Publicado em 05/06/2017, às 09h10 por Ana Guedes
Vivo reclamando que o Pedro não me escuta, que preciso chamar mil vezes, e tudo aquilo que considero “educação” formal.
Hoje, segunda-feira, depois de um final de semana longo e cansativo, chego em casa às dez da manhã e nem subo. Troco malas de carro e começo aquela função que acostumamos a não chamar trabalho: ver se ele passou bem, refazer a agenda da semana, pedir alterações pra diarista, conferir o extrato do banco, conferir os materiais da escola, checar horários de pacientes, fazer uma mamografia, buscar na escola, ir ao centro comprar um tecido e ufa:
Chegar com ele sozinha em casa.
Sim estávamos sozinhos, e Pedro tinha fome, dois temas e um enorme cansaço.
Eu malas na porta, dois temas, uma janta, um banho para tomar que poderia virar sonho e uns farelos de bolacha pra varrer depois do lanche.
– Pedro! Assim não dá. Tem que colorir, cara! Ui! Olha o farelo! Quem vai varrer, né? Poxa passei o dia correndo e tô louca por um banho! Será que tu precisas de um guarda noturno pra te ajudar !?
– Mãe… vai tomar banho.
– Não, só quando tu acabares! Tu não escuta.
Será?
O Pedro terminou as tarefas e eu coloquei as malas no quarto exausta.
Liguei o chuveiro e… a toalha!!!
Caramba! Como gritar para ele a 180 metros e um videogame além de mim?
Ok. Tapete ? Não! Que horror! Toalha de rosto. Contorcionismo?
Não.
Chamar o Pedro?
Ele não vai escutar.
Bom, tomo o banho e me viro. Me virei o dia todo. Azar.
– Mãe ? Me chamou?
Misture gagueira com perna bamba, e vontade de chorar.
– Não, Pedro. Quer dizer, sim.
– Hein? Mas eu ouvi!
– É que eu pensei em te chamar, mas achei que tu não ias ouvir por que estavas na sala… e, será que tu podes pegar a toalha no estendedor se tiver lá, porque eu esqueci.
Agora imagine: eu, ele, vidro embaçado, física quântica, telepatia, o que quiser, mais mãe em prantos.
Pedro volta, do alto dos seus sete anos, atira a toalha para que engate no vidro do box.
– Tá bom, mãe?
– Tá querido, desculpe.
– Pelo que?
– Por não te escutar e dizer que és tu que não me escutas, por falar demais e esperar que me ouças.
– Tudo bem, mãe!
E eu fiquei aqui sentada no silêncio pra ver se me escuto, um silêncio calmo, com uma série de TV no fundo e uma toalha molhada na cabeça.
Um tempo pra entender que às vezes complicamos o simples, e tememos somente o que conhecemos, enquanto o silêncio do desconhecido pode nos trazer gratas surpresas.
Não estamos sós. Temos um ao outro para sempre.
E um telefone umbilical.
É só falar menos.
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