Publicado em 25/04/2020, às 10h50 - Atualizado em 11/07/2022, às 15h11 por Jennifer Detlinger, Editora de digital | Filha de Lucila e Paulo
Pense em algo que te traz felicidade. O que veio à sua mente? Família, dinheiro, trabalho, amizades, saúde, experiências… São muitas as razões que podem fazer alguém feliz. Mas uma coisa é certa: todos buscam, de alguma forma, a tal da felicidade. É aqui que entra a grande questão da vida (e a loucura total) depois da chegada dos filhos. E o que parece um desejo justificável e superlouvável, pode se transformar em fonte de muito conflito, medo e angústia.
Então, como alcançar essa felicidade? Aprendendo a entender e a lidar com as emoções, focando no aqui e agora. Que a felicidade não se compra em caixinha, isto todo mundo sabe. E também não tem receita pronta. Mas nesta longa jornada de construir uma família, você vai aprendendo, aos poucos, a forma de encontrar a sua felicidade. Porque, como costumamos dizer por aqui, só cria filho feliz, um pai ou uma mãe feliz.
Qual é esse novo conceito de felicidade, que exige atenção para o momento presente? O ato de ser feliz depende de acontecimentos e fatores externos à sua vida? Antes de responder qualquer uma dessas perguntas, é essencial reforçar a importância de valorizar o aqui e o agora, principalmente na relação entre pais e filhos.Nos dias de hoje, a ‘ditadura da felicidade’ vem se fortalecendo e obriga as pessoas a serem felizes o tempo todo, mesmo que seja de uma forma falsa e forçada. Uma das maiores armadilhas é acreditar que um dia você será feliz o tempo inteiro, ou esperar que esses momentos durem eternamente.
É normal, principalmente após a chegada dos filhos, que os momentos de felicidade se alternem com os de tristeza ou mal-estar. A prática da atenção plena, ou mindfulness, pode ajudar no processo de entender, aceitar e conviver com esse fluxo natural de emoções. “A importância do mindfulness não está em trazer felicidade, mas sim em ajudar a reconhecer principalmente o que nos gera sofrimento. E também em como manejar, dentro do possível, essas condições de sofrimento. Diferente do que às vezes aparece na mídia, o mindfulness não é uma coisa em que você senta e ficar meditando, pensando em coisas lindas. Você senta com o que está ali no presente, mesmo que sejam dores e dificuldades, com a intenção de se cuidar. Ele vai na contramão da positividade tóxica, que não quer que a gente se sinta triste ou se frustre, dizendo que sim, nós vamos nos frustrar e ficar tristes, mas também podemos ter autonomia na busca do autocuidado, mesmo com as dificuldades da vida”, explica Tiago Tatton, pai de Clara Luz, psicólogo, pós-doutor em psiquiatria e ciências do comportamento e especialista em Mindfulness pela Escola de Medicina da Universidade da Califórnia, em San Diego.
Em um mundo cada vez mais conectado, é essencial se reconectar, identificar e entender as emoções que vão dar origem às reações em nosso dia a dia. Apesar de preferirmos os momentos felizes da vida, cada emoção tem a sua importância — e é necessário saber usá-las da melhor forma possível diante das frustrações e dificuldades.
“A gente passa mais de 10 anos na escola, aprendendo fórmulas e regras, e ninguém fala nada a respeito de medo, alegria ou tristeza. Não se tem uma discussão aberta sobre as emoções. Chega a ser uma ignorância não dedicar tempo e espaço para isso. As emoções modulam o nosso comportamento”, explica Tiago.
Os pais, com a síndrome de quererem ser perfeitos, costumam ter dificuldade em entender as emoções e respeitar suas individualidades. Por isso, é essencial desenvolver um processo de autoconhecimento e reconhecimento das próprias necessidades. É normal perder a cabeça de vez em quando, querer abrir um buraco no meio do chão e se enterrar quando seu filho está fazendo birra no shopping lotado ou ter vontade de tirar um ano sabático longe dos filhos e da família quando você chega em casa e se depara com uma coleção inteira de Legos com pecinhas minúsculas espalhadas pelo seu quarto.
Mas a grande questão é: como mãe ou pai, você está ligado nas reações que estão surgindo a partir dessas emoções? “Temos na geladeira aqui de casa um jogo de ímãs com sentimentos. Medo, ansiedade, sono, sede, fome, raiva, nojo, alegria, tristeza. A paternidade mistura todas as emoções ao mesmo tempo. No começo, os sentimentos ficam todos amontoados, embaralhados. Meus maiores erros acontecem quando deixo os sentimentos se misturarem, sem entender a que estou reagindo. Quando entendo minhas emoções e sei lidar com elas, costumo acertar como pai”, conta Marcos Piangers, jornalista e nosso colunista, pai de Anita e Aurora.
Após a chegada de um filho, vem o momento do susto. Deixamos de ser homem e mulher para sermos pai e mãe e ainda nasce uma pessoa que depende de nós. Como entender a individualidade e manter a felicidade no aqui e agora? Antes de qualquer coisa, é importante deixar claro que filho não é sinônimo de felicidade.
As pesquisas mostram que o momento da chegada de um filho – supostamente o dia mais feliz na vida de um casal – nem sempre é mesmo. Boa parte dos pais e das mães conta que filhos trazem cansaço, estresse, isolamento social e, sim, um certo grau de infelicidade. Mas calma! Não estamos falando que filhos não trazem felicidade.
O grande lance é que, apesar de muitos dos pais terem a convicção de que a paternidade nem sempre é a menina dos olhos dos casais, pouca gente fala sobre nisso. E isso gera ainda mais frustração e culpa. Pessoas temem parecer desnaturadas ao dizer que ter um filho trouxe alguns problemas e mostrar que a paternidade parecia mesmo ser mais bela quando vista de longe. Tipo a grama do vizinho. “Filho traz felicidade, mas também é sinônimo de desafio. A gente tem que ser maduro o suficiente e entender que filho traz frustrações. É uma grande mistura de responsabilidade, com o fato de encontrar com seus próprios limites e às vezes até de desamor. Essa ideia de que filho é sinônimo de felicidade não pode ser uma coisa empurrada goela abaixo. Senão, gera culpa”, defende Tiago.
Ainda assim, a gente acredita que não há nada que se compare com a emoção de colocar um filho no mundo. E tudo vale muito a pena. “Filhos, em geral, nos apresentam desafios que podem ser confundidos com infelicidade. Mas acredito que as dificuldades dão mais sabor para as conquistas. No curto prazo, filho é um desafio o tremendo. No longo prazo, realização”, completa Piangers.
Nada mais natural do que ter expectativas em relação ao bem-estare felicidade dos filhos. Todo pai ou mãe espera que eles cresçam saudáveis para que se tornem adultos independentes, felizes e bem-sucedidos. Mas como garantir que as crianças recebam todo afeto, atenção e se desenvolvam da melhor forma em um mundo cada vez mais digital e complexo, com tanto imediatismo e frustrações?
“A experiência da paternidade é desafiadora e tem um crescimento enorme. É ser arrancado do centro do umbigo. Foi uma das experiências mais fortes que tive na vida. Aquela frustração de não dormir, de não saber o que fazer diante do choro do bebê, junto com uma alegria intensa. Tudo é transformador”, conta Tiago. A família atual mudou muito de configuração e uma nova sociedade foi criada. Mas em meio aos novos papéis, uma coisa nunca muda: seu filho continua precisando do convívio com você. E que o diálogo seja parte fundamental do relacionamento entre pais e filhos.
A gente costuma dizer que ninguém cria um filho sozinho. Somos feitos de exemplos, modelos e experiências. Mas e quando não temos a referência para sermos pais ou mães? Como criar filhos felizes (e famílias felizes) do zero? Mesmo sem a presença do pai na sua vida, Marcos Piangers defende a paternidade ativa de verdade. “Sempre quis ter um pai amoroso e participativo, que fosse inspiração pra mim nas questões de criação de filhos e relacionamentos amorosos. Acredito que um pai presente muda tudo: melhora a vida da esposa, do filho, e dele mesmo. Assim, é muito mais difícil e doído ser pai sem ter tido um bom pai. Fico feliz de ter quebrado um ciclo de abandono. Daqui a duzentos anos esta minha decisão ainda terá um impacto no mundo”, conta.
“Apesar de não ter tido uma referência de paternidade – e que me fez uma falta tremenda – por muitas vezes errei e precisei levar bronca da minha mãe, da minha esposa e até das minhas filhas. Meu aprendizado não é do ponto de vista teórico, é tudo da prática mesmo”, brinca o jornalista.
Nossas emoções mudam e se moldam após a chegada dos filhos. São grandes experiências e vivências. Como lidar com as próprias emoções em meio a tanta novidade? “Felicidade é ter propósito na vida e ver que sua família faz parte dos seus sonhos. A vida após a chegada dos filhos é um aprendizado de emoções, com momentos alegres e outros difíceis. Tive momentos que dividi angústias com terapeutas e amigos. É essencial ter sempre uma rede de apoio”, conta Thaissa Alvarenga, mãe de Francisco, Maria Clara e Maria Antônia, fundadora da ONG Nosso Olhar.
“A felicidade é a soma de emoções como paz, liberdade e aceitação. Às vezes, a gente é feliz e nem está sabendo. Botamos tudo em parâmetros e a felicidade não é assim, é aceitação. A grama do vizinho é sempre mais verde. Às vezes eu mesma olho uma mãe no Instagram e penso: ‘Por que não sou assim?’. A rede social é o mesmo álbum de fotografia a que tínhamos guardado, é a foto de um momento especial. Estamos pegando esse álbum como se não fosse algo pontual. A gente não fazia uma métrica com essas fotos para a vida, como é hoje com as redes sociais. A felicidade não é um estado de permanência”, defende Débora Bastos, mãe de José, publicitária e fundadora do projeto Criando Crianças Pretas.
Nessa mistura de emoções que invadiu a sua vida após a chegada dos filhos, um dos caminhos para estar feliz é valorizar o presente. Parece clichê, mas funciona. “A felicidade está nas pequenas coisas. Às vezes, as pessoas depositam a felicidade nas coisas grandes, como gastar muito dinheiro, mas a felicidade é estar com quem você ama e quem cuida de você. É o simples sentar no sofá de casa comendo um pão na chapa com seu filho. Isso pode significar a felicidade plena”, conta Rodrigo Capella, pai de Theo, ator e humorista. “Felicidade é uma autobiografia que nos dá orgulho. O único momento que é possível ser feliz é o agora. Estou aqui acabando de ajudar minha filha com a tarefa, conversando com minha outra filha sobre como será a semana. Minha esposa está dormindo. Temos saúde e amor. Nunca fui tão feliz. A felicidade só existe dentro da gente, não fora”, completa Piangers.
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