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#MãesQueInspiram: “Descobri a síndrome de Down do meu filho dois dias após o parto, mas o amor foi maior que o susto”

Gustavo Morita
Gustavo Morita

Publicado em 12/05/2019, às 10h35 por Jennifer Detlinger, Editora de digital | Filha de Lucila e Paulo


Gabriel é a luz da casa da família Viola. E, se Gabriel é luz, sua família é o fio condutor que faz com que ele cative qualquer pessoa que bater o olho em seu rosto risonho. E basta olhar as fotos espalhadas por estas páginas para entender do que estamos falando. É quase impossível não se encantar com Gabriel, o Gabis, de 1 ano e 3 meses, filho de Erika e Fábio. E quem vê a alegria estampada no rosto dos pais não imagina as (muitas) dificuldades enfrentadas pelo casal antes do filho nascer. Tudo começou quando Erika conheceu Fábio em uma aula de esgrima. Depois de um primeiro encontro viajando juntos e muita conversa, casaram-se em outubro de 2014.

Ela sempre teve vontade de ser mãe e construir uma família grande, daquelas de propaganda de margarina mesmo. “Sempre quis brincar de casinha, mas foi só quando já tinha desistido, e cheguei até a adotar dois gatos para me fazer companhia, que conheci meu marido”, relembra Erika. Depois de planejar ter um filho, demorou quase um ano e meio para ela conseguir engravidar, em um processo bem estressante, com muitas consultas e exames de suspeita de infertilidade. Quando finalmente conseguiu, Erika perdeu o bebê depois de 13 semanas. “Eu já tinha recebido muita notícia ruim nessa vida, mas nenhuma como essa. Foi avassalador”.

Uma história e tanto

O casal decidiu dar tempo ao tempo, trocar de médico e, seis meses depois, estavam grávidos de novo. Erika sentia-se ótima, mas com três meses de gestação descobriu um câncer em sua avó, Meire, que acabou falecendo. Além disso, seu pai passou por uma cirurgia no rim e Fábio, ao ficar com o sogro no hospital, teve muitas dores nas costas e foi diagnosticado com um hemangioma no meio da coluna. Precisou passar por duas cirurgias, e na segunda, ficou em coma por uma semana.

Preocupada, Erika dormia ao lado do marido em uma cadeira reclinável na UTI do hospital, mesmo com o barrigão de seis meses. A família toda ajudou o casal a superar tudo e a acreditar que a gravidez teria sucesso: principalmente a mãe de Erika, Iris, o pai, Roberto, e a irmã, Fernanda. “Temos uma rede muito boa de pessoas que nos ajudam a ficar de pé”, afirma Erika. Gabriel, então, cresceu e ficou forte. Mas, apressado que foi, veio ao mundo com 8 meses. Nasceu bem, com um peso ideal, mas precisou ir direto para UTI após o parto, pois estava com queda na saturação de oxigênio.

Aos dois dias de vida do bebê, a família soube que Gabriel tem síndrome de Down. Mesmo com as dificuldades, a felicidade do casal com a chegada do filho era tanta, que a notícia não fez a menor diferença para eles como pais. O amor foi muito maior que qualquer susto. Fábio e Erika só se preocuparam com os problemas que o filho poderia enfrentar no futuro. “Infelizmente, ainda não são todas as pessoas que têm a capacidade de lidar com a diversidade e de ter um pouco mais de tolerância. As crianças com síndrome de Down nos ensinam muito mais do que aprendem”, relata Fábio.

(Foto: Gustavo Morita)

Ao todo, Gabriel passou 15 dias na UTI neonatal depois de nascer. E Erika recebeu a força de outras mães para lidar com a experiência, criando uma verdadeira corrente. “A mãe de UTI é uma espécie a ser estudada. Chorei muito quando tive que ir pra casa sem ele, parecia que tinha deixado a alma no hospital”, relembra.

Por fim, a família toda conseguiu ir para casa. Gabriel ainda tem alguns problemas de saúde que requerem muita atenção e cuidado dos pais, como alergia à proteína do leite da vaca, hipotonia muscular com refluxo e engasgos constantes, cardiopatia, suspeita de hipotireoidismo e imunodeficiência. Os pais, então, entraram em comum acordo de que não se sentiriam seguros em deixar o filho ir para um berçário.

Tudo do avesso, mas dá muito certo

É aqui que entra o mais bonito dessa história: Erika é pediatra e psicanalista e Fábio tem uma carreira consolidada na área de tecnologia da informação. Decidiram, como um verdadeiro time, que seria mais fácil para o pai voltar ao mercado de trabalho novamente, depois de alguns anos cuidando do filho, do que para a mãe. O casal inverteu os tradicionais papéis impostos na sociedade. É Fábio quem passa a maior parte do Tempo com Gabriel em casa.

“O começo foi muito difícil. Sempre tive uma rotina de amigos e trabalho e, de repente, me vi com uma criança chorando, sem saber o que fazer, sem ter habilidade com fralda”. Ele chegou a um ponto de precisar fazer outras coisas além de cuidar de Gabriel, para evitar uma quase depressão. O dia a dia de pai e filho é beeeem ocupado. De segunda a sexta, Fábio corre pra baixo e pra cima levando Gabriel a consultas médicas, fisioterapeuta, fonoaudióloga, terapia ocupacional e até aulas de pilates. Erika conta que ganhou uma grande paz de espírito, sabendo que o filho está sendo cuidado da melhor forma possível: “Ou você é um time, ou não dá jogo”. Quando tem um tempo sozinha com Gabriel, ela gosta de dar banho, curtir esse momento e sentir o filho perto dela.

O Gabriel ensinou para família toda que só é possível viver um dia de cada vez e que tudo acontece no tempo certo. “Ele nos mostrou que a felicidade está nas pequenas conquistas: uma palma de parabéns, uma papinha comida sem engasgar, uma risada sincera”, completa Erika. E quando falamos sobre fio condutor no começo deste texto foi no sentido literal da palavra, mesmo. A família Viola pode ter alguns fios emaranhados ou falhas técnicas, mas no fim, conduz tudo para a luz e vida da casa. E como dá certo, viu?

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