Publicado em 23/07/2015, às 07h11 - Atualizado em 13/01/2021, às 09h29 por Com a Palavra
Tive insônia. Não é nenhuma novidade na minha vida. Vez por outra, ela ataca. Não é nada muito preocupante, ela chega a convite do stress – esse, sim, preocupante. Acordei às 4:30 da manhã depois de um resmungo doce e pueril da minha menina à procura de sua cúmplice de noites bem-dormidas: a chupeta. Virei-me pro lado e foi aí que aconteceu. A insônia chega como um assalto lento e tenebroso de que você, quando se dá por si de que talvez aconteça, já está refém. Minha cabeça foi a todos os lugares possíveis e imagináveis.
À violência das ruas, à violência contra os professores, ao caos sistemático instalado na minha pátria-mãe, à saudade de minha mãe, uma sensação de desproteção enraizada na alma desde que fui forçada a me entender por gente, ao medo de perder meu filho, ao inegável cansaço da caça ao leão diário desse meu ofício, à vontade de sumir, à vontade de me mudar do país por uma vontade inflamada de expandir, às duas contas atrasadas que ainda não lembrara de pagar, à reunião com o advogado para tentar entender tanta coisa, à mancha das mãos alegres e satisfeitas que teimam em passear nas minhas paredes brancas, à obra da cozinha que parou há dois anos mas que não deveria ter parado (rapaz, quem foi o responsável por tal lambança, mesmo?), à carteira de motorista vencida, às férias que não tiro desde nem-lembro-quando, aos exames de sangue e mamografia que ainda não fiz neste ano, às vacinas das crianças que já já vencem, às roupas das crianças que cresceram e estão andando curtas por aí, à possível obra imensa que terei que fazer por causa de uma impermeabilização malfeita, ao medo de uma chuva forte invadir o estúdio (já que a impermeabilização está falha), à visita que não fiz ao meu afilhado, à visita que não fiz ao irmão do afilhado, à festa de aniversário das sobrinhas de consideração que não consegui ir, ao financiamento, às compras sem glúten, à dedetização atrasada, ao oftalmologista e ao dentista e ao ortopedista, à dieta dos malditos 6kg que ainda não larguei, à incompreensão do que pode ser que esteja acontecendo com os valores e ética e moral e educação e cívica do ser humano, ao pavor absoluto dos extremismos espalhados por aí, à raiva da mentira generalizada e da manipulação, à constatação de que mentes perigosas estão mais perto do que eu gostaria, à matéria da revista que fala da síndrome do “burn out”, à saudade de dançar sozinha no escuro do meu quarto, aos malandros que faltam com honra para pagar serviços prestados, à fofoca, à obrigatoriedade das redes sociais, à hiperatividade mental, aos emails que detesto checar, aos passeios na Lagoa que não dou há muito tempo, ao mar do sul da Bahia, que meus pés não encontram há um tanto tempo mais, ao medo babaca de parecer uma mimadinha ridícula quando me vejo percebendo tudo isso apesar de gozar de uma vida…
E aí minha menina acordou e eu fiquei zumbiando pela casa o resto do dia.
A conclusão? Também não sei.
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