Colunas / Minha vida nada Down

Desafios diários e a empatia de alguns poucos

Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal

Publicado em 27/01/2020, às 12h06 por Ivelise Giarolla


(Foto: Arquivo Pessoal)

Outro dia vi uma postagem no Facebook de uma mãe irada, pois sua foto havia viralizado na internet. Tratava-se dela olhando o celular e seu filho com aquela mochila de segurança (conhecida como “coleira”) com os dizeres do tipo “mãe prende filho em coleira e fica conversando em celular, que mundo é esse?”. Porém, essa mãe estava utilizando a mochila porque seu filho é autista e sai correndo com facilidade e, naquele momento da foto, ela estava usando o celular para chamar um Uber.

Independentemente de usar mochila, chamar Uber, e etc, o que as pessoas tem a ver com a situação em si? Mais fácil tirar fotos e falar o que não deve, interpretar o que bem entende dos fatos, do que prestar alguma ajuda se fosse necessário.

Estou discorrendo deste assunto, porque venho passando por uma fase extremamente difícil: que é andar com a Lorena, minha filha de 6 anos que tem síndrome de Down, em locais públicos.

Há algum tempo venho insistindo em sair com a Lorena em locais como shopping, livrarias, parques, etc, para que ela se acostume aos comandos de ficar ao meu lado, parar para atravessar rua, dar a mão quando necessário, não mexer em objetos em lojas, por aí vai. O que já não é tarefa fácil para qualquer criança, para a minha isso multiplica a N potência.

Tenho momentos desesperadores. Agora que está maior, não consigo mais pegar no colo e quando ela decide que não quer obedecer a um comando, se agacha seja onde for (já fez isso no meio da rua) e só se levanta após muito convencimento. Temos que ter uma paciência imensa.

Outro dia estávamos no parque do Ibirapuera e Lorena começou a implicar com a lama que havia grudado na sola do seu sapato e ficou passando a mão na sujeira, chorando e querendo ficar descalça. Achei um bebedouro (sim, eu sei que é totalmente inapropriado, porém foi o que estava ao meu alcance naquela hora) limpei as mãos, braços, pernas e rosto dela, do jeito que deu com a menina em prantos e muito descompensada. Foi o momento que ela não quis colocar os sapatos e saiu correndo. Eu, já exaurida, comecei a gritar para pararem a Lorena e comecei a chorar.

(Foto: Arquivo Pessoal)

Uma mãe com duas crianças, sem falar nada sobre a cena, veio perto da gente e começou a distrair a pequena e convidou minhas duas filhas para brincar com as filhas delas. A Marina (minha primogênita) logo se animou e se juntou na rodinha. Eu me sentei com a Lorena, consegui acalmá-la, me acalmei e assim todas começaram a brincar, tudo conduzido por essa mãe anônima, a qual não sei o nome, de onde surgiu, que não me julgou, que não me filmou ou me fotografou. Ela fez o que? Me ajudou.

A grande maioria não tem ideia do que é sair em ambientes abertos, públicos, com barulho e fonte de muitas informações visuais, com uma criança não típica. A grande maioria acha que, se falamos firme ou seguramos quando querem fugir, é agressão. A grande maioria acha que devemos “bater aquele papo antes de sair de casa explicando as regras do jogo” e tudo sairá bem. A grande maioria acha que mães de filhos com deficiência são mães especiais e tem uma missão divina e, desta forma, paciência ilimitada. A grande maioria acha que o filho não é dela, portanto, o problema também não o é.

Mas, em meu caminho, naquele dia, surgiu aquela mãe. Que teve o que eu mais precisei naquele momento: empatia. Sei que ainda vou ter muitos perrengues em público com a Lorena e sei que tenho que insistir para que haja o aprendizado. E sempre que volto ao parque procuro a mãe anônima para agradecer. Nunca a encontrei novamente.

Leia também

Tudo passa!

Mudança de escola

Precisamos falar sobre o luto


Palavras-chave

Leia também

Imagem Nomes femininos raros: veja opções chiques e únicas para meninas

Bebês

Nomes femininos raros: veja opções chiques e únicas para meninas

Pai de Davi - (Foto: Reprodução/Instagram)

Família

Pai de Davi não concorda com posição do filho e decide ir morar com Mani

Imagem Pai de Henry Borel comemora nascimento de filha três anos após tragédia

Família

Pai de Henry Borel comemora nascimento de filha três anos após tragédia

Se você procura um nome de menina, aqui estão 180 ideias diferentes - Pexels/Moose Photos

Bebês

180 nomes femininos diferentes: ideias de A a Z para você chamar a sua filha

Copo Stanley - Divulgação

Super desconto

App Day Amazon: os famosos copos térmicos da Stanley com até 55% de desconto

De A a Z: confira os nomes femininos americanos para te inspirar - Getty Images

Bebês

Nomes americanos femininos: mais de 1000 opções diferentes para você se inspirar

Isabella Fiorentino explica o motivo de não mostrar o rosto do filhos - Reprodução/ Instagram

Família

Isabella Fiorentino explica o motivo de não mostrar o rosto dos filhos em fotos nas redes sociais

Os nomes japoneses femininos são lindos, fortes e possuem significados encantadores - Getty Images

Bebês

Nomes japoneses femininos: 304 opções lindas para você conhecer