Publicado em 09/06/2020, às 08h44 por Bianca Sollero
Se desse para desenhar um gráfico ilustrando tudo o que precisamos para educar nossos filhos com mais leveza, conforme apresentei no meu penúltimo texto aqui, possivelmente ele ficaria mais ou menos assim:
O autoconhecimento, portanto, se divide em olhar para sua criança interna e olhar para várias outras questões que vão definir a sua saúde mental e o seu equilíbrio emocional.
Criança interna é o conjunto de memórias e experiências que você vivenciou na sua infância ainda que você não recorde muito bem das coisas que fizeram parte da sua infância elas estão ali no seu inconsciente e elas são ali suscitadas e virão a tona através de gestos, expressões, medos e angústias toda vez que você tiver uma criança na sua frente.
Quando essa criança for o seu filho isso vai vir de uma forma mais forte porque o vínculo com o seu filho é mais forte. Olhar para essa criança interior é importantíssimo porque é como se a gente usasse um óculos invisível através do qual a gente enxerga as crianças, nossos filhos. Esse óculos foi configurado pelas nossas experiências de vida especialmente as da nossa infância, que são guardadas consciente ou inconscientemente pela nossa “criança interior”. O que acontece é que, se a gente não limpar essa lente, a gente não vai conseguir enxergar o nosso filho como ele É, na sua própria essência, e aí não será impossível acontecer uma educação leve, autêntica, nem muito menos respeitosa de fato.
Muitas vezes, aquela raiva que a gente sente de um comportamento inadequado do nosso filho ou aquele incômodo de ouvir demais aquele choro vem por conta de uma raiva e um choro nosso, da nossa infância, que foi oprimido naquela época. Assim, é como se a nossa criança interna viesse na hora e falasse: “se eu não podia fazer isso quando eu era criança, então meu filho também não pode!”. Baseado neste pensamento tão forte, embora muitas vezes inconsciente, a gente acaba agindo para oprimir essas emoções. O problema é que, fazendo isso, damos continuidade a um ciclo vicioso de opressão das emoções, que acontece na humanidade há séculos.
Quanto mais a gente oprime as emoções, menos a gente consegue acessar os nossos verdadeiros potenciais, a nossa autenticidade, a nossa criatividade e aí tudo fica mais pesado para os dois lados: o seu e o da criança. Por isso, claramente o autoconhecimento do adulto começa a quebrar este ciclo porque começa a dar lugar para as suas próprias emoções. Naturalmente, quando isso acontece, o adulto está mais preparado para dar lugar às emoções da criança, acolher e lidar com os “comportamentos inadequados” e as “birras“, inclusive.
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