Publicado em 22/03/2022, às 10h01 - Atualizado em 23/03/2022, às 09h36 por Redação Pais&Filhos
Um vídeo circulou nas redes sociais onde mostra um bebê de 6 meses com fita adesiva na boca por chorar demais. A cena é revoltante e mostra o desespero da criança chorando com a fita na boca, o homem que está gravando retira a fita e o bebê continua chorando.
Após retirar a fita o homem se dirige até o outro cômodo onde a mãe está sentada no chão mexendo no celular, e o homem pergunta: “Você tá doida? Colocar fita na boca da menina? Só pode estar doida né!” Até o momento ninguém do vídeo foi identificado, mas torcemos para que essa atitude não seja repetida.
De acordo com Philip Sanford Zeskind, PhD do Levine Children’s Hospital, nos EUA, “o choro tem papel central na sobrevivência, na saúde e no desenvolvimento da criança”. Mas a importância dessa manifestação não se atém à sobrevivência. Segundo William Sears, ou dr. Sears, médico pediatra defensor da Teoria do Apego e autor de diversos best-sellers incluindo Criança Bem Resolvida, o choro é um alerta perfeito: funciona de forma automática, sem margem de erro; é perturbador o suficiente para chamar a atenção do cuidador, mas não tão alto que o faça querer evitá-lo; e, principalmente, evolui junto com a prática. Ou seja, após um tempo, os pais conseguem identificar a razão do choro e ajudar o bebê. Assim, o choro torna-se um importante meio de criação de vínculo e confiança, sendo não só uma forma de comunicação do bebê.
Mas, afinal, por que é tão difícil para os pais lidarem com o choro de seus filhos? Por que temos tanta dificuldade para decodificar essa mensagem? Segundo Carolina Araújo Rodrigues, mãe de Isabela e Gabriela, neuropsicóloga e mestre em Psicologia do Desenvolvimento pela USP-SP, a evolução da sociedade modificou profundamente a estrutura familiar e, com isso, a relação mãe-bebê. A partir do momento em que outras preocupações passaram a fazer parte da vida da mãe, como trabalho, estudos, é natural que a atenção se divida. Porém, quanto mais dedicação e observação os pais puderem dar nos primeiros meses de vida da criança, mais forte será essa conexão e mais natural o processo para que a criança se acalme.
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