Colunas / Mãe em suficiente

Mochileiro aos 5 anos

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Publicado em 01/10/2015, às 13h51 por Ana Guedes


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Quando pensava em ter filhos,  achava lindo aquele negócio de que os  filhos são para o mundo, que somos arco de uma flecha.
Ainda acho.

Mas às vezes, quase sempre, detesto.

Tenho um menino de alma livre dentro de casa, daqueles que já veio avisando:
– Obrigado gente, nasci, o cordão umbilical foi super legal, mas… Tô indo.

E não falo de apego. Meu filho é um grude. Seletivo grude.
Uma semana se gruda na avó, na outra no pai, na outra em mim (muito menos claro, porque mãe é um ser permanente antes dos oitenta anos) na outra na babá, na tia, nos amigos.
Esta semana viaja com os avós, par de dias no Uruguai. Há algumas foi surfar com o pai, feriado em Santa Catarina.
Fim de semana foi comigo.
Todas as atrações da cidade. E vai pra escola, e liga pros amigos, e brinca, pula, fica triste, mas se diverte.
Ontem, em uma festa de família, me deu tchau e foi dormir na avó.
Morte súbita.
Vida súbita.

Meu filho quer viver, e na verdade a única coisa que lhe ofereci “desinteressadamente” foi a vida.
Mentira.
Interesseiramente.
Queria que ele ficasse pequenino, que dormisse sempre em casa, que amasse a mamãe sobre todas as coisas.
Queria o Pedro para mim.

(É melhor saber sobre as próprias mentiras.
Antes que pensemos que o problema são os outros…)

Mas acontece que todo o dia que o sol se põe ele cresce, ele aprende, ele se vira, sem medos adultos ele vai viver.

Sem culpa.
Meu ainda original de fábrica.
E eu… Bom, eu…
Sinto falta dele todo dia. E acho que vou sentir pro resto da vida.

Pois o Pedro me educa a ser mãe. A ser gente. Só gente.
A aguentar firme o coração fora do peito, as idéias diferentes das minhas, os jeitos que eu acreditava terem que ser.
O jeito é dele. E ele só vai ter jeito, este menino cigano, se for ele.
Não eu.

E assim aprendemos que um é um. Mas são também dois.
E que se a vida chama pro parque é melhor a mamãe também ouvir.
Antes dos oitenta.

Vai, meu filho. Boa estada na estrada da vida, e quando voltares, se lembrares por favor, me traz uma mochila nova de dia das crianças. Destas bem grandes, de volta ao mundo.
Para eu lembrar o que esqueci.


Palavras-chave
Comportamento

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