Publicado em 17/03/2022, às 07h24 - Atualizado às 08h09 por Cecilia Troiano
Cenas de uma rotina no quase pós-pandemia. 6h10 da manhã de segunda-feira: toca o despertador no apartamento de uma família de classe média alta paulistana. Cinco minutos depois, diante da segunda chamada, a mãe se encaminha para a cozinha, onde prepara os lanches, enquanto o pai se encarrega de ajudar a vestir as crianças de 7 e 5 anos, fiscaliza escovação de dentes, se veste e sai para levá-los à escola.
7h: toca o telefone. Já na escola, o pai pergunta para a mãe quem é que irá buscá-los no final do período, à tarde. A mãe responde com paciência – é começo de ano e a rotina ainda não está decorada pelos filhos e admite para si mesma: por mais moderna que seja a família, a maior parte das informações ainda está concentrada nela.
Para que tudo corra na mais perfeita ordem, em geral a família depende do que eu chamo de “iCloud-materno”. Ainda que ambos saiam para trabalhar, a organização da casa e dos afazeres familiares continua sendo responsabilidade delas – e essa carga alta pesa no dia a dia das equilibristas! A mulher saiu de casa, mas a casa ainda não saiu de sua cabeça!
Mas, assim como é natural recorrer à mãe para saber os horários e compromissos de todos, cada vez mais as crianças se ajustam à vida de equilibrista. Essa geração já foi gestada enquanto a mãe trabalhava, estudava, fazia MBA… Portanto, dividir a mãe com um irmão mais velho que se chama trabalho – ou com a irmã carreira – hoje é realidade na maior parte dos lares brasileiros.
E isso se refletiu num bate-papo em um dos grupos de pesquisa que realizei, entre eles, um com jovens de 15 a 17 anos: “Hoje em dia é normal a mãe trabalhar”. “Seria estranho se a minha mãe não trabalhasse”. “Seria estranho, mas eu acharia melhor ficar mais tempo com ela, ficaria mais apegado com ela”. “Eu queria chegar em casa e encontrar minha mãe fazendo meu almoço, sabe”. “Eu queria que ela ficasse em casa, mas já estou acostumada”.
Nesses desabafos fica claro que trabalhar fora é o lugar comum e que, embora sintam falta de atenção e mimo, os jovens sabem que não terão a mãe para si com exclusividade (e muitas vezes, nem querem isso, principalmente na adolescência). É uma fantasia dizer que os filhos desejariam uma mãe 100% disponível.
O pediatra e psicanalista Donald Winnicott, por exemplo, fala da mãe suficientemente boa. Por que ele não falou da mãe totalmente boa? Vale pensar. Se a criança tivesse alguém totalmente disponível para si, ela não se desenvolveria, não teria amigos, não iria crescer… É um saco a mãe ficar sempre no seu pé. Então desde que a relação seja suficientemente boa, é isso o que conta. Sabendo que a mãe sai e que volta, sabendo que há essa garantia, como é bom a mãe sair! A disponibilidade da mãe é importante sim, mas não o tempo todo.
Acredito muito que os filhos se adaptam bem à situação dos pais, e, nesse caso, mais especificamente falando da mãe. Se ela trabalha fora desde que os filhos nasceram, o “normal” para esse filho é ter uma mãe que trabalha e assim ele vai construindo sua rotina a partir dessa realidade. Já para os filhos cujas mães não trabalham, a regra vale do mesmo jeito. Eles se habituam a ter mais a mãe por perto e assim se adaptam a isso. Vale mesmo a Teoria Evolucionista de Darwin a respeito da adaptação das espécies. Para ele, somente os seres mais preparados para enfrentar condições ambientais impostas poderiam sobreviver.
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