Colunas / Mãe em suficiente

Os cachos aumentam e, às vezes, queria que o tempo não passasse tão depressa

Por mais desafiador que seja um período, é impossível negar que sentimos falta de cada fase da parentalidade - Getty Images
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Publicado em 16/11/2021, às 13h27 por Ana Guedes


Pedro era pequeno e já tinha muitos cachos. Lembro de uma pesquisa que fiz pra saber quem cortava cabelo cacheado na primeira vez que o levei no querido Domink pic nic! Ele devia ter uns 3 anos e foi seu primeiro corte de cabelo. Ao contrário do que eu imaginava os cachos não sumiram voltaram cada vez mas fortes. E o cabelo sempre comprido. Crescendo mais do que tudo em meu menino.

Por mais desafiador que seja um período, é impossível negar que sentimos falta de cada fase da parentalidade
Por mais desafiador que seja um período, é impossível negar que sentimos falta de cada fase da parentalidade (Foto: Getty Images)

Nesta pandemia abandonamos o hábito de ir cortar todo o mês, sim eu corto de seis em seis acho, Pedro todo o mês. E ele ganhou uma farta cabeleira no meio das costas. Entramos nessa com 9 anos e vamos sair com 11. Foi uma vida. Ele cresceu, amadureceu, virou o que chamam pré-adolescente, nossa vida inteira mudou. Mas os cabelos, nenhuma diferença. No meio das costas, paravam o tempo do meu menino lobo. Menino do rio. Surfista dourado.

Foi então que ele começou a falar em quem sabe voltar ao corte médio, estilo doble chapa uruguayo. Ou como diria um tio meu, fazer pose de milionário displicente. Deixei que ele decidisse. Marcamos e ele não foi. Cortei eu, mas não curto, dois dedos por favor se não eu choro. Agora ele me pediu de novo. Marcamos e ele vai…

Antes de dormir me disse que estava ansioso e ganhou clichê: cabelo cresce. Cresce. Mas foi com ele comprido que meu Sansão enfrentou uma pandemia e alguns pandemônios internos e externos. Foi com cabelo comprido que o vi milhões de vezes ser confundido com uma menina e não dar bola, ganhando personalidade. E sei, desde criança que os momentos em que cortei o cabelo de tudo quanto foi jeito foram momentos de mudanças. Internas.

Esta noite uma mãe pensa quem vai sair do salão amanhã. Sei que vai entrar meu menino. E sei que vai sair um lindo garoto cabeludo, de olhos verdes, franja mais curta, fartos cachos e cabelo pela nuca. Um garoto. Um menino grande. Pensei no envelopinho do primeiro cacho. E achei meio ridículo levar uma sacola. Sim eu sempre guardei os pedaços do meu filho. Temos cabelos em envelopes com datas e cores mudando.

Desta vez decidimos que vamos doar. Achei bonito é uma madura decisão. Ambos sabemos, ainda mais hoje, a importância de se perder os cabelos numa quimioterapia. E como isso dói em quem assiste. E como deve doer mais em quem perde. Acordada penso pra onde vou levar aqueles fartos 20 cm de cabelo. E também pra onde este novo garoto vai me levar. E o medo velho amigo da maternidade já veio deitar.

Enquanto ele dorme, eu repito 108 vezes: cresce, cabelo cresce. Mas eu tenho que confessar que eu não queria que crescesse, ao menos tão depressa. Mães são assim. Levam os filhos para se tornarem homenzinhos agarradas nos seus cabelos. E cada tesourada, é uma parte também minha que cai no chão. É preciso podar pra crescer meu filho.

E eu nunca imaginei que fosse tão difícil cortar nossos último laço com estes dois anos horríveis que bravamente atravessamos juntos Sansão. Teu cabelo me deu força. E sei que a ti também. O medo sempre é bobo. Mas de noite sempre vem. Amanhã nasce um homenzinho.

Desculpe se está sendo complicada está nova fase. Meu IOS não tá atualizando na velocidade que devia. Para mim tu ainda tens 9 anos. Para mim é muito difícil te ver crescer. E por isso me agarro em teus cabelos. Mas não posso. Chegou a hora de tu mostrares a que viestes. E eu devo aceitar, engolir mais uma vez o medo e te aplaudir. E tentar não te atrapalhar nos meus desconheços de mãe.

Mãe é uma eterna primeira viagem. Já entendi. E quem sabe… Se eu criar coragem, amanhe corte meus cabelos. Mas acho que ainda não dá. Amanhã vou precisar deles pra me segurar.


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