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Cesárea sem sangue: técnica de cirurgia pode salvar vida da mãe com placenta prévia ou acreta

Cesárea sem sangue: conheça a cirurgia que pode salvar a vida da mãe com placenta prévia ou acreta - Getty Images
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Publicado em 01/04/2022, às 07h24 - Atualizado às 11h34 por Helena Leite, filha de Luciana e Paulo


Se a gente te falasse que é possível fazer um parto cesárea sem nenhum sangramento, você acreditaria? Pois é! Por mais maluca que essa ideia possa parecer, ela realmente já é colocada em prática em alguns hospitais, inclusive no Brasil. A cesárea sem sangue conta com uma série de procedimentos superespecializados e só é feita em alguns casos específicos, como os de mulheres com placenta prévia ou placenta acreta. A ideia é diminuir ao máximo os riscos que essas mães têm na hora do parto.

“As duas placentas costumam gerar muita preocupação em relação ao momento cirúrgico. A placenta acreta durante a gravidez pede muita atenção porque ela pode descolar e causar sangramento em qualquer movimentação do útero. Na hora do parto da mãe que tem uma dessas duas, a gente fica preocupado com a retirada da placenta, porque tem grandes chances de não conseguirmos retirá-la e começar um sangramento uterino que, na maioria das vezes, tampa quase todo o campo de visão. Não dá para enxergar o útero e isso é algo de altíssimo risco de mortalidade materna”, explica Dr. Alberto d’Áuria, ginecologista obstetra e diretor de relacionamento médico do Hospital e Maternidade Santa Joana.

Cesárea sem sangue: conheça a cirurgia que pode salvar a vida da mãe com placenta prévia ou acreta
Cesárea sem sangue: conheça a cirurgia que pode salvar a vida da mãe com placenta prévia ou acreta (Foto: Getty Images)

É justamente para evitar esse sangramento que pode trazer altos riscos que foi criado o procedimento de cesárea sem sangue. Mas antes de entender um pouco mais sobre ele e como é feito, precisamos dar um passo atrás e entender, afinal, o que é placenta acreta e placenta prévia.

Placenta acreta x Placenta prévia

A placenta acreta, também conhecida como acretismo placentário consiste em uma situação em que a placenta não está aderida ao útero de forma correta. “A placenta acreta é uma placenta de aderência anormal, é como se ela criasse “raízes” para dentro do útero em busca de uma melhor vascularização. Normalmente, ela se descola facilmente logo após o parto, mas nos casos de acretismo é preciso a intervenção manual do médico, o que pode resultar numa intensa hemorragia pós-parto. O quadro de placenta acreta pode ser suspeitado nas ultrassonografias durante a gestação e confirmado através de Doppler ou ressonância magnética”, explica a Dra. Eliana Morita, especialista em Reprodução Humana, Gestação de Alto Risco e ultrassonografia da Clínica de Fertilidade Hinode.

Já a placenta prévia é quando esse órgão está presa (implantada) sobre a abertura do colo do útero, na parte inferior do útero, em vez de na parte superior. “Muitas vezes o ovo não consegue achar um lugar e o lugar “mais quentinho” é ir em direção ao colo uterino. Então ele se prega ali. E aí se forma a placenta prévia”, explica o Dr. Alberto d’Áuria.

Como no caso da acreta, a placenta prévia também costuma ser descoberta durante a gestação. “A placenta se forma definitivamente com 13 semanas. Na ultrassonografia já se começa a apontar e perceber se ela está no lugar esperado ou não”, completa o médico.

Os cuidados vão além do parto

A cesárea sem sangue é uma ótima e inovadora opção para conter os riscos das mulheres que têm placenta acreta ou prévia, mas vale ressaltar que esse não é o único cuidado que essas mães têm que ter. A atenção especial acontece logo que se é descoberto que a placenta não está da forma que deveria.

“Ao descobrir, a gestante já é orientada, por exemplo, a usar mais progesterona, vitamina C para melhorar o acolamento e não fazer exercício físico. No caso da placenta prévia, a atividade sexual também é restringida, porque ela pode aumentar a chance de descolamento. Mas não tem como evitar ou reverter. Ela já está ali, só precisamos acompanhar de perto”, explica o ginecologista obstetra.

A cesárea sem sangramento conta com uma técnica diferente e precisa da ajuda de um cirurgião vascular
A cesárea sem sangramento conta com uma técnica diferente e precisa da ajuda de um cirurgião vascular (Foto: Getty Images)

Cesárea sem sangue

Agora que você já sabe exatamente o que é a placenta prévia e acreta e como funcionam os cuidados, podemos prosseguir para o método indicado nesses dois casos. A ideia da cesárea sem sangue foi desenvolvida justamente para dar a essas mães uma maior segurança na hora do parto. Como apontado pelo Dr. Alberto, os riscos de que algo ruim aconteça com a mãe durante a cesárea sem sangue são praticamente nulos.

Vale ressaltar, no entanto, que essa cirurgia é muito especializada e precisa contar com a ajuda de outros profissionais, como um cirurgião vascular, que é essencial para o procedimento. Justamente por isso, ela não é realizada em todos os hospitais atualmente no Brasil.

O método consiste no uso de balões que fazem com que o sangue não vaze. “Antes de eu começar, o cirurgião vascular cateteriza as artérias femorais, introduz o cateter com um balão desinflado. Esse balão vai até a boca das duas artérias que nutrem o útero”, explica Dr. Alberto, sobre o início do procedimento.

Depois que isso foi feito, o cirurgião vascular dá o OK e, então, o parto começa de fato.  “Aí eu abro a paciente, tiro o bebê. Quando eu acabei de tirar o bebê ele infla os balões. O meu campo cirúrgico, que sem esse recurso, estaria ensanguentado, com 500 ml de sangue saindo por minuto, está totalmente seco. É uma cirurgia sem sangue. Aí eu tenho autonomia total para decidir se eu consigo tirar a placenta integralmente ou se eu vou partir para uma histerectomia. Se eu optar por ela, eu posso seguir com uma histerectomia sem sangue. Eu faria uma cirurgia com total segurança para agir da melhor forma possível”, continua ele. “Essa paciente, em lugares sem recursos, já teria perdido 3,4 litros de sangue, já poderia até estar com choque hemorrágico, eu sem enxergar nada. Uma situação dramática. Tudo isso evitado com esse recurso dos balões”, completa, sobre a importância da técnica.

Como a cesárea pode acabar, em alguns casos, com uma histerectomia (que é a retirada do útero), a mãe precisa, antes do parto, assinar um termo de autorização e de que está ciente das condições. “Ela é avisada que a cesárea dela será uma cesárea de alto risco, que convocaremos o cirurgião vascular para adotar os balões intra-arteriais e que existe a chance de ela perder o útero, mesmo sendo o primeiro filho. Para preservar a vida. Então, ela assina um documento, consentimento informado, diante dessa situação”, esclarece o ginecologista obstetra, que faz esse tipo de parto há 13 anos. 

Vale ressaltar que a cesárea sem sangue não é tão comum. No caso do Grupo Santa Joana, onde o Dr. Alberto trabalha, por exemplo, a incidência do uso do balão intra-arterial em partos com placenta prévia é de aproximadamente 3 casos em cada 1000 partos. É importante pontuar, ainda, que todo o processo é feito pensando não só na saúde da mãe como na do bebê. O médico ressaltou que a criança também não tem nenhum risco adicional com o uso do procedimento.


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