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Não sei fazer feijão

Imagem Não sei fazer feijão

Publicado em 02/11/2014, às 22h00 por Ana Guedes


Meu filho não mamou até os dois anos de idade. Quando eu tive que voltar a trabalhar no consultório, ele já tinha um mês. Quase um adolescente.

Dormir, descansar, tomar água, banho e estar linda que nem a Claudia Leite no outdoor do SUS se tornou tarefa de gincana.

Descobri logo que infelizmente não era a mulher maravilha e por que ela não teve filhos.

O Pedro teve muitos meses felizes até a meia noite, quando começava a dormitar. E acordava a uma, as duas, as três… Pais, avós, babás e quase que bombeiros a postos! O pequeno gostava da noite. Fazer o quê? E foi assim até meados de dois anos. Como em muitas casas. Normal. Crianças precisam aprender tudo, inclusive a dormir. Fácil, não?

Família derrubada, pequeno feliz, era o que importava.

Ninguém me disse que era difícil, ninguém me disse que as cólicas pareciam mais uma crise de pânico, enfim, que a vida não era uma novela, muito menos a propaganda da Pampers.

Era real, e ninguém me disse.

De acordo com um médico querido: isso é um pacto das mulheres para dar continuidade à procriação da espécie. E eu digo mais, para tentar nos convencer de um poder que não temos: a mãe suficiente. A mãe independente. A mãe maravilha. Socorro.

Fora estes pequenos percalços, nos divertíamos, nos molhávamos na hora do banho e eu costumava dormir em pé. Perigo eminente de tombo.

Aos dois anos de meio, eu e meu ex-marido decidimos nos separar.

A vida tinha que ser boa, e exatamente por causa do Pedro. Tínhamos que mostrar para ele o que era namoro, o que era amor e paixão, e estas humanidades estavam em falta lá em casa.

Lá se foi o Pedro para mais um contato com a realidade azul. Marinho. Não azul bebê. Mas a realidade aqui em casa nunca deixou de ser azul para ele.

Ele cresceu forte e sadio, tem duas casas, um cachorro no pai, um peixe, uma tartaruga na mãe. O pai não gosta de futebol. A mãe coleciona camisetas de vários times. Leva na Arena do Grêmio, afinal a família inteira é gremista. E leva no Beira Rio, afinal “eu nasci cololado”.

Bota a camiseta do inter, do flamengo, do fluminense, mas não tira a do Pedro.

Se canso? Prá caramba, chamo babá, avós, tios o que for. Tenho preguiça de montar Lego, não estou sempre disposta para brincar, acho a Dora, a Aventureira meio chata e fico louca da vida se levo no cinema e ele dorme no meio de um filme que estou gostando, ou pior, pede para ir embora.

Outras humanidades aqui de casa.

Enquanto isso, o Pedro conhece todos os meus pacientes, pois atende o celular enquanto estou no banho. Meus amigos adoram tomar café com ele nas padarias da cidade, corro maratonas despreparada para trazer a medalha pra ele, mas não sei fazer feijão.

Viajamos bastante, sozinhos ou com ajuda, se for mais de duas horas, ajuda. Nossa praia fica há dez horas de casa, e ele vai de carro, ônibus e avião, aprendeu pacientemente e com muita birra que é assim mesmo.


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