Publicado em 30/10/2012, às 22h00 por Redação Pais&Filhos
31/10/2012
Por Priscila Kesselring, filha de Beatriz e Gustavo
Tempo é dinheiro, diz o velho ditado. Para quem tem filho, dinheiro pode ser passar mais tempo com o filho, tanto que, numa enquete que fizemos na Fanpage da campanha Culpa, Não, 59,2% responderam que gostariam de trabalhar meio período exatamente para poder ficar mais com os filhos. Já para as crianças, tempo é tempo com você, em família. Mas, na conta deles, não entra levar ao pediatra, ao dentista etc. e ticar no check-list. Isso é obrigação. Tempo de verdade é brincar. “O conceito de tempo na percepção de crianças e adolescentes”, publicado na revista Trends in Psychiatry and Psychotherapy,confirmou algo que a gente já sabia intuitivamente: que a noção de tempo nos adultos é diferente daquela vivenciada pelas crianças.
Nos EUA em crise, 67% dos pais preferem ganhar mais a ficar com o filho
“Nunca conseguiremos sentir que passamos tempo o suficiente com a nossa filha”. Essa frase, de Nathamy Gelli, mãe de Lana, é frequente entre os pais que trabalham hoje em dia. Enquanto a percepção do tempo para os pais está associada a alterações externas, no caso das crianças, ela tem relação com o seu próprio desenvolvimento cultural e social. Quando chegam à escola, por exemplo, os pequenos costumam se inquietar com a partida dos pais. Isso se dá, em grande parte, porque eles ainda não são capazes de imaginar quando irão reencontrar a família, ou seja, qual será a duração dessa separação.
Para a realização do estudo, 81 crianças e adolescentes, com idade entre 6 e 17 anos, informaram sua definição de tempo aos pesquisadores. Os autores esclarecem que, na infância, o termo “família” é um marcador temporal recorrente. Ou seja: para os pequenos, o tempo que conta é o passado com a família. Esse marcador perde o seu significado na adolescência, com as novas relações sociais que surgem no período. Dos 6 aos 8 anos de idade, os momentos de lazer também têm importância na definição de tempo.
A enfermeira mestre pela Escola de Enfermagem da USP e psicanalista pelo Instituto de Psicologia da USP Beatriz Basile, mãe de Julia, Priscila e Cristina, afirma que a noção de tempo nas crianças está muito associada às brincadeiras, presentes desde o início da vida. “Mesmo dentro do útero, a comunicação entre mãe e filho se dá por meio do lúdico”, diz ela.
Se para as crianças o tempo tem a ver com o ambiente familiar e com o lazer, como fazer para aproveitar da melhor forma os momentos com os filhos? O velho debate quantidade x qualidade datou: hoje sabemos que as crianças querem quantidade, sim. Beatriz Basile defende a ideia de que ao optar por ter filhos, algo da rotina da vida adulta deve ser deixado de lado. Ou seja: não vale chegar em casa e não largar o smartphone. Tem de sentar e montar quebra-cabeça, ler um livro, brincar de pega.
Pesquisa realizada pelo Ibope em parceria com a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, em setembro deste ano, com mães de crianças menores de 3 anos, revela que cuidar da saúde do filho é mais importante do que brincar ou conversar com ele. Quando perguntadas sobre o que é importante para o desenvolvimento da criança, 51% das 2 mil mulheres ouvidas responderam que a principal contribuição é levar ao pediatra regularmente e dar as vacinas. Claro, vacinar é fundamental, ninguém discute. Mas não entra na contagem de tempo da criança.
Minha parte em dinheiro
O sentimento de que faltam horas no dia para brincar com os filhos é algo comum. Nem sempre passar mais horas com o filho é uma escolha tão simples: se você depende do emprego, pode não ser possível evitar trabalhar além do horário. Diante da crise, 67% dos pais americanos afirmam que prefeririam ganhar US$ 10 mil a mais ao ano do que ter uma hora a mais ao dia para se dedicar aos filhos. O dado faz parte de uma pesquisa feita pela revista Parents em conjunto com o The Center for The Next Generation. A porcentagem cresce conforme a renda diminui: entre os que ganham menos de US$ 50 mil/ano, 73% optariam por mais dinheiro. Entre os latinos, há uma tendência maior a valorizar mais o tempo que o dinheiro.
Quando realmente é impossível, achar alguma brecha na rotina é uma saída. “No horário do almoço vou para casa e consigo ficar somente cerca de 30 minutos com ela”, diz Nathamy. Se você não consegue passar o tempo que acha ideal, não se culpe. Ou melhor, transforme a culpa em ação e procure ampliar o tempo de brincadeira com seu filho. Meia hora hoje, 40 minutos amanhã, uma hora depois de amanhã. No relógio do seu filho, esses momentos contam muito.
Consultoria: Beatriz Basile, enfermeira mestre pela Escola de Enfermagem da USP e psicanalista pelo Instituto de Psicologia da USP, mãe de Julia, Priscila e Cristina.
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