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Diálogo é tudo: é preciso preparar os filhos para a retomada da rotina

Os pais devem conversar bastante com os filhos sobre como será essa retomada da rotina - Shutterstock
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Publicado em 21/08/2021, às 05h13 por Redação Pais&Filhos


“Em 2020, quando meu filho estava prestes a completar 6 anos, começou a se tornar uma criança chorona e frustrada a todo momento, o que achei no início ser apenas uma fase. Foi só quando ele começou a ir às aulas presenciais, em setembro do ano passado, que voltou a ser a criança alegre e brincalhona de antes. Foi aí que me toquei: a pandemia havia mexido com ele de maneira que nenhum de nós tínhamos entendido na época“, escreveu Meghan Braden-Perry, à revista Parents. Mas quando as aulas precisaram voltar a ser online, devido à piora da pandemia, o filho voltou a ter as mesmas emoções voláteis, confirmando as suspeitas que tinha.

Os pais devem conversar bastante com os filhos sobre como será essa retomada da rotina (Foto: Shutterstock)

Muitas famílias relataram experiências parecidas. O retorno à ‘vida normal’, no entanto, não irá funcionar como uma ‘cura’ para todas as famílias. Allison Wicks, de Louisiana, EUA, contou que o filho está sendo “extremamente pegajoso e sensível” desde março de 2020: “Eu pensei que voltar para a escola ajudaria, mas tudo que o fez foi torná-lo viciado em lavar as mãos e limpar os ambientes. Ele morre de medo dos germes e ficar doente”.

Vários estudos que procuraram investigar o impacto da pandemia na saúde mental das crianças e adolescentes mostraram mudanças significativas no comportamento e humor dessa faixa etária em todo o mundo, com relatos de ansiedade e explosões de raiva. Desde que a pandemia começou, os adultos têm se esforçado em tempo real para tentar descobrir como se adaptar à nova realidade. Enquanto isso, as crianças e adolescentes têm simplesmente confiado nos adultos. Agora que as coisas estão começando a se normalizar, seu filho precisa de você, mais do que nunca, para que o guie de volta à normalidade. Felizmente, pediatras e psicólogos infantis concordam que as crianças podem passar por essa transição de forma mais tranquila se preparadas de antemão.

De volta nos trilhos

Para diminuir a sensação de confusão e perda das crianças que passaram por um longo período de isolamento, você vai precisar dar à rotina uma aparência de ‘vida normal’. Em alguns casos, voltar para as aulas e demais atividades presenciais vai melhorar a vida das crianças, já que muitas famílias dependem da escola e atividades extras que cessaram nesse período, para que haja uma socialização. Mas qualquer criança que tenha ficado isolada dos colegas e de novas experiências por tanto tempo sentirá esse efeito emocional, explica Becky Kennedy, Ph.D, psicóloga clínica e conselheira de pais.

“Parte da tarefa de desenvolvimento da infância é explorar e aprender e, com a pandemia, tivemos que dizer às crianças que não é seguro sair e se sentir livre no mundo. Elas tiveram que ficar inibidas e restritas”, completa. Agora iremos fazer um discurso oposto. “Temos que virar a chave, enviando uma mensagem muito diferente. Agora precisamos ensiná-las como se manter seguras e fazê-las entender que estar do lado de fora, explorando o mundo, pode ser uma coisa boa. Temos que ajudá-las a entender essa grande mudança, tolerar alguma resistência e ajudá-las a aprender a enfrentar os desafios que podem surgir”, acrescenta.

Para que isso funcione, uma boa dica é olhar para o passado junto com seu filho e reconhecer a realidade. “Você pode dizer: ‘Eu sei que tem sido estranho e assustador ficar em casa por tanto tempo e ir para escola de uma maneira diferente de antes’”, diz a conselheira de pais Eileen Kennedy Moore, Ph.D., psicóloga clínica em Princeton, New Jersey e autora de um livro sobre confiança infantil. “Complete com: ‘Eu sei que disse a você todos os tipos de coisas que temos que fazer para ficarmos seguros durante este tempo. Mas com o tempo vamos poder começar a voltar ao mundo sem nos preocupar tanto”, completa. Usar uma linguagem explícita é a chave para que essa comunicação funcione.

Ensine-os a enfrentar

Uma maneira de ajudar as crianças a gerenciar os sentimentos durante esta transição é ensiná-las estratégias para lidar com o desconforto. Você sabe o que é melhor para seu filho e precisa ficar calmo e ser compreensivo para ajudá-lo. “Para crianças que têm tendências em relação à ansiedade de separação, vai ser difícil não ter a mãe ou o pai por perto sempre. Para crianças com ansiedade social, vai ser difícil estar perto de todos e experimentar tantos estímulos de novo. Algumas crianças se deram melhor com o ensino online porque têm sido capazes de trabalhar em um ritmo mais lento ou se sentem mais confortáveis em casa. Então acostumar a sair novamente e conviver com todas as distrações presentes em uma sala de aula será um ajuste complicado”, diz a Dra. Kennedy-Moore. Ensinar um mantra ao seu filho pode ajudá-lo a lidar com as maiores preocupações, como “está tudo bem ficar chateado, com o tempo isso vai ficar mais fácil”. Vale ressaltar que um mantra não é um encantamento mágico, mas sim “algo familiar que a criança possa confiar para ficar mais calma e se sentir no controle da situação”, explica Kennedy.

É importante estabelecer uma rotina e guiar seu filho sobre quais serão os próximos passos (Foto: Shutterstock)

Na hora de preparar seu filho para algum evento pós-pandemia, a Dra. Kennedy aconselha que você percorra cada etapa dele, para ajudá-lo a compreender tudo. Fale sobre qual será a primeira aula, onde ele pode ficar no recreio, com quem conversar. É importante falar sobre como ele pode se sentir em cada situação dessas. Coloque cenários hipotéticos e deixe que seu filho conduza a conversa com as respostas. O objetivo aqui não é resolver esses problemas ou tranquilizar seu filho, dizendo que tudo vai ficar bem, mas sim ajudá-lo a começar a visualizar como será a vida.

Outra coisa para praticar é como cumprimentar outra pessoa – algo que pode ser que seu filho não veja você fazendo há um bom tempo. “Crie uma rotina para falar oi ou tchau e pratique algumas vezes antes do retorno”, diz a Dr. Kennedy. “Especialmente para os menores, pode ser divertido brincar de escola. É uma maneira de as crianças explorarem ideias e descobrirem o mundo”, aponta Kennedy-Moore. Ela sugere responder às preocupações das crianças com perguntas para ajudá-las a combater a ideia de que estão indefesas frente às preocupações.

Espelho, espelho meu

“As crianças nos procuram para ver como responder às coisas. Isso é chamado de referência social”, explica Kennedy Moore. Justamente por isso, é importante que você aborde os temas sem ansiedade. “Assim como você, seu filho vai começar a viver com outras pessoas de forma mais regular. Certifique-se de mostrar a ele com sua linguagem corporal e facial, tom e comportamento que o que você está fazendo é seguro e não tem por que ele se preocupar”, conta a conselheira de pais Silvia Pereira-Smith, M.D., pediatra de desenvolvimento comportamental em Charleston, Carolina do Sul. “Mesmo muito jovens as crianças podem captar as vibrações dos cuidadores, e percebem as coisas como estresse, ansiedade e depressão”, ressalta.

Lembre-se: para algumas crianças, a volta à normalidade pode ser uma transição fácil. “Não presuma que seu filho vai ficar preocupado com isso. Ele poderia ficar apenas animado ou feliz, ou até não pensar muito sobre. Nesses casos, você definitivamente não vai querer sobrecarregá-lo com suas preocupações sobre as preocupações dele”, ressalta Kennedy-Moore. Para evitar isso, é importante perguntar de forma aberta sobre as situações cotidianas e deixá-lo guiar a conversa. “Se ele tem preocupações, é claro que você deve ajudá-lo a trabalhar com o que o aflige, mas se certifique de não apresentar a ele preocupações que nunca teve”, orienta ela.

Como pai ou mãe, cuidar de si mesmo pode ser uma das tarefas mais difíceis. Mas a verdade é que seu filho está olhando para você para ver como se sentir sobre a próxima fase da vida que se aproxima. “Por isso, mais do que nunca, é importante priorizar a sua saúde mental” diz a Dra. Pereira-Smith. “Comece certificando-se de dormir o suficiente, porque tudo parece mais difícil quando você está exausto. Fazer atividades físicas e ter contato com pessoas que você gosta também é extremamente importante. Além disso, se permita fazer algo que você goste todos os dias, mesmo que seja algo pequeno, como usar um bom shampoo. Pense sobre o que te reabastece e se certifique de fazer isso”, finaliza Kennedy-Moore.


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