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Reflexões de uma expatriada: a saudade da mãe, na mãe que mora em mim

Esse foi o meu primeiro Dia das Mães morando em outro país - Getty Images
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Publicado em 13/05/2020, às 08h58 - Atualizado às 09h00 por Mel Albuquerque


Esse foi o meu primeiro Dia das Mães morando em outro país (Foto: Getty Images)

As primeiras datas comemorativas longe do Brasil são difíceis. Bem difíceis. Especialmente aquelas que nos tocam o coração e ativam nossas memórias afetivas, como é o caso do Dia das Mães. O encontro virtual é ótimo, a conversa pode até ser longa, mas o gosto amargo que fica depois, conheço bem. É um dia que pede encontro, pede abraço apertado com direito a lembranças antigas e tempero salgado de lágrimas de emoção. O Dia das Mães no Brasil tem sabor de velhas histórias que não nos cansamos de repetir. Tem cheiro de carne assada, caldinho de feijão e mulher demais em torno da mesa. No Brasil somos mais completas, sim. No Brasil somos mãe e somos filha. É onde mora toda a lembrança da nossa própria família nuclear.

O primeiro Dia das Mães longe do Brasil é confuso. O coração fica apertado, cheio de dúvidas e questionamentos: “Será que estamos fazendo besteira em estarmos longe?”. Ou ainda, quando a culpa resolve visitar o desespero e logo nos criticamos: “Onde eu tava com a cabeça?” – como se tivesse sido uma escolha assim, tão simples. Só posso te consolar e dizer que isso passa. Passei por todas essas fases do jogo de imigrante e digo que esses são pensamentos normais de quem muda de país, especialmente no começo. Esses questionamentos vêm como ondas. Deixe passar. Seja gentil consigo mesma. Pense em você como a sua própria melhor amiga. E aconselhe a si mesma, assim como faria com essa pessoa querida caso ela te confessasse esses pensamentos.

A saudade da mãe, na mãe que mora em mim (Foto: Getty Images)

Aqui na Inglaterra as vitrines decoradas com corações e declarações de amor à mãe começam bem antes do mês de maio. Comemorar o Dia das Mães do Brasil ou do país onde estamos morando? Demora um pouco até nos acostumarmos às datas locais e à presença constante da saudade que mora na gente. Mas ela acalma. E conseguimos um dia perceber que a convivência é pacífica em nós, mesmo nas datas significativas para a gente.

Esse ano, pela primeira vez, o meu presente veio na data e horário local do meridiano de Greenwich. Eu estava preparada para ela: a data, o dia de celebrar a maternidade no ritmo das badaladas imaginárias do Big Ben (o icônico relógio inglês que ainda está em obras por aqui). Havia chegado o dia para ser grata pela conquista da minha parte mãe em um fuso diferente. Grata por essa escolha maior e melhor que faço todos os dias e que sim, me define. Ser mãe define uma parte muito grande de mim e que amo ser, mas que está longe de ser a única. O melhor do Dia das Mães é que é um dia focado em deixar fluir emoções e sentir a presença em demonstrações do amor que meus filhos também sentem por mim. O ser amada é tão poderoso quanto o amar.

O meu dia com meus filhos veio na hora certa. E sei que o seu, caso esteja morando longe nesse momento ou mesmo programando a sua partida, também irá chegar. Fui acordada com café na cama e o melhor de tudo: a alegria estampada nos mini rostinhos dos pequenos e um cartão de cada um, assim como dita a etiqueta dos ingleses. Não há nada, nada mesmo, que substitua ver que eles estão felizes e que mergulharam na cultura que escolhi para eles nesse momento. Uma declaração de amor na língua estrangeira que tanto desejei que eles dominassem foi o que me alimentou no meu Dia das Mães inglês e preencheu as lacunas deixadas pela saudade das minhas origens, do meu lado filha, da minha própria mãe.

Ser filha é um amor que se acumula nos nossos novos papéis (Foto: Getty Images)

Passamos de filha para mãe. E como mães, somos “líderes” do nosso próprio lar com nossos filhos. O nosso dia precisa ser onde quer que estejamos. Mas a verdade é que o Dia das Mães no Brasil tem um sentido diferente. Tem uma vibração única, como a do encontro com uma velha amiga. Eu entendo.

Ser filha da mãe é bom demais. É paz, é colo. Nossa mãe nunca perde o seu lugar onde quer que ela esteja. É um amor que se acumula por cima (ou por debaixo) dos nossos novos papéis. Sei o quanto nosso coração fica dividido em dias assim, mas ele aprende a se dividir em partes inteiras e logo volta a se multiplicar e a se preparar para o próximo ano, quando o ciclo do amor vai se repetir. Pense nisso e sinta-se abraçada.

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