Criança

Criando crianças pretas: porque é tão importante conversar com seu filho sobre racismo

Paula e Débora idealizadoras do projeto Criando Crianças Pretas - arquivo pessoal
arquivo pessoal

Publicado em 25/01/2020, às 15h37 - Atualizado em 27/02/2020, às 16h48 por Jéssica Anjos, filha de Adriana e Marcelo


Paula e Débora idealizadoras do projeto Criando Crianças Pretas (Foto: arquivo pessoal)

Débora Bastos, publicitária e mãe de José, e Paula Batista, jornalista e madrasta de Iara Flor e Sofia Lua, trabalhavam juntas e sempre conversavam sobre a questão do racismo. O projeto Criando Crianças Pretas nasceu quando Débora engravidou e elas começaram a discutir sobre a falta de informação que tinham sobre o preconceito quando eram crianças. “Nossos pais não falavam com a gente sobre isso, decidimos que com nossos filhos seria diferente”, explica Débora.

A publicitária comentou que quando seu bebê, José, nasceu, ela sentiu uma necessidade de criar uma identidade racial nele. “O registrei como uma criança negra. E no primeiro ano de vida dele, fizemos uma festa com o tema: o pequeno príncipe negro de Wakanda”, relembra. Como lembrancinha, Débora preparou um livro para cada convidado com histórias de personalidades negras que fizeram a diferença na história da humanidade. Quando a comemoração terminou, as duas perceberam que mais crianças precisavam daquele reforço de identidade.

O tema da primeira festa de aniversário de José, filho de Débora, foi: o pequeno príncipe negro de Wakanda (Foto: arquivo pessoal)

“O que a gente propõe é uma linguagem prática. Queremos resgatar a criança preta que existe dentro de nós. Hoje falamos sobre racismo sem dor”, explica Paula. Segundo as amigas e sócias, crescer como um menino ou menina negra é muito difícil. “A gente cresce achando que tem algum problema. O amigo não convida para o aniversário, as pessoas olham diferente”.

Débora ressalta que o projeto não é só sobre os filhos. “Antes de tudo nós fomos crianças negras, passamos por isso. Esse trabalho é sobre meu filho, mas também é sobre o negro que cada um de nós já foi“, reforça.

Não é um trabalho fácil, mas o primeiro passo é reforçar a importância de assumir sua identidade e como cada indivíduo tem sua beleza. A inclusão ajuda neste processo. Paula comenta que as crianças brancas têm dificuldade de sentir empatia pelas negras, porque não costumam conviver com elas. “Precisamos sair da bolha e quando falamos isso, também nos incluímos no processo”, comenta Paula.

As duas disseram que hoje conversam com muitas pessoas brancas sobre o preconceito, elas saíram da própria bola. “Acreditamos que só dá para fazer isso juntos. Se cada um olhar da sua própria perspectiva e fingir que não está enxergando o problema, não funciona!”, defende a jornalista.

Paula com o marido e as enteadas Iara Flor e Sofia Lua (Foto: arquivo pessoal)

Faz parte do projeto Criando Crianças Pretas ir nas escolas e empresas para dar palestras sobre o racismo. “Falamos com crianças e adolescentes, mas principalmente com adultos”, conta Débora. Paula explica que o papel delas é mediar os diálogos. “Todos somos racistas! Não existe juízo de valor, precisamos dialogar para quebrar as barreiras”, aponta.

E o feedback tem sido incrível! Elas enxergam mudanças nos pequenos detalhes. Débora comenta que é um trabalho dolorido, porque todas as vezes em que elas dão exemplos revivem as próprias feridas emocionais. “Mas a partir deste reforço de identidade as crianças passam a acreditar que elas podem fazer qualquer coisa. Podem sonhar. Quando chega alguém parecido com ela fisicamente com um discurso positivo, muda a forma como ela passará a olhar para o futuro”.

Fale com seu filho sobre racismo

Você pode pensar, mas como iniciar esse diálogo? “Comece fazendo seu filho enxergar as pessoas negras“, orienta Paula. Este conselho serve para famílias brancas e negras. Elas defendem que precisamos trazer a humanidade de volta. Ensinar a olhar nos olhos das pessoas para responder.

“Acontece debaixo do nosso nariz, seu filho não deu bom dia para a faxineira e você não percebeu”, exemplifica Débora. Precisa ser um exercício diário, até se tornar hábito. Se não enxergarmos o racismo, nunca iremos mudar. “O que sentimos como comunicadoras é que o assunto incomoda, principalmente às pessoas que não vivenciam essa realidade. Por isso, precisamos criar afetividade entre brancos e negros para gerar empatia. E isso começa desde criança”, defende.

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ComportamentoCriança

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