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Meu filho é um anjinho, só que não! Transtorno Opositor Desafiador, o que é?

Saiba mais sobre o Transtorno Opositor Desafiador e os cuidados necessários - Shutterstock
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Publicado em 16/05/2022, às 08h35 - Atualizado às 08h38 por Gisela Wever


Uma vida em família é um presente inestimável, a felicidade em sentirmos a união de pertencermos a uma “tribo”, uma sensação de segurança e conforto toma conta do nosso lar… Contudo, na rotina de uma família pode estar acontecendo fatos que podem desestabilizá-la, faz parte do dia a dia ter um filho ou uma filha que, às vezes, não obedece, faz birra, não aceita comandos como por exemplo, quando chega a hora de ir pra cama e ele não vai de jeito nunhum, fica muito irritado quando contrariado, quando o irmão pega seu brinquedo favorito ou não é atendido na hora desejada.

Saiba mais sobre o Transtorno Opositor Desafiador e os cuidados necessários
Saiba mais sobre o Transtorno Opositor Desafiador e os cuidados necessários (Foto: Shutterstock)

Quando esse comportamento passa de eventual a ser constante, começa a preocupação dos pais e responsáveis. Tipos de queixas como essas não são raras de ouvir nas rodas de conversa entre os pais ou mesmo no consultório, mas o que venho trazer pra vocês nesse artigo é um alerta sobre quando esses comportamentos infantis podem vir a ser importantes sinais e podem se estender até o início da adolescência podendo até se transformar em algo mais sério como um Transtorno de Conduta se não for tratado, mas calma!!!! Antes de nos preocuparmos, vamos ver quais são as características problemáticas desse transtorno.

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), o TOD – Transtorno Opositor Desafiador possui três fatores de risco que descrevo a seguir: um deles são os temperamentais  que estão relacionados a problemas de regulação emocional e comportamental, os ambientais que são relacionados ao ambiente no qual o indivíduo conviveu, principalmente as práticas parentais e os genéticos e fisiológicos que são relacionados a uma predisposição ao transtorno.

Para ser mais específico e ficar mais claro para o leitor, dentre os fatores temperamentais, pode-se dizer que os mais comuns são os níveis elevados de reatividade emocional e a baixa tolerância às frustrações (DSM-5, 2013). Assim, segundo Luiselli (2005), crianças que apresentam reações emocionais extremas, irritabilidade crônica, impulsividade e falta de atenção são mais propensas a desenvolver comportamentos de oposição.

Sobre os fatores ambientais, destacam-se as práticas agressivas, inconsistentes e negligentes de criação dos filhos. Os principais padrões de comportamento dos pais observados em famílias de crianças com TOD segundo Theodore (2017), são: a imaturidade, a falta de experiência com relação à educação dos filhos, a hostilidade e a labilidade emocional. Desse modo, a presença de conflitos conjugais, de depressão materna e de psicopatologia parental, em geral, sinalizam também um risco para o TOD. Já em relação aos fatores genéticos e fisiológicos, não está clara a existência de marcadores específicos para o transtorno opositor desafiador, porém marcadores neurobiológicos como menor reatividade da frequência cardíaca e da consignação da pele, reatividade do cortisol basal reduzida e anormalidades no córtex pré-frontal e na amígdala foram associadas ao TOD (DSM-5, 2014).

Como afirma Duarte (2019), o que diferencia o normal do patológico é justamente a frequência com que tais comportamentos acontecem. Para se certificar de um diagnóstico de TOD é preciso levar seu filho a um profissional como um psiquiatra infantil, neuropsiquiatra ou neuropsicólogo para uma avaliação, é de extrema importância uma entrevista minuciosa onde os pais ou responsáveis irão responder sobre comportamentos, características, hábitos e rotinas da criança, os aspectos escolares também serão bem avaliados, geralmente a criança já vem com queixas de comportamento dentro da sala de aula, pois nesse cenário elas podem ser mais observadas com os colegas, interagindo socialmente com seus professores e funcionários da escola.

Como cita DE Rezende (2017), dentro de um dos marcadores de diagnóstico encontra-se o distúrbio de conduta, no qual a criança pode se mostrar menos empática em algumas situações como, por exemplo, praticando bullying ou até mesmo sendo cruel com animais, é como se houvesse dificuldade em respeitar o outro, ela pode ser uma criança que sente prazer ao culpar terceiros pelos seus próprios erros, encara comportamentos inadequados como normais, desafia adultos ou qualquer outra pessoa de maior autoridade sobre ela, pode ser rancorosa e vingativa e deleitar-se quando causa aborrecimento.

É necessária a observação de pelo menos 6 meses do padrão de comportamento desafiador onde esteja presente a perda de paciência, aborrecimento com facilidade, discussões com adultos e recusa em obedecer ordens (ocorrendo com maior frequência do que o normal típico da idade), excluindo quando ocorrem frente ao curso de um transtorno psicótico ou de humor (Teixeira, 2014).

Os pacientes de TOD são crianças que apresentam uma dificuldade no controle do temperamento e das emoções, portanto não obedecem a ordens com facilidade e testam os limites dos responsáveis. O desenvolvimento de habilidades sociais, manejo da raiva, tolerância às frustrações, são algumas das técnicas usadas em psicoterapia, geralmente a Terapia Cognitivo Comportamental é a mais utilizada, a orientação e/ou psicoeducação familiar auxilia as famílias no manejo de comportamentos disfuncionais e na resolução de possíveis conflitos e na comunicação interna e também em como desencorajar e corrigir comportamentos desafiadores.

As estatísticas nos mostram que 67% das crianças diagnosticadas com TOD, se tratadas com psicoterapia, deixam de apresentar os sintomas dentro de poucos anos, já aquelas que não são submetidas ao tratamento continuam apresentando os sintomas ou esses são intensificados, levando a um transtorno de conduta (TC); 75% dos casos de TOD não tratados podem evoluir para um TC, isso reforça a importância de uma observação mais de perto para comportamentos com as características acima citadas, para se for necessário chegar a um  diagnóstico e consequentemente a um tratamento precoce.

Referências

  • AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-V). Arlington, VA: American Psychiatric Association, 2014.
  • A importância da psicoeducação no tratamento do Transtorno Opositor Desafiador (TOD). Laura Martins Rangel et. Col. Principais transtornos psíquicos na contemporaneidade – Volume 2.
  • TEIXEIRA, Gustavo. O reizinho da casa: manual para pais de crianças opositivas, desafiadoras e desobedientes. 1. ed. Rio de Janeiro: Best Seller, 2014.
  • DE REZENDE, Eduardo. O que é TOD – Transtorno Opositor Desafiador? 2017. Disponível em: https://www.psicoedu.com.br/2017/01/transtorno-oposicao-desafiante.html.
  • LUISELLI, J. K. Características clinicas e tratamento do transtorno desafiador de oposição. In: CABALLO, V. E.; SIMON, M. (Orgs.). Manual de psicologia clínica infantil e do adolescente: Transtornos específicos. São Paulo: Santos, 2005.

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