Publicado em 22/04/2021, às 06h18 - Atualizado às 06h44 por Camila Montino, filha de Erinaide e José
Marlene Hinckel, de 63 anos, aproveitou a pandemia da Covid-19 de forma positiva: ela aprendeu a ler durante às aulas online do neto, Eduardo Hinckel, de 7 anos. A moradora de Florianópolis aproveitou as visitas do menino, que está em processo de alfabetização, para acompanhar os conteúdos do segundo ano do ensino fundamental.
Para avó, um grande passo foi dado após ler as primeiras palavras em sua vida. “Imagina que me empolguei com a ideia de aprender também, e passei a assistir às aulas e usar os livros da escola dele para tentar ler.[…] Hoje já consigo ler as músicas e versos bíblicos utilizados no culto diário da família. Para mim, isso já é um grande passo”, diz Marlene ao G1.
Em 2019, a idosa chegou a se matricular e ter aulas na Educação para Jovens e Adultos (EJA), que despertou a vontade de estudar, já que tinha contato presencial pessoas da mesma faixa de etária que também queriam aprender. Segundo a filha, Karina Hinckel, a mãe gostava de ser estimulada pelas professoras e de conhecer o alfabeto, mas a situação não progrediu com a pandemia, já que ela não conseguiu acompanhar as atividades à distância, e então, acabou não se alfabetizando. “Fiquei em casa isolada, sem sair para lugar nenhum e estava muito depressiva, pois antes da pandemia estava frequentando a EJA”, ressalta Marlene.
Com o filho em período integral em casa por causa do coronavírus, em 2020 Karina saiu do emprego e começou a se dedicar a ajudá-lo nos estudos. Então, mãe e filho passaram a visitar Marlene diariamente para que a idosa não se sentisse sozinha.
Durante as visitas, o menino assistia às aulas virtuais com a avó sempre acompanhando tudo. Então, Karina passou a auxiliar os dois sobre o conteúdo onlinee assim, Marlene aprendeu a ler. “A EJA foi fundamental para tudo isso. O apoio veio da escola, das professoras, por isso que ela não quis desistir e está indo em frente, foi graças ao EJA, e esse contato com pessoas tão bacanas, que trataram ela sempre com tanto amor e carinho, que deram tanto valor para essa necessidade e esse sonho dela”, diz a Karina.
Sem saber ler, Marlene diz que até a tarefa de ir as compras no supermercado era difícil, pois não conseguia nem diferenciar o frasco do shampoo e o do condicionador. Agora, com uma lista maior de palavras, e avó consegue ler além de shampoo e condicionador. “Nas sextas-feiras havia um projeto da escola onde as crianças liam textos que a professora escolhia e assim, fui lendo os textos e lendo cada dia melhor. Ele logo aprendeu a ler e escrever; já eu, estou tentando [escrever]”, conta Marlene.
Agora que o neto voltou as aulas presenciais, Marlene está o conteúdo online do menino, mas se sente mais motivada e segue estudando em casa com a ajuda da filha, enquanto aguarda a vacinação contra a Covid-19. “Meu plano é continuar aprendendo a ler. É muito difícil, dá insegurança e, às vezes, parece que esqueço tudo o que aprendi. Mas quero muito um dia pegar um livro e ler sem precisar de alguém para me corrigir. Ler e entender, esse é o objetivo”, afirma.
Marlene cresceu em Bom Retiro, cidade na Grande Florianópolis. Na infânciaela conta que os pais priorizaram o trabalho dos filho na roça e que trabalhou com eles até completar 25 anos. “Não tinha escola próxima a nossa casa, tínhamos que caminhar por horas até chegar na única escola, mas meus pais não achavam importante estudar e preferiam manter os filhos trabalhando na roça”, lembra.
Logo depois, ela se casou e teve filhos, por isso não conseguiu dar prioridade para os estudos na época. “Casei cedo e engravidei em seguida. Por falta de orientação, tive três filhos em seguida, o que me impediu na época de estudar. Mas foi na fase em que meus filhos começaram a frequentar a escola que senti ainda mais a falta dos estudos, pois eu sequer podia ajudá-los”, diz.
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