Publicado em 01/02/2022, às 11h14 - Atualizado às 11h14 por Gisela Wever
O ano letivo está se aproximando e os pais já começam a se preparar para enfrentar o inicio das aulas juntamente com a ameaça da COVID-19 e suas novas variantes. Além disso, entre outras questões que afligem os pais está o fantasma do diagnóstico do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – o TDAH, isso porque depois de se ter o diagnóstico, muitas vezes a criança passa a ter um rótulo que pode vir a causar algum prejuízo psicológico. Vou esclarecer aqui algumas dúvidas que são comuns aos pais que me procuram.
TDAH é um transtorno neuropsiquiátrico da infância que acomete mais meninos do que meninas, cerca de 5,29% em todo o mundo e pode persistir na adolescência em até 70% dos casos, com uma taxa de prevalência na vida adulta estimada entre 2,9 a 4,4% sem diferença de gênero. Pessoas com TDAH apresentam um prejuízo sutil, diário e persistente, com grande impacto na qualidade de vida da própria pessoa e de toda a família.
O TDAH está entre os diagnósticos da infância melhor validado tanto do ponto de vista clínico quanto neurobiológico, pesquisas genéticas revelaram que existe o fator de herdabilidade em sua etiologia além dos fatores de origem poligênica onde existe a participação de vários genes como os receptores de dopamina D4 e D5, da enzima dopamina-B-hidroxilase, do transportador de serotonina e do receptor de serotonina 5-HT1B.
Para ajudar os pais, algumas características comportamentais podem ser observadas no dia a dia: a criança que se mostra quase sempre desatenta, possui dificuldade em aprender a ler e escrever, fazer contas, obedecer comandos dados pelos pais ou professores porque quase sempre tem dificuldade em memorizar o que foi dito, quando agitado é difícil de ser acalmado parecendo ter “bicho carpinteiro” (hiperativos) ou formiga na cadeira como diziam nossas avós, transparece ter uma desorganização interna que pode prejudicar o mundo em que se relaciona como ter dificuldade para arrumar o seu quarto, manter seus objetos em ordem ou até esquecer onde os colocou. Existem aqueles que não são tão agitados, são mais dasatentos como se estivessem com a “cabeça nas nuvens”, parece que as vezes falando com eles estão pensando em outra coisa, ou olhando pela janela, lembra o “avoado”. Caso for observada alguma característica dessas mais acentuada em seu filho, pode ser um motivo para acender uma luz amarela, agendar uma conversa com o pediatra e quem sabe procurar um especialista como um neuropsicólogo ou um neuropsiquiatra para um diagnóstico mais claro.
Um instrumento muito usado é uma Avaliação Neuropsicológica, com ela pode-se obter um perfil cognitivo da criança como um mapeamento de como funciona o cérebro, através de testes será fornecido um quoeficiente intelectual (QI) e serão verificadas as funções cognitivas como: memória lógica, memória de curto e longo prazo, atenção concentrada, atenção dividida, linguagem, praxia, estratégia, etc…
É muito importante o envolvimento da escola para a obtenção de uma boa Avaliação Neuropsicológica da criança, existem questionários específicos onde a professora irá responder sobre o comportamento da criança em sala de aula com os colegas e referente aos estudos e tarefas.
Através de pesquisas utilizando essas avaliações foram observadas crianças com QI de 120 ou mais, considerado superior a média, mas diagnosticadas com TDAH, isso quer dizer que TDAH nada tem haver com falta de inteligência; também foi observado prejuízo nas funções executivas, localizadas na parte frontal do cérebro, (essa localidade demora mais tempo para maturar, por volta dos 21 anos de idade) em indivíduos com TDAH, não só crianças. Isso demonstra que há alterações orgânicas que se perpetuam além da infância.
Quanto antes houver um diagnóstico preciso, mais cedo a criança começará a ser tratada de forma devidamente correta e com isso aumentarão as chances dela cada vez mais se adaptar às atividades de forma natural e tranquila.
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