Publicado em 23/10/2013, às 14h22 - Atualizado em 30/01/2020, às 19h31 por Redação Pais&Filhos
Filhos são escolhas que fazemos para a nossa vida. E por se tratar de uma escolha que envolve amor, doação, dedicação e educação, muitas vezes não sabemos o “melhor caminho” a trilhar. Como diz o outro, o melhor caminho é aquele que a gente resolve seguir. Então, assumir nossas escolhas e ficar satisfeito com elas é a diretriz.
Quando, aos 25 anos, tive a Izabel, hoje com 5 anos, não fazia ideia sobre o que era ser mãe, mas sabia que queria muito viver essa experiência. As complicações no parto – Izabel teve asfixia perinatal decorrente de uma circular de cordão e, a meu ver, uma má condução do parto – e o estado o qual eu a vi nascer – deprimida, cianótica e sem reação -, mostraram que acima de tudo eu “precisava” que aquele ser gerado por mim sobrevivesse. Não pensei em sequelas, não pensei em nada além da vida.
Mal sabia que os próximos 3 meses seriam uma corda bamba. Bebel ficou internada em estado muito grave na UTI Neonatal e só teve alta com 82 dias, quando fomos para um quarto pediátrico e ficamos mais duas semanas até ela receber a alta definitiva.
Apesar das complicações pós-parto, tive uma gravidez sem complicações e não conhecia ninguém que tivesse ficado tanto tempo com um recém-nascido internado. Tive uma sensação de que aquilo só estava acontecendo comigo… Péssimo. Mas é vida que segue.
Devido ao problema no parto, minha filha evoluiu com lesões no cérebro, sendo caracterizada como uma criança com paralisia cerebral, coisa da qual eu pouco tinha ouvido falar até então. Durante os primeiros dois anos de vida, fui inteiramente dela. Não trabalhava, não estudava, apenas cuidava dela, estudava a sua vidinha, administrava as consultas, os tratamentos, os remédios… Foi um período bacana, mas eu sentia falta de viver além daquilo, de ser mais completa como ser humano e não me restringir à vida de mãe, que é uma delícia, mas para mim precisou ter tempo limitado. Até mesmo porque eu me separei – e não gostaria e nem poderia depender do meu ex-marido para nada.
É desafiador ser mãe, ter um filho com necessidades especiais e, ainda por cima, ser profissional. Eu curto desafios e acho que ainda busco por eles. Muitas vezes a culpa bateu à minha porta – ainda bate – nas vezes que penso que poderia estar mais com a minha filha, ser mais mãe do que qualquer outra coisa… Mas aí penso melhor e acredito que ela também precisa e gosta dessa independência. Saber que a mãe vai trabalhar e vai voltar para colocá-la para dormir (quando o trânsito colaborar), e que nos finais de semana vamos passar o dia juntas, passeando, brincando. Aquele tempo que é só nosso.
Combato a minha culpa pensando nesses momentos e na qualidade daquilo que vou poder dar para ela materialmente e emocionalmente.
Quando a Bel tinha 1 ano e 6 meses, eu ainda não estava trabalhando, resolvi então começar a escrever um blog sobre a sua história (http://maedaizabel.blogspot.com). Não era um trabalho remunerado, mas eu me sentia útil compartilhando a minha experiência.
O blog cresceu, tem vários seguidores e já ajudou muita gente a encontrar tratamentos para os filhos especiais, além de servir como apoio para pais que estão passando por situações semelhantes às que eu vivi. Resolvi então transformá-lo em livro pela Editora Multifoco.
O livro “Mãe da Izabel – a História Normal de uma Menina com Paralisia Cerebral” será lançado na próxima terça-feira (29/10), a partir das 19h, na própria editora (Rua Mem de Sá, 126 – Lapa, RJ). Após o lançamento o livro poderá ser adquirido nos sites da Livraria da Cultura (www.livrariacultura.com.br) e da Travessa (www.travessa.com.br) e, também, no site da Editora Multifoco.
Mãe da Izabel – a História Normal de uma Menina com Paralisia Cerebral, de Bruna Saldanha
Ed. Multifico (www.editoramultifoco.com.br), R$ 33
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