Família

Dia Mundial da Hanseníase: é preciso falar sobre a doença e lutar contra o preconceito

Dia Mundial da Hanseníase - Divulgação/Prefeitura São Francisco do Sul
Divulgação/Prefeitura São Francisco do Sul

Publicado em 29/01/2022, às 05h00 - Atualizado às 05h07 por Jennifer Detlinger, Editora de digital | Filha de Lucila e Paulo


Janeiro é o mês de conscientização sobre a hanseníase e hoje, dia 29, é o Dia Mundial do Hanseniano.  De acordo com a Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBD), o Brasil é o segundo no ranking mundial da doença, registrando cerca de 30 mil casos por ano.

Silenciosa e ainda cercada de preconceitos, a doença coloca o Brasil atrás apenas da Índia. No mundo, a média é de 2,9 casos por 100 mil habitantes, enquanto por aqui a taxa é de 12,2/100 mil. A hanseníase é uma doença bacteriana, causada pelo bacilo de Hansen, que infecta a pessoa por meio das vias respiratórias e afeta principalmente a pele e os nervos periféricos, atingindo outros órgãos só em casos raros.

Por centenas de anos, a doença acometeu a humanidade sem que tivesse tratamento, o que causou muita discriminação e isolamento dos pacientes. Mas hoje existem antibióticos contra a hanseníase, que pode ser tratada e até curada,  sem que o paciente precise se afastar da sua rotina. Ou seja, não existem mais motivos para que o preconceito em torno da doença ainda exista.

Informação contra o preconceito

Embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) tenha registrado uma redução dos casos da doença no mundo, saindo de mais de cinco milhões de casos para 500 mil entre 1985 e 2005, a hanseníase ainda enfrenta muitas dificuldades para ser diagnosticada. “O preconceito devido à desinformação não pode começar pelo próprio paciente. A hanseníase tem cura e, após iniciado o tratamento, não há mais transmissão”, afirma Renata Sitonio, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e dermatologista chefe da Clínica Sitonio.

Neste mês, a SBD faz uma campanha nacional de conscientização sobre a doença. O objetivo é engajar a sociedade para que a doença seja melhor entendida, com foco no cuidado e em novas terapias para a melhora da qualidade de vida dos pacientes. “Estamos no caminho certo para transformar essa realidade. Mas sabemos que ainda temos muito trabalho pela frente no enfrentamento dessa doença”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Sergio Palma.

Os primeiros sintomas da hanseníase podem levar anos para aparecer e começam pelas alterações neurológicas, como perda de sensibilidade ao calor ou dor, formigamento, perda da força muscular ou alteração nas articulações. Já na pele, podem aparecer nódulos e manchas, perda dos cabelos e sobrancelhas.

Para Renata, o estigma social acontece pela desinformação e pela disseminação de falsas ideias.  Ela explica que o paciente em tratamento pode sim conviver em sociedade e deve conhecer seus direitos. Outro ponto é que a maioria da população é resistente à infecção, ou seja, adquire o bacilo, mas aborta a infecção e não desenvolve a doença.

“A ideia de que manchas são o principal sintoma da doença também é um mito, as alterações neurológicas vem primeiro. É verdade a informação de que os familiares que convivem com o paciente também devem ser examinados. É mito a ideia de que a transmissão se dá por qualquer tipo de contato. É verdadeira a informação de que, mesmo após curado, o paciente deve seguir com acompanhamento médico por, no mínimo, 10 anos”, esclarece.

E nas crianças?

A hanseníase pode atingir homens e mulheres em qualquer idade. Apesar de ser mais rara em crianças, a doença é mais grave quando ataca pessoas com menos de 15 anos. Por isso, é preciso tomar um cuidado redobrado com essa faixa etária.

Para Renata, é importante que a hanseníase seja detectada rapidamente, já que a evolução da doença pode causar deformidades e mutilações. Além disso, quanto mais rápido o paciente iniciar o tratamento adequado, mais rapidamente a doença deixa de ser transmissível.

Segundo a especialista, o quadro do doente sem tratamento é mais preocupante, pois pode transmitir o bacilo pelas vias respiratória por meio de tosse, espirro, gotículas de saliva. A dermatologista alerta que o maior risco de contágio acontece pelo convívio domiciliar com o hanseniano sem tratamento, o que reforça a importância do diagnóstico em toda a família e nas crianças.

Janeiro Branco: a importância da saúde mental para o desenvolvimento do seu filho
Janeiro Branco: a importância da saúde mental para o desenvolvimento do seu filho (ThinkstockPhotos)

“Menos de 50% dos casos são identificados por exames de laboratório. O exames clínico feitos pelo médico dermatologista ou neurologista são mais importantes, como o de PCR (Reação em Cadeia da Polimerase – em inglês Polymerase Chain Reaction) e sorologia, além de exames como bacterioscopia e biópsia,  que coletam material da pele para serem examinados no microscópio”, explica.

Sintomas

Os sinais da hanseníase são manchas claras, róseas ou avermelhadas no corpo, geralmente com diminuição ou ausência de sensibilidade ao calor, frio ou ao tato. Também podem aparecer caroços na pele, dormências, diminuição de força e inchaços nas mãos e nos pés, formigamentos ou sensação de choque nos braços e nas pernas, entupimento nasal e problemas nos olhos.

Tratamento

“O atendimento da doença é feito por equipes multiprofissionais e o dermatologista tem um importante papel no diagnóstico e tratamento. É responsável pela avaliação clínica do paciente, com aplicação de testes de sensibilidade, avaliação e monitoramento da função dos nervos periféricos. É um médico que está apto a fazer uma biópsia ou pedir exames laboratoriais, caso evidencie alguma lesão suspeita no paciente”, explica a médica dermatologista Sandra Durães, coordenadora da Campanha Nacional de Hanseníase da SBD.

O tratamento é baseado em antibióticos e pode levar de seis meses a um ano e, mesmo que haja melhora dos sintomas, o paciente não pode interrompê-lo, pois isso pode levar a resistência bacteriana. Ainda é possível que, mesmo curado, o paciente continue sofrendo com problemas neurológicos – ocorre em pelo menos 20% dos casos.  


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