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O tempo do cuidado: a pandemia nos fez repensar a forma de viver

Cuidar de quem a gente ama é fundamental - iStock
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Publicado em 15/02/2022, às 07h15 por Dado Schneider, Valesca Karsten, Marisa Eizirik e Bia Borja


A metáfora do barco serve muito bem para o momento que estamos vivendo: todos embarcados na mesma nau, navegando à deriva, sem muitas certezas, à procura de compreender, viver,  sobreviver e ter esperança.

Cuidar de quem a gente ama é fundamental
Cuidar de quem a gente ama é fundamental (Foto: iStock)

A pandemia da Covid 19 conseguiu a façanha de unir as pessoas em todos os quadrantes do planeta, no medo e no enfrentamento desse vírus. Estamos vivendo uma confusão entre o coletivo e o individual. Temos que pensar e agir de forma social e em grupo, mas ao mesmo tempo as necessidades individuais emergem fortemente no campo individual.

“Meus filhos permanecem trancados em casa. Não tiveram férias, mas do que adianta? Vão chegar na escola e interagir com crianças e adolescentes que os pais não tiveram a mesma preocupação que a minha e a do meu marido. Isso, na verdade, me enfurece. Acho uma irresponsabilidade das pessoas acharem que tá tudo normal. A vida não está normal”, desabafa a mãe do Felipe, 11 anos, durante a reunião dos pais, por videoconferência.

Alguns segundos de silêncio. O desabafo dela bateu nos pais do outro lado da tela. Um pai se manifesta: “Temos que respeitar as escolhas individuais, de cada família e ter mais empatia. Julgar não leva a lugar algum”.

Mais uns segundos de silêncio. O que tinha tudo para se tornar uma grande discussão entre os pais presentes na vídeo, o rumo da conversa muda com a fala da professora – “O foco do nosso encontro é para falar dos cuidados necessários neste retorno às aulas”. O pais são salvos de uma discussão interminável e a pedagoga fala sobre as regras de convivência.

Vacinas e protocolos, como lavar as mãos, o uso de álcool em gel e máscaras, distanciamento social e não aglomeração. Como em todas as regras, sabemos que não são aceitas, nem seguidas por todos. Alguns questionam a eficácia, outros simplesmente se recusam a segui-las, pelas mais variadas razões e argumentos.

Uns proclamam a liberdade e o direito de autonomia, acima de tudo. Outros, defendem a vida e a necessidade de protegê-la, a qualquer custo, como foco na saúde de todos.

O coletivo e o individual em constante embate. Sem qualquer dúvida, os argumentos opostos e paradoxais habitam, hoje, a intimidade das famílias, das relações entre pais e filhos, das escolas, nas quais professores e alunos se encontram para o exercício do pensamento, da reflexão, da criatividade, da imaginação e da aprendizagem. Turbulenta é, nesse momento, essa dimensão, em que se apresenta, de forma imprescindível o CUIDADO.

Cuidado vem de cura (latim), Curare, curae em latim retoma o sentido grego das Kurion, que são as coisas de importância primordial, as Kuriotata, as mais sérias. O cuidado de si foi, no mundo greco-romano, o modo no qual a liberdade individual – ou a liberdade cívica, até certo ponto –, se refletia como ética, para se conduzir e praticar a liberdade. Para tanto, é necessário que se ocupe e cuide de si (conhece-te a ti mesmo), para domar em si os apetites e ser capaz de cuidar dos outros.

Cuidado individual e o coletivo são preceitos inseparáveis da consciência e da subjetividade da humanidade ocidental. Cuidado é atenção, vigilância, que traz também preocupação e ansiedade. Hoje, tal conceito recupera uma atualidade estonteante, frente à pandemia. É inerente aos pais decidir sobre a vida e a saúde dos filhos. Eles têm o Cura e a responsabilidade. São cuidadores por excelência.

O cuidado é, também, parte integrante do processo educativo, pois ele demanda habilidades, vivências e conhecimentos, que vão além da esfera pedagógica. Zelar faz parte do educar; cuidar do outro implica estar comprometido com ele. Palavra-chave como seus desdobramentos de respeito e ética.

E o que aflige o nosso presente? Ainda a Covid e a suas variantes, como a Ômicron. Voltamos ao início da pandemia, com as restrições à liberdade de ir e vir, de se reunir e aglomerar e a necessidade de controles sanitários. Como fica a volta às aulas? Como os pais podem e devem, cuidar dos filhos?
Mariah, 24 anos, mãe do Felipe, 1 ano e quatro meses, mora do Rio de janeiro, casada com o Guilherme, compartilhou a própria experiência.

“Na pandemia eu fiquei muito tempo sem ver as pessoas da minha vida, a maioria das minhas amigas e dos meus familiares nem me viram grávida. Queríamos um filho, mas imaginamos que iria demorar um pouco mais, o bebê veio no segundo mês das tentativas. Casamos, uma cerimônia bem íntima, apenas meu marido, eu e o bebê na minha barriga. O cuidado está para mim no automático, não vivo sem o álcool em gel, para teres uma ideia, passo até na maçaneta eletrônica da porta da minha casa. Estou sempre atenta aos cuidados, os sintomas, tentando identificar e saber o que estamos sentindo. Nesse momento da pandemia, isto é, meados de janeiro de 2022, estou mais relaxada, embora siga muito cuidadosa. Em ambientes fechados, perto do Felipe, que ainda não foi vacinado, peço para as pessoas usarem máscaras. Agora estamos nos preparando, meu marido e eu, para o início das aulas do nosso filho. Estou muito tranquila, pois ele vai estudar na escola onde eu e outras pessoas da minha família estudaram, isso para mim faz toda a diferença e olha que eu sou daquelas mães bem exigentes”.

Gripe: “Se o meu filho apresentar qualquer sintoma não irá para a escola, por ele e pelos outros. Não vejo o porquê mandá-lo doente, até mesmo porque uma criança que está gripada ou resfriada precisa ser cuidada com exclusividade, para que a família tenha mais controle e cuidado”.

Liberdade de escolha: “Felizmente no meu trabalho eu tenho a liberdade de poder dizer que não estou bem e não ir presencialmente. Quanto aos meus colegas, eu percebo que estão mais conscientes e cuidando mais de si e dos outros também”.

Cristina, 46 anos, personal trainer e mãe da Giovana, 7 anos, disse: “Eu sou autônoma, preciso do meu trabalho para pagar as contas. Fui a uma festa e quando cheguei lá me deparei com uma amiga que estava positivo para Covid. Ela combinou com o dono da festa que ficaria afastada dos demais e usando máscara. Eu achei aquilo um absurdo, ela sabia que estava com a doença, assintomática, e os donos da casa mesmo cientes permitiram ela na festa. Eu fui embora na mesma hora e ainda fui criticada por ela e outros amigos. Eu realmente não entendo qual é o tamanho da dor ou do incômodo de ficar em casa ou perder uma festa. Eu disse para ela, eu tenho que ter responsabilidade comigo e com os meus alunos, com a minha filha e os meus pais. Não tenho o benefício de salário caindo na minha conta todo mês. Se eu adoeço, fico sem trabalhar, prejudico diretamente a minha filha e ainda posso contaminar os alunos”.

E a amizade, como fica? “Uma coisa que mudou muito na minha cabeça durante a pandemia foi a minha forma de olhar para as pessoas e hoje sou mais seletiva. A amizade com a ‘covideira’ acabou definitivamente, não perco mais meu tempo convivendo ou tentando entender a cabeça de pessoas que não me respeitam”. Regras de civilidade contribuem para constituir a vida em sociedade. Respeito, polidez, acolhimento, gentileza, fazem parte dos códigos de comportamento significam o desenvolvimento de uma sensibilidade para com o(s) outro(s). O que queremos é ser reconhecidos, cuidados. Solicitude, atenção, um olhar diferenciado, consideração, são direitos inalienáveis de todos e todas. Esse é o laço social que preserva a vida em sociedade.

Aline, 32 anos, gaúcha, mãe solo de quatro crianças, Laura, 13 anos, Vicente, 8 anos, Joaquim, 5 anos e Antônia, 3 anos, afirmou: “Cuidar de 4 crianças é uma loucura, guria! Trabalhar fora é complicado para mim, principalmente pela logística delas. Sou professora e faz cinco anos que estou fora das salas de aulas. Sabe, existe um preconceito com as mães, eu sinto isso. Quando tentei voltar para o mercado de trabalho, eu fiz várias entrevistas e duas perguntas eram recorrentes e definidoras: ‘Você tem filhos?’, ‘e quando eles ficam doentes, como você faz?’. Quando engravidei, pela quarta vez, eu desejava muito voltar a dar aulas. Eu tive uma gravidez inesperada, estava deprimida e foi nas redes sociais que encontrei apoio. Ali eu escrevia o que eu estava sentindo, as pessoas liam e se identificavam com os meus relatos e eu me sentia acolhida. Eu não estava só. A maternidade é feita de fases e, no meu caso, como estou todo tempo com os meus filhos, eu acompanho de perto tudo isso. Tem aparecido, em alguns momentos meus, a Aline mulher, o desejo de viver, mas a exaustão fala mais alto e me pega”.

Sobre o cuidado e o cuidar: “Com a pandemia, me tornei mais cuidadosa e atenta também com a alimentação, procurando ter hábitos mais saudáveis. Tive uns ‘perrengues’ nesse período, como pressão alta e síndrome de Burnout, foi daí que resolvi rever hábitos, não por estética, mas por saúde mesmo e também comecei a fazer atividade física”.

Volta às aulas? “Minha filha mais velha, a Laura, de 13 anos, estuda em escola estadual, em relação a ela fico mais tranquila, pois ela já está vacinada. Os mais novos estudam em escolas municipais e ainda não se vacinaram. Quando eles voltaram presencialmente para a escola no segundo semestre de 2021 eu estava tranquila, eram poucos alunos por turma. Atualmente, até que todos se vacinem, tenho receio do retorno para a escola. Quando eles estão doentes eles ficam em casa comigo. Mesmo com uma gripe leve eu não levo e nem levarei, por uma questão de consciência coletiva, de pensar no outro. Antes da pandemia eu pensava diferente, hoje eu penso duas vezes”.

Thiago, pai de quatro crianças, Dante, 9 anos, Gael, 6 anos, maia, 3 anos e Cora, 4 meses, divide a divide a paternidade dos filhos com sua companheira Ane, artista plástica: “Sou engenheiro de formação, o que paga as minhas contas, mas também atuo como criador de conteúdo para a Internet. Esse meu segundo trabalho nasceu quando eu me tornei pai, há 9 anos. Senti a necessidade de saber mais sobre a paternidade, não queria ser um pai coadjuvante, queria participar ativamente com a mãe dos nossos filhos na criação e formação deles. Me descobri como pai e, desde então, ajudo as famílias a terem um espaço de escuta e troca, como o Blog ‘Paizinho, vírgula’. Nesse período de escuta e escrita, tenho feito outras formações, como agora, em psicanálise. Utilizo os meus espaços de escrita para dar vazão ao que aprendo, a cada dia me dou conta da importância desse trabalho de escuta atenta e acolhedora para as pessoas. Procuro trazer para elas a oportunidade de pensarem e se darem conta do impacto dos vínculos na base da formação de uma criança, de proporcionarem uma educação sem violência para os seus filhos. Parte da minha missão é trazer essa discussão para os homens-pais, que é pauta entre outros assuntos importantes, como, desabafo, autocuidado, espaço terapêutico no Podcast ‘Tricô de pais’ que coordeno”. Todos os conteúdos elaborados pelo Thiago estão disponíveis nas redes sociais e no Blog e são de graça para quem desejar ler e ouvir.

“Educação sem violência é um assunto de pai e de mãe”, ressalta Thiago.

“A pandemia mudou bastante a minha relação com o cuidado, me oportunizou a trabalhar de casa, isso mudou completamente a minha rotina, teve esse lado maravilhoso, de estar perto dos meus filhos 24h por dia. Não tem palavras que descrevem o que eu senti em poder ver a nossa bebê colocar o pezinho na boca pela primeira vez. Temos uma tremenda sintonia, minha companheira e eu, procuramos preservar alguns assuntos dos nossos filhos, nós achamos que não se pode falar tudo para as crianças, que precisamos protegê-las. A nossa relação se elevou, pois eu a ajudo a cozinhar, trocar fraldas, dividimos os perrengues. Por um lado, nos sentimos algumas vezes sobrecarregados, pois não temos uma rede de apoio, mas, por outro lado, aproveitamos e curtimos as crianças. As pessoas falam que a gente é doido de ter 4 crianças, claro que tem algumas vezes que ficamos doidos, mas tem lá suas coisas boas em ter uma família grande, por exemplo, os nossos filhos sofreram pouco com a pandemia, o confinamento, eles brincavam entre si, se tinham uns aos outros”.

Humberto, professor de inglês do Ensino Fundamental, dá aulas na rede pública, tem 40 anos. É pai do Apolo, 2 anos e oito meses e companheiro da Thainá, engenheira química, 33 anos. “Em 2018, soube que seria pai e resolvi perguntar nas redes sociais quem conhecia um pai preto presente e assim nasceu um grupo forte e coeso, uma rede de apoio coletiva de pais pretos. Uma infinidade de homens buscando acolhimento e ajuda, além de um canal aberto de fala e de expressão do que realmente sentem, como insegurança, medo e raiva. Desse grupo de apoio de pais, mães também se interessaram e hoje elas tem seu grupo de apoio que acolhe e ajuda muitas mulheres de diversos lugares”, esclareceu.

Humberto é também palestrante e dá consultoria étnico-racial para empresas, professores e gestores. Atualmente trabalham, além de seus ofícios de professor e engenheira, com 5 frentes relacionadas a esse tema. “Para mim, o coletivo é uma extensão da minha paternidade, me sinto apoiado e ajudando nesses grupos que faço parte. Na pandemia, o trabalho da Thainá não parou, era e é essencial, ela trabalha na Petrobrás, na refinaria de gás. Sai às 5h30 da manhã e volta às 20h. Quando chega, nosso filho mama no peito e volta a dormir, eu na pandemia, passei a me ocupar do nosso filho em tempo integral, visto que estava trabalhando de forma remota com os meus alunos. Percebo o lado bom da pandemia em eu ter me dedicado e convivido com o meu filho em tempo integral, em outras circunstâncias isso não ocorreria. Conversando com as pessoas e os relatos que chegam através das nossas redes de apoio demonstram que as tensões aumentaram muito desde o início da pandemia. Nós, os pretos, trazemos ancestralmente a cultura de roda, de conversar, o que atualmente está cada vez mais raro”.

Humberto tem um sorriso farto, doce, um olhar que acolhe, não pudemos deixar de perguntar sobre como tinha sido sua infância e saber de seus pais: “Meu pai separou da minha mãe quando eu tinha um ano e eu e minha mãe ficamos muito juntos. Ela era empregada doméstica naquele tempo e morávamos num quartinho de empregada 3×4 na casa dos patrões dela. De estar com ela e observar, eu aprendi a fazer tudo, o que facilitou a minha vida como pai que alimenta, lava e cuida do filho. Morar num quartinho, numa casa que não é sua, com restrições de espaços tem efeitos na vida de uma pessoa, em sua autoimagem. Hoje quando penso nisso, me dou conta dos espaços que conquistei e que ocupo”.

Sobre o cuidado: “Eu penso que a pandemia mudou muito a questão sobre o cuidado. Cuidar é da propensão humana. Quando chegou a pandemia, nós já estávamos praticando sentimentos com os grupos que fazemos parte como empatia, acolhimento e a escuta ativa com o outro. A Covid maximizou isso e precisamos ampliar a nossa escuta. Para você ter uma ideia, o grupo Pais Pretos Presentes tem hoje 26.000 pessoas em um grupo fechado. Nesse grupo ocorrem discussões mais fluidas, sobre sentimentos que muitas vezes as pessoas tem medo ou vergonha de dizer, como lidar com a raiva, por exemplo. Juntos tentamos oferecer e buscar alternativas para esses pais poderem lidar com isso, ajudar esses homens a saírem desse lugar performático em que muitas vezes se obrigam a estar, transmitindo segurança o tempo todo, quando na realidade estão inseguros e com medo”.

“Os conteúdos nas escolas precisaram mudar, o que é bom, no meu ponto de vista – os professores precisaram ensinar e falar sobre autocuidado, empatia, preocupar-se com o outro. Passei a incluir no meu planejamento e fazer atividades com os meus alunos em relação aos protocolos, ensinar como lavar bem as mãos, usar máscaras, trocar máscaras. Ensinava para os meus alunos e sugeria que eles ensinassem e orientassem seus familiares, para aumentar o cuidado e se protegerem uns aos outros também. As escolas precisaram deixar aquela carga de conteúdos de lado para poderem dar conta das questões de sofrimento das crianças como o medo e a morte, muitos alunos perderam seus pais, avós, amigos, parentes, vizinhos. De uma hora para a outra, as crianças tiveram de lidar com isso”.

Esses desabafos e depoimentos mostram, com veemência, a necessidade de exercermos o cuidado. Se retomamos a metáfora da nau em que estamos embarcados, é fundamental a consciência de que NOSSO É O TEMPO DA RESPONSABILIDADE. Essa é a forma cuidadosa de ocupar o barco, à procura de um porto seguro.


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