Publicado em 10/11/2018, às 12h16 por Cris Guerra
Encontro no supermercado uma antiga colega de trabalho. Que alegria, faz uns quinze anos que não nos vemos. Pergunto como vai aquele menino lindo que eu conheci ainda bebê. A resposta vem completa: ele fala três línguas, tira as melhores notas da turma e passou em primeiro lugar na faculdade.
Quando ela me pergunta sobre o meu filho, fico sem palavras: Francisco ainda não tem Curriculum Vitae. Tentar fazer o melhor é lindo. Mas usar a maternidade como medida é a maior prova de que precisamos crescer.
Nesses tempos em que todo ser humano tem uma certeza para ostentar, surge um modelo de mãe competidora, com planejamento de carreira, no qual não cabe o acaso nem o incontrolável. Se ficaram para trás os tempos em que cada mulher tinha uma fórmula ideal para a criação de filhos: hoje, a receita é uma só – e ai de quem improvisar. Quem se sacrifica mais? O que o seu filho leva para o lanche? Quantas horas fica sem se conectar? Se as fraldas andam caras, o pacote maternidade está impraticável. As mães querem criar seus filhos no controle remoto, até descobrirem que o aparelhinho para de funcionar depois do primeiro tombo.
Talvez eu não seja a mãe ideal pelos critérios do Inmetro, mas os meus indicam que sou a melhor mãe que eu poderia ser. Minha maternidade foi muito desejada, mas também me atropelou. Não acredito que minha mãe tenha criado os cinco filhos com planilhas de Excel. Não ajudo na lição de casa porque mal dou conta da minha.
Não vi o Francisco dar seus primeiros passos porque estava no trabalho quando isso aconteceu. Vi os passos seguintes, que para os meus olhos foram os primeiros. Muitas vezes liguei a TV no desenho animado para que ele me desse mais meia hora de sono. E, confesso, prefiro as festas infantis para as quais só as crianças são convidadas.
Eu me pergunto qual dessas mães preparará um filho para lidar com a realidade que ela mesma é incapaz de aceitar. A mulher que planeja seu parto-natural-em-casa-de-cócoras-cantarolando-My-Way começa a se desapontar antes mesmo do primeiro exame positivo – a tentativa de engravidar é somente a primeira das possibilidades de frustração que envolvem a maternidade.
Decidir ter um filho é se colocar à prova de imprevistos e topar o exercício diário da imperfeição. Não há como fazê-lo sem entrega e um bocadinho de fé. Só assim podemos ensina-los a serem humanos, o que talvez seja a lição mais preciosa. Convém deixar o troféu e as expectativas e ficar só com a criança. Vai ser bem mais divertido.
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