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Apresentei a palavra racismo para minha filha aos 4 anos

A conversa aconteceu depois dela sofrer o primeiro episódio de preconceito por conta da cor da pele - Shutterstock
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Publicado em 16/07/2020, às 13h47 - Atualizado às 13h51 por Toda Família Preta Importa


**Texto por Lugana Olaiá, jornalista, mulher de axé, mãe de Suaila

Nem sempre os primeiros meses de gravidez são destinados às conversas com o bebê. Em geral, as mães vão intensificando este vínculo à medida que a barriga vai crescendo e os chutes ficando mais fortes. Muitas vezes, nos perguntamos qual será a idade certa para explicar o que é racismo aos nossos filhos. É comum, nas famílias pretas, que esse diálogo seja adiado sempre que possível.

A conversa aconteceu depois dela sofrer o primeiro episódio de preconceito por conta da cor da pele (Foto: Shutterstock)

Criamos nossos filhos para o mundo, sim. E ele ainda é um mundo racista. No entanto, não existe cartilha ou manual que nos ensine a melhor forma de abordar este tema durante a pequena infância. Com isso, vamos repassando um dos primeiros ensinamentos ancestrais que recebemos dos nossos mais velhos: lidar com as circunstâncias e adversidades à medida que elas são jogadas no nosso caminho.

Aqui em casa, optamos por tratar do assunto após o primeiro caso de racismo na escola. Foi preciso encontrar um discurso realista para dar significado àquela experiência, e ainda um toque lúdico de preparar minha filha para o que ela vai ter que lidar por ser uma criança preta. Sabemos que é dever da família e da comunidade, incluindo a escola, desenvolver maneiras de falar sobre as descobertas e a relação dos pequenos com o seu próprio corpo e também com o outro. O que não está em você, por si só já constitui uma diferença. Sabemos que ninguém é igual e a partir deste ponto é que nasce a narrativa da estética e do respeito com o espaço físico que cada um ocupa no mundo.

É natural que apareçam questionamentos sobre as semelhanças, os sinais e os traços físicos de cada família. O que não podemos continuar naturalizando é que as crianças cresçam acreditando que existe uma hierarquia biológica entre raças ou etnias. Não devemos permitir que nossas crianças sejam doutrinadas a partir da exclusão e superioridade entre brancos e negros.

Parece óbvio, contudo vale ressaltar que ainda se faz necessário um diálogo profundo sobre onde estão as raízes do racismo na nossa sociedade. E somente quando estamos abertos e dispostos é que existe a chance de aprendizado real, quando criamos espaço para que outras histórias sejam construídas. Existem diversas possibilidades de conhecer pessoas pretas e ouvir suas vozes, entender quem são os descendentes nascidos nesta terra e o que significa para nós caminhar ao lado deles como iguais.

Lugana ao lado da filha, Suaila (Foto: Arquivo Pessoal)

Tem um termo que é usado com frequência para dar visibilidade aos discursos, principalmente quando se tratam questões raciais e de gênero: “lugar de fala”. É essencial pensar que o branco tem o lugar dele diante do debate racial. Não é um lugar de silêncio e isenção do problema. Os questionamentos e as percepções precisam de vários ângulos para uma compreensão total, e deste modo, é imprescindível que cada indivíduo tome para si a responsabilidade sobre a desconstrução do racismo enquanto pauta pública e social.


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