Publicado em 05/10/2019, às 10h34 - Atualizado em 10/10/2019, às 13h41 por Cris Guerra
Nesse mundo onde as crianças desenvolvem habilidades digitais cada vez mais cedo, a grande dificuldade é se concentrar em um único assunto. O que falta hoje é essa atenção a cada coisa – o cabelo da boneca, o trajeto das formigas ou essa demora para chegar o Natal. Mas essa ansiedademoderna não é privilégio dos mais jovens. Estamos todos, adultos e crianças, necessitando de um banho da velha infância.
Na fazendada minha avó, minha obsessão quando pequena era ser dona de uma galinha – linda, branca pincelada de amarelo. Enquanto os irmãos e primosmais velhos tinham cavalos, para mim sobrara uma galinha. Ou meia. A outra metade era do meu irmão. Não me lembro se a bichinha acabou no molho pardo, porque outra coisa logo me distraiu. No velho armário da casa da fazenda, orelhas brancas me fizeram coelha, um pedaço de filó virou véu de noiva e de pijamas me casei. Última neta e temporã, aprendi a brincar comigo mesma (também no sentido figurado). As lembrançasque eu enxergava com certa melancolia, hoje percebo, foram cruciais para apreciar a solitude – que é bem diferente de solidão.
Os adultos e crianças de hoje estão desaprendendo a curtir sua própria companhia. Inebriados pela falsa sensação trazida por uma timeline em constante movimento, seguem fugindo de si mesmos. Não tem sido fácil o desafio de preparar nossos filhos para um mundo que sequer temos tempo para conhecer – porque não para de se transformar. Para esse entorno que se movimenta tão rápido, o alicerce fundamental é a autoestima.
A palavra se desenha claramente na trama “Rocketman”, a biografia musicalrecém-lançada sobre a vida do cantor e compositor Elton John. O filme traz uma compilação de lembrançasdo próprio Elton, num clima fantástico que tem a ver com a estética de seus anos de maior sucesso. Uma das cenas traz a criança de Elton John pedindo um abraço a ele mesmo, já adulto. E é sobre isso a autoestima: sobre abraçar-se a si mesmo.
De um jeito ou de outro, todo ser humano tem de aprender a se acolher, até para vivenciar as relações de forma saudável. A construção desse conforto de estar em si mesmo passa pelos verbos brincare conversar. Duas ações que, por sinal, caminham muito bem juntas. Conversar consigo mesmo, por exemplo, é um caminho bonito para o autoconhecimento e a autoaceitação.
“Quando eu era menino, os mais velhos perguntavam: o que você quer ser quando crescer? Hoje não perguntam mais. Se perguntassem, eu diria que quero ser menino”. A frase do escritor Fernando Sabino, que retratou lindamente a sua infância no livro “O menino no espelho”, nunca foi tão atual. Quando a gente mantém viva a nossa criança, estamos sempre prontos para abraçá-la quando for preciso.
Leia também:
Cris Guerra desabafa:”O mercado de trabalho não aprendeu a ser mãe”
Cris Guerra abre o coração: “Eu aprendi a fazer as coisas sozinha, saber estar feliz assim”
Cris Guerra conta como lidou com a morte do marido quando estava prestes a ter o filho
Bebês
Nomes femininos raros: veja opções chiques e únicas para meninas
Família
Pai de Davi não concorda com posição do filho e decide ir morar com Mani
Família
Pai de Henry Borel comemora nascimento de filha três anos após tragédia
Bebês
180 nomes femininos diferentes: ideias de A a Z para você chamar a sua filha
Família
Virginia Fonseca toma atitude após Maria Alice empurrar Maria Flor: “Dói mais na gente”
Super desconto
App Day Amazon: os famosos copos térmicos da Stanley com até 55% de desconto
Família
Isabella Fiorentino explica o motivo de não mostrar o rosto dos filhos em fotos nas redes sociais
Bebês
Nomes americanos femininos: mais de 1000 opções diferentes para você se inspirar