Publicado em 20/03/2021, às 07h00 - Atualizado em 24/03/2021, às 08h09 por Cinthia Jardim, filha de Luzinete e Marco
Você sabia que neste sábado, 20 de março, é o Dia Mundial da Saúde Bucal? A data é superimportante para reforçar (ainda mais!) sobre os problemas que a má higiene bucal pode causar. Seja no bebê ou na criança, vale ficar de olho e incentivar desde cedo essa rotina.
Segundo a Associação Brasileira de Odontologia, atualmente menos de 22% dos adultos possuem gengivas totalmente saudáveis. Além disso, outros 90% irão sofrer com cáries ou doenças periodontais pelo menos uma vez na vida. Mas, além disso, a má higiene bucal aumenta a possibilidade de cinco doenças físicas e mentais a longo prazo.
Até os sete anos de idade da criança, é superimportante os adultos ainda serem os responsáveis pela escovação dos filhos, pois elas ainda não possuem a destreza necessária suficiente, segunda a pediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria, Dra. Thais Bustamante, mãe de Arthur, Raquel e Felipe. Após este período, os pais podem dar mais liberdade para que a realização da tarefa seja feita com mais autonomia, mas sempre com a supervisão da família. Já aos 10 anos, elas podem realizar a escovaçãosozinhas.
Também conhecido como halitose em bebês, o Cirurgião Dentista, Dr. Fernando Tai, pai de Vitor, Ana Carolina e Gustavo, explica que isso acontece pela fermentação e decomposição dos resíduos alimentares. “No caso de recém-nascido, o resíduo do leite materno, ou leite de outra origem, ficam retidos em toda a cavidade oral do bebê e principalmente na língua por ser mais rugosa”, explica. Geralmente, a família pode notar ainda que a língua do bebê fica com uma crosta esbranquiçada e/ou amarelada por causa do resíduo do leite, causando assim a liberação de mercaptanas e enxofre metabolizada pelas bactérias da cavidade oral. “Existem casos que seriam as exceções, na qual o mau hálito pode ser causado por alguma doença”.
Sim! O cirurgião explica que isso pode acontecer porque os bebês ainda não tem a capacidade motora de realizar a higienização da gengiva e dos dentes e, principalmente, da língua que é onde mais se retém de alimentos no bebê. Thais complementa: “É importante higienizar a boca do bebê, pois o mau hálito também pode ocorrer pela interação das bactérias com o resquícios de leite na boca”.
O mau hálito em crianças pode acontecer por diversos motivos. Para te ajudar a entender melhor o assunto, Thais Bustamante citou quais são os problemas que podem estar relacionados ao mau hálito em bebês:
A pediatra comenta sobre como deve ser a higienização com o aparecimento dos dentes: “Uma boa escovação no dia a dia e visitas semestrais ao dentista após o surgimento dos primeiros dentes, ajudam a manter a boa saúde bucal e o hálito fresco”. Quando o problema surgir, é superimportante buscar o auxílio de um profissional: “A orientação correta dada pelo dentista ajuda muito e por isso é de grande importância o pré-natal no seu dentista, pois ele lhe dará todas as orientações para cuidar bem do seu bebê. Uma excelente dica é higienizar a cavidade oral e principalmente a língua do bebê com uma gazes umedecida com água fervida ou filtrada enrolada no dedo do adulto responsável pelo bebê”, explica Fernando Tai.
Apesar de ser uma preocupação que deve começar desde cedo, a higiene bucal evita o surgimento de cáries, por exemplo, além de outros problemas que comprometem a saúde. Quando os primeiros dentesaparecem, a escovação já pode começar! Colocando um pouco de pasta na escova de dente, faça movimentos suaves e circulares (sem muita pressão!), pois isso pode causar desgaste. Ah, e não se esqueça do fio dental e também da higienização da língua!
“Quando a saúde bucal está deficiente, pode interferir em várias funções do organismo e deixá-lo vulnerável a uma série de doenças, que vão muito além da cárie. Isso porque boa parte das bactérias do organismo humano estão presentes na boca. No entanto, quando negligenciamos os cuidados com a saúde bucal, essas bactérias podem se proliferar e migrar para outros órgãos, por meio da corrente sanguínea, comprometendo a saúde em geral”, explica a Dra. Maria Geovânia Ferreira, dentista, membro da Sociedade Brasileira de Odontologia Estética (SBOE) e da Sociedade Brasileira de Toxina Botulínica e Implantes Faciais na Odontologia (SBTI).
Considerado um dos problemas mais graves relacionados a má higiene bucal, a endocardite bacteriana afeta diretamente o coração e pode até mesmo ser fatal. “A infecção causada pelas bactérias bucais pode entrar no sistema sanguíneo por um simples sangramento na boca e atingir válvulas ou tecidos, causando danos ao revestimento interno do coração, sendo um agravante para doenças cardíacas”, comenta a especialista.
Considerando um processo parecido com o da endocardite, algumas bactérias também podem ter a boca como porta de entrada e afetar órgãos como, por exemplo, pulmões e articulações. O mais preocupante é que essas bactérias não são naturalmente encontradas nessas regiões. Dessa forma, elas não encontram resistência natural e, por isso, o tratamento pode ser mais complexo”.
A partir de uma pesquisa realizada pela Universidade de Nova York, há indícios da bactéria bucal, actinomyces, causar contrações uterinas e até mesmo a dilatação do colo do útero, resultando assim na antecipação do trabalho de parto. O estudo apontou ainda que por ser bastante preocupante, essa bactéria pode antecipar em dois dias o parto e ainda reduzir o peso do bebê em 60 gramas.
Durante a gravidez, é superimportante passar também por um pré-natal odontológico, pois a elevação das taxas hormonais podem deixar também as gengivas mais sensíveis e suscetíveis a inflamações. O risco de doenças periodontais aumentam ainda com as náuseas e enjoos constantes, porque podem dificultar a higienização correta.
A partir da diabetes, há um risco maior para o surgimento de doenças periodentais e inflamações na gengiva como, por exemplo, feridas, boca seca e até mesmo a perda óssea ao redor dos dentes. “Ao mesmo tempo, as doenças periodontais podem agravar o diabetes, criando um ciclo muito perigoso para a saúde geral desses pacientes. Por isso, pessoas que têm diabetes devem ter um cuidado ainda maior com a higiene bucal e manter os índices de glicemia controlados”, reforça.
Pensando na saúde bucal, o bruxismo é um dos exemplos mais comuns. Com o apertamento ou ranger dos dentes, as consequências podem causar lesões orofaciais, desgastes dentários, distúrbios da Articulação Temporomandibular (ATM) e dor muscular.
A especialista explica que a principal causa do bruxismosão os problemas psicológicos, dando destaque para a ansiedade. “Quando a ATM sofre algum tipo de alteração, é classificada como Disfunção da Articulação Temporomandibular (DTM). Os principais sintomas são mandíbula estalando, dores de cabeça frequentes e até mesmo problemas na coluna e dificuldade para abrir e fechar a boca. Pessoas com quadros de ansiedade crônica e depressão são aquelas que mais sofrem com a DTM”.
No caso do estresse, Maria Geovânia reforça que o problema estimula o excesso de toxinas no organismo, que podem afetar os rins, intestino e outros órgãos, além da cavidade bucal. “Estresse também significa que nosso organismo está liberando mais hormônio cortisol, essencial para manter nosso corpo em atividade e, por isso, é liberado em maior quantidade pela manhã. Porém, em excesso, o cortisol pode causar desequilíbrios no organismo”.
Desde cedo, é muito importante ficar atento aos sinais que o corpo dá e procurar um especialista quando necessário. “Caso você tenha dores na região da face e na cavidade bucal, procure seu dentista imediatamente. Se os problemas tiverem relação com a saúde mental ou física, um tratamento multidisciplinar deverá ser indicado”, conclui.
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