Publicado em 31/10/2013, às 22h00 por Nanna Pretto
“Mãe, você ainda me ama? E, quando meu irmão nascer, eu ainda serei seu pumpkin?” Frases assim, que saem da boca do meu filho de 5 anos, me desestabilizam. “Claro que eu te amo, meu amor!!! Claro que eu vou te amar sempre.” Basicamente, essa minha resposta sai com os olhos já cheios d’água, seguida de um abraço que parece que vai estalar os ossinhos dele.
Mas entendo essa insegurança. Afinal, tudo está mudando. O quarto não é mais só dele, os presentes que chegam são, em maioria, para o irmão, todas as pessoas me encontram e perguntam pelo Rafael – até porque sabem que o Gabriel está bem. Todo mundo quer saber como eu estou, quanto pesa o bebê ou se o enxoval está pronto. E meu bichinho mais velho, coitado, fica tipo o patinho feio da historinha infantil.
Lidar com o ciúme é complicado. Eu sou superciumenta. Tenho ciúme das minhas coisas, do meu trabalho, do meu carro, das minhas amigas. Morro de ciúme do meu filho, quando ele prefere o bolo que a vovó fez ao meu, o presente que a titia deu ao meu; morro de ciúme quando ele prefere o pai. Coisa boba, claro. Mas é o tipo de sentimento de que a gente só se dá conta quando já apareceu. E até penso cá comigo: “Oxi, deixe de besteira, Nanna Pretto. Ele é pai do menino!” Mas por que, na hora da queda, não foi para a mãe que ele estendeu os bracinhos? Eeee, sentimento de posse esse que nos consome!
E acho que o Gabriel está passando pela fase da insegurança dessa tal posse. Até então a nossa gata era só dele, o canal de TV era escolhido só por ele, o meio da cama era só dele. Os pais eram só dele. Logo, logo, ele terá que dividir tudo isso com o mais novo, que vai chegar dominando. O quarto, a gata, o meio da cama, os pais.
Conversei muito com a minha nova médica sobre essa “inclusão” do mais velho na rotina com o novo filho. Ela me deu alguns conselhos que anotei, para não esquecer, e resolvi compartilhar. Porque vai que alguém está no mesmo impasse de dividir essa atenção por dois, não é?! Eu ainda estou perdida nesse quesito. Muitas vezes acho que não conseguirei ser justa no amor e no carinho, e já comentei aqui como sofro com isso. Acho que só quando meu segundo pacotinho sair daqui de dentro é que poderei dizer, de fato, se consigo ou não ser justa com a atenção dada aos dois. Enquanto isso, vou chorando a cada minidrama e esmagando de carinho o meu mini-humano.
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