anos 60, as mudanças no mundo e os movimentos feministas levaram as mulheres a ocupar outros papéis na sociedade, para além da batalha do tanque e do comando do fogão. Essa mudança, que representou para elas a libertação de viver apenas um mundo doméstico, permitiu que os homens passassem a se apropriar mais da casa e dos seus afazeres. Tanto que hoje, em muitas famílias, são os pais que esquentam a barriga no fogão – e com muito prazer!

A chegada dos homens à cozinha vem acontecendo devagarinho. Aos poucos, eles estão ficando menos tímidos na relação com as panelas. Embora não exista um levantamento sobre o Brasil, uma pesquisa da Universidade de Michigan de 2012 mostrou que, entre os americanos da chamada geração X (nascidos entre 1961 e 1981), os homens cozinham em média oito refeições por semana. Ok, ainda ficam atrás das mulheres, que preparam por volta de 12, mas estão avançando. Além disso, também assistem a programas de culinária ao menos uma vez por mês e fazem as compras mais de uma vez por semana.

Em uma pesquisa de opinião no Reino Unido em 2011, mais de 50% das mulheres disseram que o marido cozinha melhor do que elas. Será mesmo verdade, ou uma forma de levantar a moral dos rapazes e incentivá-los ainda mais a assumir a tarefa?

Na casa do editor Diogo Martins de Santana, de 31 anos, a esposa garante que é verdade, sim: as refeições preparadas por ele saem melhor do que as dela. “Quando a gente casou, a comida feita por ele era horrível , mas ele logo começou a aprender”, conta sua mulher, Natália. Hoje, com a filha Valentina, de 2 anos, a rotina da família é Natália fazer pratos rápidos, enquanto as refeições preparadas por Diogo são mais cuidadosas. “Por mim, como qualquer coisa. Cozinho e me esforço para elas; se a Valentina pede para repetir, me sinto muito feliz”, conta. Diogo começou a cozinhar com frequência numa época em que trabalhava em casa e a esposa, fora. Quando voltou a trabalhar em um escritório, manteve o chapéu de cozinheiro. “A Valentina almoça na escola e nós, na rua. Mas eu faço o jantar dia sim, dia não, e cozinho sempre aos finais de semana”, diz o pai.

Foi uma questão de ordem prática que levou o diretor de cinema Fábio Capellini, de 44 anos, pai de Luiz Fernando, de 4 anos, e João, de 2, a se tornar o chef oficial da casa. “A Gabriela entra no trabalho às 8 horas e chega só à tarde; eu trabalho em casa, então era natural que eu cuidasse do almoço”, diz.

Quando se casaram, nenhum dos dois sabia cozinhar. “Antes mesmo de os meninos nascerem, por uma questão de sobrevivência, tivemos de aprender. Descobrimos juntos que cozinhar pode ser um prazer”, conta Fábio. Até dominar a arte das panelas, foram muitos telefonemas para a mãe, muitos vídeos assistidos na internet e, sobretudo, muitas tentativas. “Aprendi com a barriga no fogão”, diz ele. Fábio acabou se transformando em um cozinheiro habilidoso. “Minha mãe sempre fez um arroz maravilhoso. Mas hoje brinco com ela que o meu é mais gostoso.”

Além de preparar uma comida saborosa, Fábio ainda atua como guardião dos bons hábitos alimentares da casa. “Só faço arroz integral, não uso óleo, cozinho tudo com pouco sal – até porque preciso cuidar do meu colesterol por ser hipertenso. Quando a  Gabriela cozinha, tenho que dar uma vigiada, porque ela usa muito sal”, diz.

Amor antigo

Se para alguns dos homens entrevistados o gosto por cozinhar nasceu da necessidade, para outros é um caso antigo. Eduardo Carvalho, 34 anos, pai de Helena, de 4 anos, e Laura, de 6 meses, sempre gostou de cozinhar. “Desde pequeno minha mãe me deixava ‘brincar’ na cozinha. Comecei fazendo bolo, pão de queijo, brigadeiro. Na adolescência, passei a cozinhar mesmo”, conta Eduardo. “Queria assumir a cozinha depois de casado. Mas na correria do dia a dia, acabei dividindo a função com minha mulher”,

Foi quando a primeira filha nasceu que a responsabilidade de cozinhar ficou dele de vez. Hoje, Eduardo mora em Vinhedo, trabalha em horário comercial em São Paulo. No sábado, prepara todos os almoços da família da semana, uma tarefa que lhe ocupa o sábado inteiro. Começa cuidando das compras, feitas em etapas no mercado, no sacolão e no açougue. Depois, põe a mão na massa e prepara as refeições, que vão para o congelador já separadas em porções, prontinhas para serem apenas descongeladas pela esposa. “É preciso organização e uma boa disciplina”, reconhece.

Incluiu recentemente uma tarefa extra: preparar as papinhas da pequena Laura, que acabou de entrar na comida. “Vou seguindo as indicações do pediatra, acrescentando aos poucos outros tipos de alimentos, como fiz com a Helena”, conta.

Truques de profissional

Filho de chef, bom de garfo é? Carlos Bertolazzi, 43 anos, chef de cozinha e apresentador do programa Homens Gourmet, do canal Bem Simples (e um dos participantes da matéria Comidinha Gourmet, nesta edição), tem certeza de que isso aconteceu com ele pela dedicação a instigar o paladar do filho Enrico, 3 anos, desde que começou com as papinhas. A estratégia foi variar sempre, oferecendo muita opção. “Pensava em liberdade sobre os ingredientes e combinações”, conta Carlos. “Se ele podia comer pato e podia comer laranja, por que não uma papinha de pato com laranja? Se já podia comer carne moída, então que tal uma carne de cordeiro moída?”, lembra Carlos.

Carlos também tem grande prazer em deixar o filho participar do preparo. “Ele faz comigo coisas como bolo e pizza. Sempre que vou fazer algum prato diferente, faço questão de convidá-lo para ver. Ele tem até utensílios só para ele.” Caminho semelhante está sendo trilhado pela pequena Alexia, de 7 meses. Seu pai, Cristian Schiffler, 46 anos, trabalha há muitos anos com empresas fornecedoras de alimentos para restaurantes e buffets. Ele é daqueles que gosta de experimentar na cozinha. “Fiz há cinco anos um curso para preparar  massas caseiras e tinha muitos outros homens na turma”, lembra.

Quando se tornou pai, abraçou um novo desafio: fazer as papinhas. Como tem horários de trabalho flexíveis, foi ele que acabou ficando responsável por preparar e dar as papinhas da filha de manhã e no fim do dia. “É muito gratificante. Primeiro, o preparo é uma verdadeira terapia”, conta Cristian. As refeições oferecem uma excelente oportunidade de tornar  pai e filha muito próximos. “A aceitação dela está sendo ótima; é um prazer ver como fica feliz”, conta o pai, que preparou, por exemplo, um inusitado suco de kiwi com caqui – que Alexia adorou.

Cristian segue à risca todas as orientações do pediatra e acabou aprendendo vários truques para não colocar sal nem açúcar na alimentação da filha. “Uso muitas ervas, cebola e azeite para dar gosto. Para dar abacate sem açúcar, misturo banana, que é uma fruta naturalmente bem doce”, diz, revelando uma de suas descobertas recentes.

À medida que os pais na cozinha se soltam e trazem para os pequenos seu jeito de pensar a comida, o resultado é que introduzem novidades nos paladares. Gostoso este mundo em que as famílias dividem as tarefas por afinidade!

Receita de papinha inventada por Cristian Schiffler, pai de Alexia

Ingredientes

  •  3 alhos pequenos
  • 1/2 cebola
  • 5 champignons  lavados
  • 200 g de músculo limpo
  • 1 cenoura
  • 1 chuchu
  • 2 mandioquinhas
  • 1/2 abobrinha
  • 1 colher de sopa de alho poró
  • dill fresco a gosto
  • 5 folhas de louro
  • 1 colher de chá de erva doce
  • 1 colher de chá de noz moscada

Modo de preparo:  Na panela de pressão, coloque o alho, a cebola e o champignon picados. Refogue tudo, acrescente a carne e deixe tomar cor. Depois, coloque todos os outros ingredientes e mexa. Deixe refogar e acrescente 2 litros de água. Tampe a panela de pressão e aguarde em fogo baixo a panela iniciar a pressão – com o barulho característico. Deixe na pressão por 20 minutos em fogo baixo e desligue.


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