Família

Anna Virginia Balloussier após ser mãe: “Existe um senso de sororidade materna muito forte”

A jornalista conversou com a gente sobre maternidade - reprodução/Arquivo Pessoal
reprodução/Arquivo Pessoal

Publicado em 27/12/2020, às 05h12 por Yulia Serra, Editora | Filha de Suzimar e Leopoldo


A jornalista, mãe de Violeta, deu detalhes sobre a rotina da família com a chegada da filha em meio à pandemia do novo coronavírus. Nesse momento de isolamento em casa, ela encontrou na escrita um hobbie e lançou o livro “Talvez ela não precise de mim: Diários de uma mãe em quarentena”. Saiba mais detalhes sobre a nova realidade da família no nosso bate-papo.

A jornalista conversou com a gente sobre maternidade (Foto: reprodução/Arquivo Pessoal)

A quarentena mudou a sua forma de enxergar a família?

De alguma forma sim! A gente criou mais conexões. Eu sempre brincava que não deixaria minha mãe e pai ficarem perto da minha filha nos primeiros meses, porque eles falavam que dariam açúcar, doces… Com a quarentena, eu demorei quatro meses para revê-los. Nós resgatamos um pouco desses elos. Há também uma questão prática. Eu percebi o quanto subestimei a importância que eles têm no cuidado do primeiro filho.

Como foi passar 24 horas do dia com sua filha sem ajuda?

A Violeta é uma bebê tranquila. Sou honesta, tive uma vantagem. Não tive muita base de comparação. Eu tenho 33 anos e sou a primeira dos meus amigos próximos e dos amigos próximos do meu marido a ter filhos, então não sabia muito o que esperar. Para mim foi algo tipo: “Tá bom, maternidade é isso”. A falta de comparação ajudou muito psicologicamente. O lado ruim é inegável, mas gosto de ver o lado bom. Nós não sofremos a Síndrome de FOMO (do inglês Fear of Missing Out), porque todo mundo estava passando por isso com a gente. Ninguém estava em festa, mas em casa. Por estarmos todos no mesmo barco, não teve essa crise de ansiedade de pensar em tudo o que poderíamos estar fazendo.

Quais foram os maiores desafios nesse período para você?

O maior desafio é um pouco chover no molhado, mas também motivo de orgulho. Como eu sempre falo, ser mãe é um drama silencioso. Mas eu passei por esse período em um contexto ainda mais agravante. Não é somente a questão física da maternidade, é psicológica também. Até hoje, quando vou levar a Violeta para a casa dos meus pais, eu tenho medo. Precisei flexibilizar um pouco, porque é difícil brigar com sua mãe (rs), mas há um certo medo do vírus.

E as conquistas?

Antes da maternidade, eu tinha muito medo de tudo relacionado a ela, como de quebrar a minha filha. Achava que era uma mãe com defeito de fabricação, que não conseguia fazer as coisas mais básicas, por isso a minha maior conquista, por mais banal que pareça, foi fazer aviãozinho com minha filha. Entender que não vou deixar ela cair no chão. Ainda sou muito medrosa, mas até por não ter ajuda de ninguém, percebi que dou conta.

Como você enxerga a maternidade hoje?

A maternidade e paternidade são uma espécie de sociedade secreta. Quando você fica grávida, te contam que terá enjoos basicamente, mas é muito mais que isso. Nós nos perguntamos: “Por que minha mãe não me contou sobre isso? Por que a gente não se interessa?”. Talvez seja por essa omissão que temos pouca empatia pelo choro da criança no avião ou da amiga que não vai sair com você, porque está morta de cansaço. As mães se entendem, com a internet conseguem falar mais sobre isso, mas ainda não temos nenhuma educação a respeito. A paternidade ainda tem um agravante, porque os pais não conversam. Eles não têm grupos, não têm essa intimidade.

Ela foi mãe em meio a pandemia do novo coronavírus (Foto: reprodução/Arquivo Pessoal)

Passar mais tempo com a sua filha fez com que ela te inspirasse no trabalho?

Eu ainda não voltei ao trabalho, mas mudou tanta coisa. Eu já tinha feito várias reportagens sobre maternidade e era um assunto que não me comovia tanto. E nesse momento, mais do que a maternidade ter influenciado nas reportagens que faço, influenciou na visão que tenho das colegas que são mães. Quando penso nas minhas amigas grávidas no meio da pandemia, tendo que trabalhar cuidando de filhos mais velhos… Quando penso em como encararam tudo isso e entregaram um material maravilhoso. Existe um senso de sororidade materna muito forte. Ser mãe me solidarizou mais.

O que a escrita representa na sua vida? E durante a pandemia?

Eu nunca tinha escrito nada literário ou pessoal até então. Nesse caso, foi algo como um expurgo sobre estar sozinha em casa no meio de uma pandemia. Existe, sim, a questão do amor de mãe ser maior que tudo, mas isso não anula o fato de ficar triste, angustiada e chorar. E a forma que eu conseguia entender o que estava sentindo era no momento em que abria o computador pra escrever, por volta de meia-noite às 2h da manhã. Virou algo quase como Chico Xavier, de psicografar meus sentimentos. A escrita me serviu de cura, para entender que vou falhar várias vezes, mas minha filha me ama e eu sou o que ela precisa.

Como você tem lidado com o turbilhão de sentimentos causados pela quarentena?

Eu já passei do ponto de chorar e estar angustiada. Vou usar a metáfora da louça na quarentena para explicar. Tem hora em que você fica com muita raiva da louça, depois deprimida pensando que não irá conseguir. O último passo é a aceitação, essa louça vai ter que ser lavada e vou dar conta. Na quarentena, passei por todos os estágios e chegou o ponto em que entendi que faz parte lidar com eles. Minha filha preenche meu dia e esse acompanhamento das pequenas descobertas dão uma leveza maior para o período.

De onde surgiu a ideia de fazer um livro a partir da experiência no isolamento?

Eu odeio dar o crédito para meu marido, mas… (rs). Eu já tinha o contrato com uma editora e chegou um momento em que já tinha anotado tantos detalhes para lembrar no futuro que ele disse: “Por que não oferece essas histórias?”. Veio aquela insegurança clássica feminina, mas sugeri para meu editor e ele topou na hora.

No livro, você trata essa situação com humor e leveza. Por que essa escolha de ponto de vista?

Eu estava vendo uma série e fiquei de bode, porque tinha uma carga muito pesada. A vida é bem mais complexa do que aquela carga dramática que carregamos o tempo todo. Enquanto estamos passando pelos grandes dramas, ainda precisaremos fazer cocô, ainda iremos tuitar, continuaremos com as situações mundanas diárias. Então, mesmo em um tema tão pesado quanto esse de puerpério e quarentena, a vida continua, ela não te poupa. Em um dia estava muito triste e olhei para a TV, e estava o Rodrigo Hilbert lutando sumô. A vida é isso, não vai colocar uma música dramática quando você estiver triste, mas o Rodrigo lutando sumô.

O que você espera que outras mães sintam ao ler o livro?

Quando eu escrevi, não esperava nada específico. Só queria tirar de mim. Mas até pelo retorno que estou tendo das mães, espero que elas não se sintam sozinhas, saibam que tem alguém que as compreende, espero que seja uma
questão de identificação. Cada maternidade é única, mas existe um grande modelo.

Qual a importância de trocar experiências no universo da maternidade?

Toda. A importância da troca é ver que o que você está passando e sentindo é normal. Nós sempre achamos que as fases são eternas, mas não são. A identificação também é um conforto de entender que as coisas passam e você sempre vai ter potenciais ouvidos amigos para ajudar a superar.

Anna escreveu um livro sobre a experiência pessoal (Foto: reprodução/Arquivo Pessoal)

Nesse período, você conseguiu arranjar um momento para fazer algo por e para você?

Uma questão meio bizarra da quarentena foi ser obrigada a ficar muito tempo com minha filha, por isso fiquei muito ciumenta em relação a ela. Virou uma questão de leoa, estou muito apegada ainda, mas não me poupo desses pequenos prazeres da vida, como beber uma taça de vinho, ler jornal, ter opiniões diferentes, não transformar minha vida em maternidade em looping. Não ficar afundada nessa redoma da maternidade é fundamental.

Qual o legado que a quarentena deixa na sua vida?

Ainda é uma obra em andamento, é difícil mensurar agora. Mas pensando em tempo real, é a resiliência. A quarentena ensina que você aguenta, tanto o desafio da maternidade quanto da pandemia. A vida vai continuar. As coisas vão se ajeitando e somos mais fortes do que pensamos.

Para você, família é tudo?

Não e acho bom que não seja, porque eu não quero criar uma filha que não perceba a dimensão do mundo. Família é muito, mas quando passa a ser tudo eu passo a ser uma pessoa menos interessante para minha filha, diminuo muito o campo de possibilidades para ela.


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