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Aniversário é uma comemoração cultural

Sem os famosos salgadinhos e o primeiro pedaço de bolo - Getty Images
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Publicado em 05/10/2020, às 07h29 por Mel Albuquerque


Meu coração batia na garganta. Eu estava nervosa por ela. Perdi a conta do número de vezes em que falei que não batem palmas aqui. Expliquei várias vezes que tudo é diferente, mas muito legal também. Estava com medo dela rejeitar tudo e se fechar. Estávamos quase chegando na casa da amiguinha da escola e eu ainda repetia: “Filha, olha, não tem salgadinhos nem animação. Servem pepinos e cenoura, que você adora também!”. E ela só balançava a cabeça, feliz e nervosa. Havia muito tempo que eu mesma não ia a uma festa de aniversário infantil inglesa, mas como passei parte da minha infância na Inglaterra, lembrava o quão simples eram as celebrações por aqui.

Sem os famosos salgadinhos e o primeiro pedaço de bolo (Foto: Getty Images)

Não fazia nem um mês que havíamos chegado. Duda não falava inglês ainda. Sabia apenas as principais frases de comando, como “Olá”, “meu nome é Duda”, “onde é o banheiro” e tal. E sendo assim, a mãe da aniversariante me convidou para ir junto à festinha. Achei muito gentil. Lembro da carinha dela toda feliz por quê havia sido convidada. Eu então, que alívio! Nem todos foram chamados e aqui isso é muito normal. Sem ressentimentos. Como as festas são geralmente em casa, também nem caberiam todos. Cada criança aqui escolhe seus melhores amigos naquele momento e a festa fica por conta da farra entre as crianças, sem muita neura.

Minha filha foi muito receptiva. Já estava preparada para o novo e acabou não estranhando muito. “Mas ainda prefiro a que tive no Brasil”, confessou na saída. A última festa dela tinha sido grande, numa casa de festas. Tudo premeditado, pois já pensávamos sobre a mudança. Achei que caberia uma despedida em grande estilo. Sabia que cenouras e pepinos nos aguardavam. Ah, pimentão também.

Mas voltemos a Londres. Aqui as comidinhas são servidas com as crianças sentadas à mesa, como acontece na hora do lanchinho das casas de festa brasileiras. Mas é só isso. Nada além, como os nossos salgadinhos que são oferecidos ao longo da festa. Lembro que as crianças sentaram e os pais da aniversariante foram rodando a mesa e servindo cada um com batatas tipo chips, dois nuggets para cada, uma metade de um sanduiche ou de queijo ou presunto, pepino, cenoura e pimentão. Depois foi a vez de algumas frutas. Ponto!

Não havia mesa para o bolo. A decoração ficou a cargo de alguns balões pela sala e os pratinhos coloridos. Na hora dos parabéns a mãe trouxe o bolo até a mesa onde as crianças terminavam de decorar seus cookies e… voilá! O parabéns em si é cantado bem baixinho, sem a nossa energia, muito menos as palmas durante o coro. Elas, as palmas, ficam guardadas para o final. Quando a família é mais festeira, ainda acontece o “hurray” que eles gritam o mesmo número de vezes que a quantidade de anos que a criança está fazendo.

Morri de medo da Duda ser a única a bater palmas e nessa hora eu fiquei pertinho para ajudar a evitar essa gafe. O bolo sequer foi servido. Isso eu juro que não me lembrava! Talvez seja coisa dos tempos modernos, afinal aqui grande parte das crianças é alérgica a algum alimento. Eles cortaram o bolo e botaram um pedaço em cada caixinha junto com a lembrancinha para a criança comer em casa.

Eu nem preciso dizer que amei ir junto à festa, né. Poder proteger e guiar a minha filha em um momento tão decisivo, como a primeira festinha no novo país, foi muito importante para nós duas. Sabia que essa seria uma rara oportunidade. Quantas vezes eu não desejei ser uma mosquinha para assistir tudo que acontece dentro da sala de aula ou na casa dos amigos. Eu até já disse para as crianças que eu, de fato, viro uma mosca e vejo eles escondida. Thomas acreditou. Mas dessa vez nem precisei virar inseto. E poder assistir de camarote essa aula sobre a cultura inglesa logo que chegamos, foi, realmente, uma experiência inesquecível! Saí encantada, certa de que estava tudo se encaminhando. Tudo ficaria bem. Ela ficaria bem.


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