Família

Donas dos lares: a realidade das mães que chefiam as famílias no Brasil

Ana Fontes é fundadora da Rede Mulher Empreendedora - Reprodução/Instagram
Reprodução/Instagram

Publicado em 23/04/2022, às 14h54 - Atualizado em 26/04/2022, às 12h53 por Jennifer Detlinger, Editora de digital | Filha de Lucila e Paulo


As famílias no Brasil são cada vez mais chefiadas por mulheres. Solteiras, casadas, divorciadas ou viúvas, elas demonstram a força da presença feminina e da ausência paterna na educação dos filhos. Prova disso é que, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) as brasileiras empregadas dedicam mais tempo aos cuidados de casa do que os homens desempregados.

Também existe uma (grande) parcela de crianças que não têm o nome do pai nos registros de nascimento: 5,5 milhões. E mais de 80% dos filhos têm como primeiro responsável uma mulher. À primeira vista, são dados desanimadores, mas que também mostram a verdadeira força das mulheres que vêm ocupando seus lugares de protagonismo nos lares e se tornando empoderadas financeiramente.

Quando uma mulher ganha independência financeira, ela começa a bancar suas próprias escolhas e ganha poder de decisão. “Se ela tem seu próprio dinheiro, não vai precisar ficar em uma relação abusiva com um homem por dependência econômica, por exemplo”, explica Ana Fontes, empresária e fundadora da Rede Mulher Empreendedora, mãe de Daniela e Evelyn.

Ana Fontes é fundadora da Rede Mulher Empreendedora (Foto: Reprodução/Instagram)

Donas do próprio dinheiro

Por reflexo de uma cultura em que o homem sempre foi enxergado como provedor da família, as mulheres não foram ensinadas a lidar com dinheiro. “Isso precisa mudar. E já está mudando. Hoje, quase não existem mais famílias que consigam se manter com a renda de uma só pessoa. Prova disso é que 38% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres”, defende Carol Sandler, mãe de Beatriz, jornalista e fundadora do Finanças Femininas.

O número de famílias chefiadas por mulheres mais que dobrou em quinze anos. Segundo um estudo feito pelos demógrafos Suzana Cavenaghi e José Eustáquio Diniz Alves, coordenado pela Escola Nacional de Seguros, a porcentagem de mulheres que tomam as principais decisões saltou de 14,1 milhões, em 2001, para 28,9 milhões, em 2015.

Carol Sandler é jornalista e fundadora do Finanças Femininas (Foto: Divulgação)

Antes, o índice de lares comandados por mulheres crescia graças ao aumento de famílias de uma pessoa só, com ou sem filhos. Em meio a uma sociedade ainda patriarcal, esse cenário era ligado às mulheres com filhos que foram abandonadas pelos maridos. Mas novas pesquisas mostram um aumento gigante do comando feminino em lares onde também há um cônjuge. O número de mulheres à frente das decisões passou de 1 milhão, em 2001, para 6,8 milhões, em 2015: uma alta de 551%.

Maternidade e carreira

Segundo a FGV, 48% das mães ficam desempregadas no primeiro ano após o parto. Muitas são verdadeiramente expelidas do mercado de trabalho logo após a chegada dos filhos. O levantamento foi feito com 247.455 mulheres entre 2009 e 2012 e mostrou também que, quanto menor a escolaridade da mulher, maior o desemprego após a maternidade. Além disso, a maior parte das mães foram demitidas sem justa causa. Na maioria dos casos, falta acolhimento, sensibilidade e respeito com as mães que retornam ao trabalho com um novo bebê e uma nova vida.

“Depois que se torna mãe, a mulher costuma não se sentir mais acolhida no ambiente de trabalho. Os chefes e colegas não sabem lidar com esse novo momento da mulher, que fica ainda mais insegura e com uma sensação de não pertencimento. São muitos os casos em que a mulher volta ao trabalho e não encontra mais nem a sua mesa ou é julgada das piores formas”, explica Ana Fontes.

Por isso, é essencial que as empresas tenham políticas e iniciativas para acolher e integrar as profissionais que se tornam mães, em vez de expelir. É o caso de Érika Mello, gerente de marketing da Youse, plataforma de venda de seguros online, que foi promovida durante o período de sua licença-maternidade.

Érika Mello foi promovida logo depois que se tornou mãe de Gael (Foto: Acervo pessoal)

“Foi uma grata surpresa receber o convite em um momento que normalmente há uma insegurança feminina a respeito do trabalho. Na maioria das vezes, o normal seria nos sentirmos enfraquecidas profissionalmente, e, no meu caso, não foi assim. Tive ainda mais vontade de voltar ao trabalho após a licença e com a certeza de que a minha escolha de ser mãe foi tida no momento e no lugar certo”, comemora Érika.

Para Érika, se tornar empoderada financeiramente depende muito do contexto cultural e familiar que a mulher vive. “No meu caso, este empoderamento agrega a minha relação familiar e minha própria autoestima. Tenho o apoio e suporte do meu marido para viver esta realidade. E quando se vive neste contexto, o que muda é que nos tornamos mulheres melhores, mais seguras e decididas, além de autônomas de suas próprias conquistas”, explica.

Érika Mello foi promovida logo depois que se tornou mãe de Gael (Foto: Acervo pessoal)

Ela também reforça a importância de ter mais mulheres e mães ocupando cargos de lideranças no país. “Grandes mudanças nas organizações precisam partir do topo, para que o discurso de equidade de gênero, salários igualitários e a presença de outras mulheres em cargos de liderança se tornem mais reais no mercado de trabalho. Sem falar que essas mulheres podem ser inspiração para outras crescerem e não abrirem mão de conciliarem o sonho da maternidade com o da ascensão profissional”, finaliza.


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