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Como você ensina o seu filho a romper a estrutura da sociedade?

É preciso combater o racismo e isso se inicia na infância - Shutterstock
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Publicado em 05/11/2021, às 08h36 por Toda Família Preta Importa


**Texto por Laura Queiroga, publicitária pela PUC Minas, pós-graduada em Marketing Digital e pesquisadora do GrisLab UFMG. Faz parte do time de Comunicação do Instituto Identidades do Brasil – ID BR, admira lideranças empáticas, comunicação humanizada e por ser deficiente auditiva, dá palestras sobre a Deficiência Física x Mercado de Trabalho. Filha de Fátima e Francisco.

É preciso combater o racismo e isso se inicia na infância
É preciso combater o racismo e isso se inicia na infância (Foto: Shutterstock)

Você, mãe de filhos e filhas negras sente que precisa colocá-los em um pote de vidro onde nenhum mal possa atingi-los? Com os casos cada vez mais agravantes de racismo, como prepará-los para enfrentar o mundo? Precisa ser o melhor da turma, pois deve lutar três vezes mais para mostrar o seu valor. Andar sempre bem vestido, assim, quem sabe o segurança do shopping para de ficar seguindo na próxima vez? E os eletrônicos, será que vai ter que começar a andar com a nota fiscal guardada no bolso?

Afinal, recentemente um jovem negro foi acusado de furtar a sua própria bicicleta quando passeava em um bairro nobre no Rio de Janeiro. Quanto à moradia, onde é mais seguro? Na favela a truculência policial limita cada vez mais a chance de viver, enquanto nos bairros nobres, a sociedade faz questão de mostrar – através de olhares de reprovação e questionamentos – que ali não é o seu lugar.

Eu, filha de uma mulher branca e um homem negro, nunca entendi porque sempre fui excessivamente cobrada na escola. Eu precisava ser a melhor em tudo, afinal, como meu pai um dia me disse: “Você é a última escala na sociedade. Primeiro é o homem branco, depois a mulher branca. Em seguida vem o homem negro e por fim a mulher negra. Isso significa que você precisa lutar três vezes mais para ocupar um espaço que para eles é extremamente natural.” Eu tinha dez anos e essa frase ecoa até hoje em minha memória.

Eu cresci em um bairro nobre, e nunca entendia porque era sempre vítima dos olhares suspeitos na fila do supermercado, ou nas lojas do shopping. Com treze anos minha mãe me disse pra eu andar sempre bem vestida, assim não me confundiriam. Quando eu tinha quinze anos minha mãe teve uma filha do segundo casamento, uma criança branca. Eu e minha irmã somos fisicamente idênticas, o que nos diferencia é a cor da pele. E essa única diferença é a responsável por nos proporcionar experiências absurdamente diferentes na sociedade.

Quando eu tinha dezoito anos, me perguntaram diversas vezes como era ser babá daquela criança. Com vinte e um, me perguntaram quanto eu cobrava para fazer faxina. Eu ando sempre bem arrumada, o que aprendi quando tinha treze anos, e ainda assim, seguranças me seguem em shoppings e em filas de supermercado. Eu tenho graduação e pós-graduação, e mesmo assim insistem em me confundir com empregada doméstica ou babá, como se somente essas fossem as minhas oportunidades na vida. E não são!

Agora falo novamente com você, mãe de filhos e filhas negras, que sente que precisa colocá-los  em um pote de vidro para que sejam capazes de suportar essa dor lacerante do racismo. Ensine-os a serem os melhores em suas turmas, para assim, inspirarem outras crianças. Ensine-os a se vestirem bem, não pra se defender de uma sociedade doente, mas porque eles precisam normalizar o luxo em suas vidas. Ensine-os a combater o racismo estrutural da nossa sociedade, afinal, com a nossa força podemos romper essa estrutura. Porque quando um indivíduo preto se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ele.


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