Família

Castelo Rá-Tim-Bum: desvendamos os bastidores do programa em entrevista com Bruno Capelas

Essa é a capa do livro que você encontra nas livrarias hoje, mas ele mudou desde que era o trabalho de conclusão de curso de Bruno. (Divulgação)
Essa é a capa do livro que você encontra nas livrarias hoje, mas ele mudou desde que era o trabalho de conclusão de curso de Bruno. (Divulgação)

Publicado em 28/03/2020, às 07h49 por Marina Paschoal, filha de Selma e Antonio Jorge


Essa é a capa do livro que você encontra nas livrarias hoje, mas ele mudou desde que era o trabalho de conclusão de curso de Bruno. (Divulgação)

Jornalista, filho de Silvana e Luiz Antônio – mais conhecido carinhosamente como Ludy –, Bruno Capelas foi uma criança que nasceu e cresceu nos anos 1990, quando o Castelo Rá-Tim-Bum também nasceu e viveu seu auge. Foram anos mergulhado no universo de doutor Victor, a bruxa Morgana, Nino e seus amigos, até que a paixão de infância tornou-se tema para o trabalho de conclusão de curso e consequentemente, o seu primeiro livro publicado: “Raios e Trovões”.

Pais&Filhos: Para começar, quem é o Bruno?
BRUNO CAPELAS: Além da ficha de LinkedIn – jornalista, editor de tecnologia, etc. –, nasci no ABC,
em São Paulo, meu pai é engenheiro, minha mãe professora de português e tenho uma irmã 10 anos mais nova. Inclusive, ela é um capítulo na história do livro, foi por causa dela que ele acabou acontecendo na verdade.

Pais&Filhos: Como era sua rotina de assistir ao Castelo?
BC: Eu ficava na escola até as 18h da tarde, que era o horário que a minha mãe tinha de trabalhar. Eu fui criado praticamente como filho único. Uma coisa muito curiosa é que antes de conseguir cuidar do jantar, ela fazia salsicha com uma gota de ketchup em cada rodela. E eu ficava lá, vendo o Castelo comendo salsicha.

Pais&Filhos: Que legal! E como ele passou de hobby de infância para tema do seu TCC?
BC: Eu estava fazendo faculdade de jornalismo e buscando um bom tema para o meu trabalho de conclusão de  curso.  Eu sabia que para fazer um bom TCC eu precisava de um tema que seria muito minha cara para eu não enjoar. Pensava em algumas coisas de música e banda. Em um dia, estava assistindo à TV com minha irmã e ela vendo Castelo. E eu, em vez de roubar o controle e trocar de canal (como eu sempre fazia), acabei assistindo ao episódio com ela até o final. Quando acabou, eu queria ver outro. Foi aí que pensei: “pô, eu gosto disso!”. Resolvi buscar um livro para entender melhor a história do Castelo e descobri que não existia. Aí logo pensei em contar a história do Castelo. E esse livro está muito ligado ao sonho de ser jornalista e querer trabalhar com cultura.

Bruno todo orgulhoso com o livro em mãos! (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)

Pais&Filhos: Mas essa não foi a primeira vez que você tinha pensado em escrever alguma coisa sobre ele…
BC: Não mesmo. Antes disso eu já tinha tido a ideia de fazer uma matéria sobre o Castelo, foi uma sugestão do meu editor. Mas logo eu saí do estágio e não consegui tocar a reportagem. Mas aquilo ficou na minha cabeça. E eu dei uma baita sorte quando resolvi fazer meu TCC sobre ele, porque foi bem no ano em que o Castelo estava completando 20 anos. E por conta disso, rolou a exposição do MIS que bombou, tive acesso às pessoas com mais
facilidade e às informações de bastidores e tudo mais.

Pais&Filhos: E como foi poder conhecer as pessoas que fizeram o Castelo?
BC: Foi um processo bem maluco! Na verdade, dois processos. Um de um menino-fã que se encantou com a coisa de livros: eu ligava para as pessoas para marcar entrevista e tinha que posar de jornalista sério. E eu, no fundo queria
poder falar de cara que eu era muito fã! (Risos). O segundo processo foi de descobrir as pessoas dos bastidores e perceber que o Castelo não foi uma criação de uma ou duas pessoas, e sim um coletivo, de muita gente. Foram
entrevistas incríveis, e algumas que até chorei no meio. Descobri detalhes, pessoas e coisas muito importantes.

Pais&Filhos: Qual foi a entrevista que você chorou?
BC: Foi a com o Silvio Galvão. Ele criou a lua do Mundo da Lua, a árvore do Castelo, coisas que ficaram no imaginário durante muito tempo. Foi uma entrevista bem legal, porque ele estava restaurando coisas da exposição – e algumas eu pude tocar, ver e tirar foto. Foi um dia bem emocionante. No final, falávamos sobre o que poderia ter sido feito com o Castelo, choramos abraçados. Foi bem legal.

Pais&Filhos: E aí, como o TCC virou um livro?
BC: Foi bem doido e doído. Tive que tirar do formato acadêmico e transformar em algo gostoso de ser lido. Passei esses 5 anos entre o TCC e o livro fazendo exatamente isso. Foi um processo bem maluco até chegar nessa forma.
Eu brinco que aquilo que chegou na livraria é o quarto filme de Star Wars: Uma Nova Esperança, porque ele foi a quarta versão de livro (risos).

Pais&Filhos: Você contou que sua irmã é 10 anos mais nova. Quando ela era criança, você assistia com ela?
BC: Pois é, quando ela nasceu o Castelo já não passava tanto. Ela pegou mais na época de reestreia, mas foi uma
coisa que fez parte da infância dela tanto quanto a minha. Nesse processo de escrever o livro, a Bia foi minha leitora
mais interessada. E era uma coisa que eu queria. Queria fazer um livro que as pessoas que eram fãs do Castelo se
identificassem, e por outro lado, eu queria que as pessoas que nunca viram o programa sentissem curiosidade.

Essa criança aí da foto é o Bruno num dia de autógrafos de livros do Castelo, em 1995, no Museu da Casa Brasileira

Pais&Filhos: Você tem um episódio preferido?
BC: Quando eu era criança, tinha um episódio que eu adorava, era uma gincana de ovos de Páscoa. E hoje, como
adulto, tem dois que eu gosto muito. Um em que o Nino vai visitar os pais do Bongô com ele pra pegar um litro de leite – acho ele bem bonito, porque não fica no Castelo. O outro é o primeiro, ele é um episódio que dá medo. É quando somos apresentados ao Castelo, gosto muito da forma que o capítulo é construído, como mostra a magia.

Pais&Filhos: Tem um personagem que você mais se identifica?
BC: É bem engraçado porque os meus personagens favoritos são meio que os chatos. Não são impressionantes
e são bem parecidos comigo. Eles são o Pedro, que é um nerd, e o Gato Pintado, que é um gato nerd que só ficava lendo e lendo (risos).

Pais&Filhos: Você ainda não tem filhos, mas quando tiver, assistir ao Castelo com eles vai ser um daqueles itens essenciais? Por quê?
BC: Ah, sim! Com certeza vai ser. Mas sabe, eu sei que sou meio azarado, então tenho certeza de que meu filho vai
odiar o Castelo (risos). E eu acho isso porque vou encher tanto o saco dele com isso, que é capaz de ir pro outro lado. Meu pai, por exemplo, é um grande fã do rock, mas tem umas bandas que ele gosta que eu não consigo gostar.

Pais&Filhos: E o que torna o Castelo tão especial?
BC: Eu acho que são muitas coisas. A primeira é o respeito à inteligência da criança, ele deixa a criança aprender tudo, ver tudo, não tem aquela coisa de que “isso não é para criança”. Uma coisa importante da época era a formação cultural e ele tinha essa preocupação de representatividade quando nem se pensava tanto nisso. Se preocuparam na variedade de etnias dos atores e é muito inclusivo justamente por isso, por essa família que se moldava com a criança – não necessariamente com a figura da mãe ou do pai, mas personagens com esse papel. Outra coisa legal, é que ele só pôde existir porque outras pessoas experimentaram, tentaram e aprenderam.

Pais&Filhos: Você pode dar um exemplo sobre essa coisa de ‘respeitar a inteligência da criança’?
BC: Por exemplo, foi muito doido quando eu fiquei velho e fui aprender sobre arte moderna, porque tudo chocava os
outros e eu não entendia o porquê, já que eu já havia visto aquilo no Castelo. Não é chocante para criança, é natural.

Pais&Filhos: O Castelo influenciou de alguma maneira na sua relação com a sua família?
BC: Acho que não diretamente na época em que eu era criança. E acho mais que isso, o Castelo tem uma coisa que traz valores de famílias. Uma coisa que ajudou a reforçar a outra, sabe? Valores de compaixão, de respeito ao próximo, amizade e otimismo. Isso está muito ligado com o que eu aprendi em casa, então a mensagem acabou
sendo reforçada. Me ajudou mais depois que fiquei mais velho do que lá atrás quando eu era criança.

Pais&Filhos: Acha que esses valores têm se perdido na programação infantil durante os anos?
BC: Essa é uma pergunta complexa, porque é muito fácil a gente ficar preso na nossa época. O que eu lamento é ausência de uma grade de programação bem destemida na TV aberta, que tivesse essa preocupação que o Castelo tem. Passar desenho e sortear prêmio não é programação infantil, é só preencher espaço. Por outro lado, tem desenhos modernos muito bons, com preocupação ética e humana, que o Castelo tinha, mas não era 100%, porque ele também tinha uma vertente educativa e pedagógica. E hoje, isso está tudo ao alcance do Google. Talvez o desenho seja mais humano hoje.

Pais&Filhos: Para você, família é tudo?
BRUNO CAPELAS: Sim, com certeza! O livro é dedicado aos meus pais e irmã, e no fim eu fiz uma dedicatória bem grande dizendo o quanto eu sou grato por eles. Eu não teria virado jornalista sem apoio deles. Minha mãe me deu aula de português na escola, meu pai sempre me trouxe essa ligação com música e cultura muito forte. Os dois me apoiaram muito quando decidi cursar jornalismo e durante todo o processo. Esse livro não existiria se não fosse a minha família do meu lado, se não fosse por todo apoio que eu tive deles.

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